Canguçu: encontro de biomas e espaço onde estudantes de Jornalismo da UFT vivenciam imersão na natureza

Por Flávio Herculano

Estado reconhecido por suas riquezas naturais, o Tocantins possui um centro de pesquisa com biodiversidade única, o Canguçu, onde acontece a rara transição dos biomas Cerrado, Amazônia e Pantanal.

Foi neste cenário que estudantes da disciplina de Jornalismo Ambiental, do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Tocantins (UFT), tiveram a oportunidade de experimentar uma imersão durante dois dias, em 6 e 7 de abril, em termos de práticas, observação e troca de experiências.

As atividades incluíram uma navegação pelo rio Javaés, margeando a Ilha do Bananal (maior ilha fluvial do mundo). O rio com seu leito totalmente cheio, numa tarde de sol em que o espelho d’água refletia um intenso céu azul e em que peixes, botos e aves (entre elas, o tucano e o jacu-cigano) deram uma mostra da diversidade da fauna local. A prática ganha um significado diferente no silêncio, depois que o motor do barco é desligado.

Outro momento da programação foram as trilhas na mata, para observação da flora, da fauna e das pegadas de diferentes animais.

A experiência dos alunos aconteceu no Centro de Pesquisas Canguçu, que é mantido por parceria entre o Instituto Ecológica e a UFT, no município de Pium. Uma estrutura inserida no meio da mata, ao lado do rio Javaés, onde pesquisadores de diferentes áreas realizam trabalhos de campo.

Mudança de perspectiva
A atividade foi conduzida por Wherbert Araújo, jornalista, professor da disciplina de Jornalismo Ambiental e doutorando em Ciências do Ambiente pela UFT. O objetivo, segundo ele explicou, foi a promoção de debates sobre aspectos ambientais, sociais e econômicos, partindo da experiência individual dos participantes em um ambiente natural. “É preciso olharmos o ambiente com pertencimento, com amor, com a certeza de que nós fazemos parte desse globo, dessa presença pulsante que é a Terra”, completou.

O biólogo Janair Silva contribuiu com a mediação das atividades. Sob o seu ponto de vista, é necessário que haja uma mudança de perspectiva, que conduza as pessoas ao entendimento de que o meio ambiente é para todos. “A partir do momento em que as pessoas compreenderem que o meio ambiente não é só para as populações humanas, então haverá respeito aos recursos naturais”.

O filósofo e professor Paulo Sérgio Gomes Soares, do corpo docente do programa de mestrado profissional em Prestação Jurisdicional e Direitos Humanos, também participou da atividade. Ele avalia que, além do conhecimento acadêmico, a prática no Cantão proporcionou um aprendizado também em termos pessoais aos participantes. “Estar aqui é um aprendizado. É um encontro com a natureza e consigo próprio”, disse.

Desmatamento ilegal no caminho

No caminho para o Cantão, poucos quilômetros antes do parque estadual, os estudantes se depararam com um desmatamento feito com “correntão” (prática proibida por lei, em que uma corrente amarrada a tratores é usada para derrubar as árvores e arbustos de uma propriedade rural, arrastando tudo que há no caminho, matando os animais e inviabilizando o aproveitamento da madeira, entre outros danos).

Apoios

A realização da atividade no Centro de Pesquisas Canguçu contou com o apoio da UFT (por meio do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e do Programa de Pós-Graduação em Prestação Jurisdicional e Direitos Humanos), da Secretaria Estadual da Educação (Seduc), do Sindicato dos Jornalistas (Sindjor), do coletivo de jornalistas DesminTO e de outros apoiadores.
*O jornalista Flávio Herculano viajou a convite da organização da atividade acadêmica.

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