Clima esquenta na Câmara por impasse nos contratos da merenda escolar

A contratação emergencial de R$ 33 milhões para a merenda escolar em Palmas, publicada no Diário Oficial no dia 14 de agosto, transformou-se em uma crise política que atinge a Prefeitura, a Câmara Municipal e mais de 200 agricultores familiares da capital. O contrato, válido por apenas 90 dias, representa quase o dobro dos R$ 19 milhões previstos para todo o ano de 2025 no orçamento municipal e exclui os pequenos produtores que, há anos, abasteciam as escolas.

A medida desencadeou uma reunião tensa na Secretaria Municipal de Educação, com a presença de secretários, vereadores e representantes das associações rurais. Pela primeira vez em anos, os agricultores afirmaram estar completamente excluídos do fornecimento, sem vender sequer um quilo de sua produção desde o início do segundo semestre.

Além disso, denunciaram dívidas atrasadas de gestões anteriores e da atual administração. A principal queixa, contudo, foi o descumprimento da Lei Federal nº 11.947/2009, que determina a aplicação mínima de 30% dos recursos do FNDE na compra de alimentos da agricultura familiar.

Anúncio no meio do texto

O tema dominou a sessão desta terça-feira (19) na Câmara de Palmas. O vereador Carlos Amastha (PSB) fez duras críticas à gestão pelo valor do contrato e defendeu a retomada das compras da agricultura familiar. Carina Café (Republicanos) também se posicionou contra a medida, alegando compromisso pessoal com a causa do agro.

Rubens Uchoa (UB) rejeitou a proposta do Executivo, enquanto Vinicius Pires (Republicanos) alertou sobre riscos de irregularidades na assinatura do contrato. Já Thiago Borges (PL) defendeu a centralização dos gastos como forma de economia, mas admitiu que o modelo emergencial elevou o custo da refeição em quase 300%, de R$ 2,00 para R$ 8,00 por aluno.

A vereadora Débora Guedes (Podemos) rebateu dizendo que as atas de contratos poderiam ter sido prorrogadas, o que evitaria o prejuízo de uma contratação quase quatro vezes mais cara.

Situação lamentável

O debate ganhou contornos de embate pessoal quando Thiago Borges insinuou que Débora Guedes teria participação na elaboração da MP 07. A vereadora reagiu, e Thiago deu sequência, alterando o tom de voz de forma agressiva. Com dedo em riste, fez acusações diretas. A cena provocou reação da vereadora Tamires (Somos), que lembrou a necessidade de respeito no plenário, sobretudo em agosto, mês de combate à violência contra a mulher. Thiago negou ter se excedido e afirmou que não vê diferença no tratamento entre parlamentares homens e mulheres.

Defesa da gestão

O líder do prefeito, Walter Viana (PRD), saiu em defesa do contrato emergencial e afirmou que a MP 07 foi publicada pelo vice-prefeito em exercício, Carlos Velozo, em 1º de julho, atendendo a um pedido do prefeito afastado por decisão judicial.

A Secretaria de Educação garantiu que a contratação emergencial não inviabiliza a compra de produtos da agricultura familiar e que os recursos do FNDE serão aplicados, mas, até o momento, nenhum pedido foi feito às associações.

Pressão crescente

Contratações emergenciais exigem comprovação de urgência, limitação de prazo, justificativa de preços e fornecedores, além da proibição de prorrogação. No caso de Palmas, há questionamentos se esses requisitos foram atendidos.

Leia também

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceitar Leia mais