Tragédia nas estradas: o que tem causado tantas mortes em acidentes de trânsito?

9 de junho de 2023 – A viagem divertida de três amigas de Gurupi terminou em tragédia. A jornalista Leilane Macedo, a escritora Luana Carvalho e a fisioterapeuta Hosana Santos Andrade estavam em um carro, na BR-153, em São Luiz do Norte em Goiás, quando se envolveram em um acidente.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF) a motorista ao tentar fazer uma ultrapassagem bateu em um carro, invadiu a pista contrária e foi atingida por um caminhão. A motorista e a passageira que estava no banco da frente (Hosana e Luana) morreram na hora. Leilane que estava no banco de trás chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos.

As três saíram de Gurupi com destino a Abadia de Goiás. Elas eram apaixonadas por motocicletas e iriam participar de um evento de um motoclube. Toda a cidade de Gurupi ficou em luto, a comoção tomou conta do gurupiense. O município chegou a decretar luto oficial em homenagem às vítimas desse acidente.

9 de julho de 2023 – Uma família inteira, pai, mãe, filhos e avó decidem sair de Gurupi rumo as férias no nordeste. A viagem que teria como destino final a cidade de Recife em Pernambuco, terminou com um acidente na BR-242, na região de Barreiras, Bahia.

O carro em que a família tocantinense estava bateu em um outro automóvel. A batida foi tão forte que um dos veículos ficou completamente destruído e outro teve a parte frontal destroçada.

Morreram nessa tragédia o casal Wisley Silva Sousa e Alexsandra Gomes Pereira e os filhos Rodrigo Pereira Silva e Rafael Pereira da Silva e a avó de Wisley. Um dos filhos chegou a ser levado para o hospital com vida, mas, morreu devido à gravidade dos ferimentos. Já o motorista do outro carro teve ferimentos leves.

23 de julho de 2023 – Sete pessoas morreram após a batida entre dois carros na T0-080 entre Monte Santo e Divinópolis. Seis pessoas morreram no local, outras duas foram levadas para o hospital, mas uma não resistiu aos ferimentos e morreu.

As vítimas eram moradoras de Paraíso do Tocantins e Dois Irmãos. Hélio Flávio de Araújo Júnior, 35 anos (motorista), Jonatas Nunes Santana, 35 anos, Loranja Ribeiro da Costa, 35 anos e Eliene Ribeiro da Costa, 36 anos moravam em Paraíso do Tocantins e estavam voltando de um acampamento da igreja que congregavam.

Renato Parrião, 28 anos (motorista), Mirelle Nogueira de Sousa, 21 anos (que morreu no hospital) e Vitória Bonfim Alves, 14 anos eram naturais de dois irmãos. A prefeitura decretou luto oficial por causa da morte dos três.

Sinal vermelho: números de acidentes de trânsito são alarmantes

De 01 de janeiro a 27 de julho de 2023, o Estado do Tocantins já registrou 2.243 notificações. Os dados são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Destes números, 1.671 acidentes aconteceram com homens e 572 com mulheres. O perfil do acidentado mostra que a maior parte dos acidentes acontece com os mais jovens. Foram 596 acidentes envolvendo pessoas de 20 a 29 anos, 447 notificações com pessoas entre 30 a 39 anos e 396 acidentes com pessoas entre 40 a 49 anos.

O SINAN também tem um levantamento dos acidentes mais graves e com mortes. Só nos sete primeiros meses de 2023, o Tocantins registrou 250 óbitos, sendo 196 homens e 54 mulheres. Quem mais morre no trânsito hoje são motociclistas, do total, foram 121 mortes, o que equivale a 48% dos óbitos.

A dona de casa Marlene da Silva perdeu o filho em um acidente de moto.

Meu filho tinha 19 anos, começou a trabalhar e comprou a moto. Lembro até hoje do dia em que me acordaram no meio da noite contando que houve um acidente. Meu coração se desesperou quando vi meu filho morto, meu mundo desabou. Até hoje eu não consegui me recuperar”, conta.

Sinal Amarelo: atenção motorista!

Diante desse cenário, o perito criminal, com atuação no Trânsito, Francisco Soares, afirma que muitos fatores tem causado essa violência nas estradas. Um deles é a velocidade.

Os veículos trafegam em maiores velocidades nas rodovias. Essa velocidade mais elevada, consequentemente, quando acontece um acidente, resulta na gravidade desse acidente. Nas rodovias, o condutor ou motorista deve se atentar de forma redobrada ao trânsito. Em um acidente dentro de uma cidade, dentro de uma via em que nós temos uma circulação mais baixa, a 40 km/h, o acidente tende a não ser tão grave em virtude da velocidade máxima permitida. Porém, nas rodovias, em geral, têm velocidades permitidas, de 80 até 110 km/h e os acidentes tendem a ser mais graves”, aponta.

O perito aponta ainda que o excesso de velocidade e a imprudência também tem contribuído para mais acidentes.

Além de na rodovia já existir uma velocidade máxima permitida mais elevada, os veículos tendem a ultrapassar muito essa velocidade máxima. Isso pode causar acidente mais graves, principalmente por causa da imprudência e negligência de alguns motoristas”, analisa.

Para a perícia, a causa determinante de um acidente vai se basear em três fatores: o primeiro é o ambiental que envolve as condições da via, condições climáticas e situações excepcionais; a mecânica do veículo que são as condições do carro, da moto, já que esses veículos podem ter algum defeito que possa contribuir para um acidente; por último existe o fator humano.

“O fator humano é a causa maciça e predominante de acidentes de transito. Quando nós chegamos no local de um acidente, raramente, não é o fator humano. Estamos falando de imprudência, onde o próprio motorista se coloca em posição de não observar a legislação de trânsito e provocar um acidente”, afirma.

Sinal verde: PRF aponta redução nos acidentes nas estradas federais em julho

Com mais fiscalização durante a temporada de praias, o balanço da PRF mostrou que houve uma redução no número de acidentes. Foi realizada a Operação Balneário com foco no combate de ações criminosas e condutas imprudentes que podem causar infrações e acidentes de trânsito, como por exemplo: falta de atenção, dirigir sob o efeito de álcool e excesso de velocidade.

Como resultado, em comparação ao mês de julho de 2022, foi registrada uma diminuição de 15% no número de acidentes no geral, sendo constatada uma redução de 59% nos acidentes graves e redução de 69% em relação às pessoas mortas vítimas da violência no trânsito.

Foram lavrados 3.676 autos de infração com destaque para alcoolemia, ultrapassagens perigosas e o não uso do cinto de segurança.

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