Povo Xerente celebra festa tradicional com nomeação de 34 crianças em Tocantínia

Cerca de 34 crianças da aldeia Funil, do povo Xerente, em Tocantínia, participaram na manhã desta terça-feira (29) da tradicional cerimônia de nomeação, que marcou o encerramento da Dasĩpê — celebração cultural que ocorre a cada três anos na comunidade. A festividade durou dez dias e reuniu aproximadamente 500 pessoas da etnia Akwẽ, com rituais, cantos e adereços típicos.

A nomeação — também chamada de batismo — é o momento em que os nomes definitivos são atribuídos às crianças, com base no clã de origem e conforme decisão dos anciãos. Nesta edição, foram nomeadas 20 meninas e 14 meninos, incluindo bebês e adolescentes. Segundo o cacique Elso Xerente, do clã Wahirê, esse processo garante a preservação da cultura e da identidade do povo Akwẽ. “Precisamos fazer valer o nome original que a gente coloca nas crianças”, destacou o líder.

Conflitos com registros civis

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O cacique explicou que as exigências do registro civil têm gerado distorções nos nomes indígenas. Como os registros são feitos logo após o nascimento, muitas vezes o nome tradicional, escolhido apenas durante a Dasĩpê, não é contemplado no documento. “Estamos felizes porque hoje todos os nomes estão certinhos”, disse, enfatizando que o intervalo ideal entre as edições da festa deve ser de, no máximo, três anos, devido ao número elevado de nascimentos — cerca de 160 crianças de até dez anos vivem atualmente na aldeia.

Apoio institucional

O evento contou com a presença do secretário dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot), Paulo Xerente, e de uma comitiva da pasta. O secretário, que também pertence à etnia Akwẽ, reforçou a importância de apoiar manifestações que preservem a cultura indígena. “A corrida da tora e a cerimônia do batismo das crianças são pontos cruciais da identidade cultural que devem ser perpetuados pelo povo”, afirmou.

A Sepot apoiou a realização da cerimônia, considerada essencial para a valorização e continuidade das práticas culturais do povo Xerente. Para os líderes locais, o reconhecimento e fortalecimento dessas tradições contribuem para a autonomia e afirmação da identidade indígena no Tocantins.

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