Quando a pista vira ameaça; fauna silvestre enfrenta risco constante nas rodovias do Tocantins

O atropelamento de animais silvestres e domésticos nas rodovias federais do Tocantins tem se mantido como um problema constante nos últimos anos. Embora não exista um sistema específico para registrar exclusivamente casos de atropelamento, os dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF-TO) revelam a dimensão do impacto a partir das ocorrências de manejo de animais, que incluem desde o afastamento da pista até o resgate ou a remoção de animais mortos.

Nos últimos cinco anos, a PRF registrou 731 ocorrências desse tipo nas rodovias federais que cortam o estado. Dessas, 131 envolviam animais mortos, a maioria vítima de atropelamento. Outras 1.956 ocorrências se referem a animais vivos afastados da via para evitar acidentes, enquanto 468 animais foram recolhidos, transportados ou guardados pelas equipes de segurança.

Ocorrências se repetem ano após ano

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Segundo os registros enviados pela PRF, o problema permanece estável ao longo do tempo:

  • 2025: 124 ocorrências (36 animais mortos)
  • 2024: 147 ocorrências (36 mortos)
  • 2023: 194 ocorrências (33 mortos)
  • 2022: 176 ocorrências (10 mortos)
  • 2021: 90 ocorrências (16 mortos)

Embora o número de ocorrências varie, a presença de animais feridos ou mortos nas rodovias federais é constante. A PRF destaca que os números não refletem toda a situação, já que muitos animais feridos deixam a pista e não entram na estatística formal.

Trechos críticos e influência das queimadas

De acordo com a PRF, os trechos mais críticos variam conforme a proximidade com áreas urbanas ou regiões de vegetação contínua.

Próximo das cidades, há maior incidência de atropelamento de animais domésticos, principalmente cães.
Em áreas mais afastadas, predominam ocorrências com fauna silvestre, que incluem espécies diversas.

A corporação destaca que, durante o período de queimadas, aumenta o número de animais atravessando as pistas para fugir do fogo e do calor, o que amplia o risco de ocorrência.

Orientações ao motorista

Quando um motorista encontra um animal ferido ou morto na pista, a orientação da PRF é:

  • Reduzir a velocidade com segurança
  • Ligar o pisca-alerta
  • Acionar o telefone 191
  • Não tentar se aproximar ou remover o animal

A PRF explica que remover o animal sem técnica pode causar acidentes ou representar risco à saúde do motorista. Além disso, ao ligar para o 191, o condutor ajuda a acionar imediatamente o Naturatins, o Ibama ou outros órgãos responsáveis, conforme o caso.

Comunicação e atuação conjunta

Em situações envolvendo animais feridos ou mortos, a PRF registra a ocorrência e aciona o órgão ambiental responsável pela área, como o Naturatins, o Ibama, o Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA) ou as guardas ambientais municipais. A depender da situação, o próprio policial rodoviário inicia o manejo até a chegada da equipe técnica.

A corporação informou que, apesar de já ter participado de operações voltadas à fauna em 2025, não há parcerias permanentes com universidades, ONGs ou órgãos ambientais para monitoramento contínuo.

Registros do Naturatins e perfil dos animais atendidos

O Naturatins, por meio do Centro de Fauna do Tocantins (CEFAU), recebe animais silvestres resgatados por órgãos parceiros, mas não possui um levantamento específico apenas de atropelamentos, já que o registro não detalha o histórico de cada animal.

Entre os animais que chegam ao CEFAU com sinais compatíveis com atropelamento estão:

  • tamanduá-bandeira
  • lobo-guará
  • onça-pintada
  • puma
  • jaguatirica

O órgão destaca que o número de animais com esse tipo de ferimento aumenta durante o período de queimadas, especialmente no segundo semestre.

O CEFAU recebe, em média, 150 animais por mês, entre aves, mamíferos e répteis. A equipe responsável inclui médicos-veterinários, zootecnistas, biólogos e profissionais de instituições parceiras que atuam por meio de acordos de cooperação técnica.

Resgates e desafios

Os resgates de animais feridos são realizados por órgãos parceiros, como BPMA, Ibama e guardas ambientais municipais. O Naturatins atua diretamente em casos que exigem contenção química ou suporte técnico especializado, principalmente com animais de grande porte, como a onça-pintada.

O órgão afirma ter interesse em desenvolver parcerias para ampliar sinalização de fauna, implantação de passagens seguras e outras medidas de mitigação nas rodovias, consideradas essenciais para reduzir a mortalidade.

Entre as dificuldades, o Naturatins cita:

  • ausência de registro detalhado sobre a causa dos ferimentos
  • falta de ações permanentes de prevenção
  • necessidade de articulação mais ampla com DNIT, DER-TO e municípios
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