Alvos da PF buscam grandes escritórios em Brasília; Filho de desembargador e advogado seguem presos em Palmas
A Operação Máximus da Polícia Federal (PF) foi deflagrada no último dia 23 de agosto e investigou a suposta venda de sentenças judiciais por meio de um grupo formado por advogados, juízes e desembargadores do Tribunal de Justiça do Tocantins. Em Palmas-TO, Thales Maia e Thiago Sulino seguem presos após as audiências de custódia ocorridas na última semana.
Ambos foram os únicos alvos que tiveram mandados de prisão decretados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) no final de agosto. Foram ao menos 14 dias detidos à espera das audiências, que mantiveram a prisão dos suspeitos. Confira a nota de Thales Maia e Thiago Sulino ao final desta reportagem.
Apuração exclusiva do Jornal Primeira Página: alvos da Polícia Federal buscam grandes escritórios para defesa
Thales Maia é filho do desembargador Helvécio Maia, que foi afastado de suas funções no Tribunal de Justiça do Tocantins em decorrência da ação policial. Ambos buscaram um grande escritório de advocacia com sede em Brasília e outras cinco cidades: o Mudrovitsch Advogados.
Rodrigo Mudrovitsch, um dos sócios e que atua diretamente nos processos envolvendo Helvécio e o filho, é o atual vice-presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos e já atuou na defesa de nomes conhecidos, como o ministro Gilmar Mendes, o empresário Eike Batista e ao menos outros 10 clientes envolvidos na Operação Lava Jato, incluindo Lindberg Farias e Gleisi Hoffmann, além da empresa Odebrecht.
O juiz Océlio Nobre, também alvo desta operação, contratou o advogado Roberto Brzezinski, sócio de um escritório com sede em Curitiba-PR. Brzezinski é também o atual advogado de Domingos Brazão, suspeito de ser o mandante do assassinato de Marielle Franco, ocorrido em 2018 no Rio de Janeiro.
Thiago Sulino também buscou na capital federal sua defesa junto ao escritório Ubaldo Rabelo Advogados e constituiu quatro profissionais para representá-lo no caso. Foi este escritório que representou Vinícius Rocha, irmão de criação do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, em um inquérito que investiga organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro entre 2017 e 2019.
O Jornal Primeira Página publicou a série especial “Judiciário à Venda” com detalhes exclusivos das investigações da Polícia Federal contra o suposto grupo criminoso.
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Outro alvo que buscou defesa de escritório fora do Tocantins foi Klédson de Moura Lima, que era chefe da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e foi exonerado após citado na Operação Máximus. Seus advogados são do escritório Aguiar e Mello, com sede em Brasília-DF.
Notas de Thiago Sulino e Thales Maia
A defesa do advogado Thiago Sulino de Castro informou em nota que contesta as acusações da Operação Máximus da Polícia Federal, alegando que os fatos apresentados “distorcem a realidade” e que houve uma “criminalização do exercício da advocacia”. A nota afirma que não há evidências que justifiquem a prisão preventiva, destacando a “ausência de materialidade e indícios mínimos de autoria”. A defesa também refuta qualquer influência de Sulino sobre a escolha de membros do Tribunal de Justiça ou na eleição dos membros da Corte, afirmando que “não é lógico atribuir a uma única pessoa tanto poder”.
A defesa também apontou para supostos excessos cometidos pela Polícia Federal, como o início de buscas na residência de Thiago Sulino sem testemunhas e a prisão sem comunicação prévia à Ordem dos Advogados do Brasil, em desrespeito à Lei 8.906/1994. Além disso, cita a coação de um adolescente para fornecer senhas de dispositivos móveis e a realização tardia da audiência de custódia, ocorrida 15 dias após a prisão, fora do prazo legal de 24 horas. A defesa assegura que “todos os pontos serão esclarecidos, refutando toda a narrativa excessiva criada a partir de fatos que jamais existiram.”
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Em nota enviada ao Jornal Primeira Página, a defesa do desembargador Helvécio de Brito Maia Neto e de seu filho, Thales André Pereira Maia, se manifestou sobre a operação da Polícia Federal, destacando que responderá nos autos devido ao sigilo do procedimento. A defesa também destacou que as decisões do desembargador são baseadas em fatos e provas, respeitando o devido processo legal, e relembrou a trajetória ilibada de Helvécio Maia, que atua há mais de 35 anos na magistratura sem máculas em seu histórico. A nota considera desarrazoado o afastamento do magistrado, tratando-se de “meras conjecturas”, e espera a reversão da decisão para que se respeite o direito ao devido processo legal.