Relatório aponta cidades do Tocantins que vivem conflito de facções criminosas

Divulgado nesta semana pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o relatório “Cartografias da Violência na Amazônia” apresentou um diagnóstico envolvendo todos os nove estados que fazem parte da chamada “Amazônia Legal”, a qual inclui o Tocantins. Dados mostraram que ao menos seis cidades tocantinenses são territórios de facções criminosas de atuação nacional.

As cidades citadas no relatório foram: Araguaína, Cariri do Tocantins, Gurupi, Miracema do Tocantins, Paraíso do Tocantins e Palmas. Conforme divulgado pelo Fórum, as facções Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC) seriam os grupos que dominam a atividade criminosa no estado.

Ainda conforme o documento, Cariri e Miracema seriam territórios “controlados” pela facção PCC. As demais cidades vivenciam o conflito pela disputa territorial envolvendo as duas citadas acima. Destaca-se que esses locais passam por constantes mudanças de domínio , ocasionando rompantes de mortes violentas decorrentes do conflito entre membros.

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Fontes que conversaram com a redação do Jornal Primeira Página informaram, todavia, que o número de cidades no Tocantins com presença de membros de facções é ainda maior. “Possivelmente, essas cidades apontadas no relatório ocorrem atividades de grupos criminosos de forma mais evidente e mais articulada”, comentou um agente da Segurança Pública.

Segundo o relatório, até outubro de 2023, dos 772 municípios da Amazônia Legal, ao menos 178 possuem presença de facções, correspondendo a 23% de todos os municípios. Em relação as cidades em situação de disputa territorial entre duas ou mais facções, são 80 municípios – percentual de 10,4% do total da região.

Na capital Palmas, a guerra de facções deste ano fez com que a cidade atingisse os maiores índices de mortes violentas em sua história. Somente no primeiro semestre, foram 90 assassinatos registrados. O número foi 210% maior se comparado ao mesmo período do ano passado.

No norte do Tocantins, em Araguaína, a cidade é considerada estratégica para o crime organizado, conforme fontes da Segurança Pública. Em julho de 2022, um caminhão que trafegava pela BR-153 no munícipio foi flagrado com mais de 120 kg de cocaína, uma das maiores apreensões daquele ano.

A proximidade de Araguaína com os estados do Pará e Maranhão tornam este triangulo um polo para a atividade criminal e que representa a crise na Amazônia Legal com a disparada da violência.

Conforme trecho destacado no relatório Cartografias da Violência na Amazônia, “não há como ignorar o efeito da violência nas relações sociais e no dia a dia dos amazônidas, residam eles em pequenas ou grandes cidades. São 22 grupos criminosos/facções diferentes, presentes em ao menos 178 municípios da Amazônia Legal brasileira”.

Em 2022, todos os estados da região Amazônica apresentaram taxas de violência letal superiores à média nacional no último ano. O estado que mais se destacou foi o Amapá, com uma taxa de 50,6 mortes por 100 mil habitantes. Em seguida, o Amazonas, com uma taxa de 38,8, o Pará com 36,9, Rondônia com 34,3, Roraima e Tocantins empatados com taxa de 30,5 mortes, Mato Grosso com uma taxa de 29,3, Acre com 28,6 e, por fim, o Maranhão com 28,5 por 100 mil.

No total, foram 9.011 pessoas vítimas de homicídio na região no ano passado.

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