Mesmo após lei, teste do pezinho ampliado não é uma realidade para famílias mais pobres

A Marília acabou ter o primeiro filho, o bebê Joaquim nasceu saudável e como saúde sempre vem em primeiro lugar na família, os pais do Joaquim decidiram fazer o teste do pezinho em um laboratório da rede particular.

“Quando a gente se transforma em mãe o que mais prevalece é o sentido de cuidar. Eu sei que o teste oferecido no SUS não cobre muitas doenças. Na rede particular eu consigo identificar até 50 doenças. É caro? É! Mas a vida do meu filho não tem preço”, afirma.

Não seria necessário a família do Joaquim pagar por esse teste, se uma lei federal de maio de 2021 e que deveria estar em vigor desde maio de 2022 realmente funcionasse. A legislação sancionada previa a ampliação do teste do pezinho oferecido na rede pública. O exame que só identifica seis doenças passaria a identificar 50, no mesmo formato do que é oferecido na rede particular.

A lei deu um prazo de um ano para que o poder público se adequasse. O que foi feito na prática é que o Ministério da Saúde elencou cinco etapas para ampliação. A primeira incluía o diagnóstico para toxoplasmose congênita. Dessa forma sete doenças podem ser identificados pelo teste oferecido na rede pública.

Dois anos se passaram e ainda falta concluir a segunda etapa, que vai acrescentar os testes para galactosemias; aminoacidopatias; distúrbios do ciclo da uréia; e distúrbios da beta oxidação dos ácidos graxos (deficiência para transformar certos tipos de gorduras em energia).A terceira etapa, identificando as doenças lisossômicas (que afetam o funcionamento celular). A quarta etapa que vai diagnosticar as imunodeficiências primárias (problemas genéticos no sistema imunológico). E a última onde será incluído teste para a atrofia muscular espinhal (degeneração e perda de neurônios da medula da espinha e do tronco cerebral, resultando em fraqueza muscular progressiva e atrofia).

Nós questionamos o Ministério da Saúde (MS) sobre essa demora, em nota foi informado que em maio, a pasta aprovou um novo procedimento a ser feito pelo exame  teste do pezinho. Com isso, em alguns meses, o Sistema Único de Saúde (SUS) terá um novo procedimento para identificação da Homocistinúria Clássica (HCU), doença que pode levar ao comprometimento dos sistemas ocular, esquelético e vascular e causar atraso ou deficiência intelectual.

Segundo o MS o prazo estimado é de, pelo menos, seis meses para construir um protocolo clínico e as diretrizes terapêuticas e incluir na tabela SUS, como é o caso do procedimento para identificação da Homocistinúria Clássica (HCU). O governo federal informou que desde a sanção da Lei 14.154/2021, vem trabalhando as principais questões do aperfeiçoamento do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN) para ampliar a qualidade de vida da população com base na detecção precoce de doenças.

Leia também

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. AceitarLeia mais