SINOPSE – A odisseia de vingança e reflexão social que marcam a estreia de Dev Patel na direção de “Furia Primitiva”

SINOPSE é a nova coluna do Jornal Primeira Página assinada por Carolinne Macedo. Tudo sobre os principais lançamentos cinematográficos do mês e um mergulho na sétima arte!

Frequentemente, quando um diretor faz sua estreia, o filme resultante é mais referencial, até derivativo, do que poderia ser. Mas não é o que acontece em “Fúria Primitiva” que, após quase uma década de desenvolvimento, se destaca em meio a outras histórias de vingança de Hollywood. O filme marca a estreia de Dev Patel como diretor e, mesmo abordando o tema da vingança, a produção consegue inovar nas cenas de luta e não se prende aos clichês do gênero. Nada sutil, a obra se revela como um projeto de paixão pelo cinema de ação. Dev Patel, que protagoniza, dirige, coescreve e produz o longa, dá tudo de si, chegando a quebrar ossos para concretizar sua visão nas telonas, demonstrando uma dedicação que permeia todo o filme.

A trama se desenrola na fictícia cidade de Yatana, onde um homem sem nome, conhecido apenas como “Kid”, busca vingança contra líderes corruptos que assassinaram sua mãe e oprimem sistematicamente os pobres. A narrativa, embora simples, é enriquecida pela ambientação única e pela dualidade entre a miséria do povo e a opulência dos governantes. O protagonista, sobrevive em Mumbai participando de lutas clandestinas e usando uma máscara de macaco, o que lhe confere o apelido de Homem Macaco. A missão de se infiltrar no luxuoso hotel Kings para vingar a morte de sua mãe se revela uma jornada cheia de reviravoltas, com uma performance marcante de Patel que mistura fragilidade e brutalidade. Esse equilíbrio é fundamental para criar um herói com o qual o público pode se identificar e torcer.

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A direção é eficaz ao trazer um novo olhar ao gênero de ação. Ele incorpora elementos da cultura e da política indiana, diferenciando “Fúria Primitiva” de produções similares. A influência da mitologia hindu, particularmente a lenda de Hanuman, dá profundidade ao personagem principal, que transforma sua dor em uma campanha de vingança. A inclusão de críticas sociais, como a corrupção e a divisão de classes, enriquece a narrativa, embora em alguns momentos possa parecer superficial. O filme é visualmente impressionante, com cenas de ação eletrizantes e bem coreografadas. A câmera captura a intensidade dos combates, refletindo o estado emocional do protagonista. A trilha sonora complementa a ação, adicionando uma camada de tensão e emoção. A obra também se destaca pela forma como utiliza locações indianas para criar uma atmosfera autêntica e envolvente.

Apesar de algumas oscilações no ritmo narrativo, essa é uma estreia sólida e promissora para Dev Patel como diretor. O filme vai além da simples busca por vingança, explorando questões sociais e políticas que ressoam com o público. A jornada de Kid é emocionante e envolvente, e a habilidade de Patel em equilibrar ação e profundidade emocional é louvável. O filme é uma adição valiosa ao gênero de ação, trazendo uma nova perspectiva e uma narrativa rica em nuances. É uma obra que mistura pancadaria intensa com uma reflexão sobre justiça social, folclore e a realidade da Índia. Dev Patel demonstra não apenas ser um ator talentoso, mas também um diretor promissor, capaz de contar histórias que emocionam e entretêm. “Fúria Primitiva” é uma experiência cinematográfica que vale a pena ser vivida.

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