SINOPSE – “Furiosa: Uma saga Mad Max” permanece entre o brilho e a sombra da Estrada da Fúria

SINOPSE é a nova coluna do Jornal Primeira Página assinada por Carolinne Macedo. Tudo sobre os principais lançamentos cinematográficos do mês e um mergulho na sétima arte!

Fui ao cinema assistir o tão aguardado “Furiosa: Uma Saga Mad Max”, cercada de expectativas. Contudo, ao sentar na poltrona do cinema, não pude deixar de sentir uma pontada de decepção. George Miller, o gênio por trás do universo Mad Max, retorna à cadeira de diretor e roteirista, mas desta vez entrega um espetáculo que não consegue atingir o brilho estonteante de seu predecessor, “Mad Max: Estrada da Fúria”. Logo de cara, a primeira diferença gritante é o espetáculo visual. Enquanto “Estrada da Fúria” nos presenteou com um show pirotécnico de ação e efeitos práticos, “Furiosa” parece se contentar com menos. A fotografia, que antes transformava o deserto australiano em um personagem vivo, aqui falha em capturar a mesma grandiosidade e intensidade visual.

O visual decepciona, e a escolha do elenco não fica atrás. Anya Taylor-Joy, apesar de seu talento inegável, não consegue dar vida à personagem com a mesma maestria de Charlize Theron. A personagem Furiosa, antes uma guerreira implacável e determinada, é agora retratada de maneira frágil e emotiva, um desvio drástico de sua essência. Taylor-Joy é excelente, mas o roteiro falha em dar a ela material robusto para trabalhar, resultando em uma Furiosa que parece mais uma sombra de seu passado. Chris Hemsworth, interpretando o vilão Dementus, é outro elemento desanimador do filme. Sua performance é caricata e rasa, sem a profundidade necessária para criar um antagonista memorável. Enquanto Immortan Joe, exala perigo e autoridade, Dementus mais parece um vilão de desenho animado, incapaz de incutir medo ou respeito.

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A narrativa, que se propõe a explorar a origem de Furiosa, falha em capturar a mesma urgência e intensidade emocional de seu antecessor. Os primeiros atos do filme, que focam na infância de Furiosa, interpretada por Alyla Browne, se arrastam e pouco contribuem para a construção de uma heroína convincente. Quando finalmente chegamos à Furiosa adulta, a transição parece forçada e desconexa, com a personagem mais observando os eventos do que realmente os influenciando. Embora “Furiosa” tenha seus momentos de adrenalina e ação, especialmente em sua segunda metade, eles nunca atingem o clímax de “Estrada da Fúria”. As perseguições de alta velocidade e embates bélicos, marca registrada de George Miller, aqui são ofuscados pelo excesso de CGI, que tira o peso e a veracidade das cenas. A ação é boa, mas não chega a ser memorável ou impactante, como vimos no filme anterior.

No fim das contas, “Furiosa: Uma Saga Mad Max” se apresenta como um blockbuster que entretém (por ser superior aos filmes do gênero), mas não empolga. Falta a profundidade e o esmero técnico que fizeram de “Estrada da Fúria” um marco no cinema de ação. A história, embora interessante em conceito, é mal executada e o elenco, apesar de talentoso, não consegue compensar as falhas do roteiro. George Miller tenta, mas não consegue recriar a magia de sua obra-prima de 2015, entregando um filme que, apesar de suas boas intenções, fica aquém do esperado. Furiosa pode ter gasolina no tanque, mas falta a faísca para incendiar as telas como seu antecessor.

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