Tocantins registra mais de 330 mortes no trânsito neste ano

A Semana Nacional do Trânsito, que acontece entre os dias 18 e 25 de setembro em todo o Brasil, traz à tona a preocupante situação das vias tocantinenses, que continuam sendo palco de tragédias e centenas de mortes. Dados recentes revelam que, até agosto deste ano, o estado registrou um total de 337 óbitos, uma média de quase um caso por dia.

Uma análise mais detalhada dos números revela que a situação é preocupante no que diz respeito ao gênero e à faixa etária dos casos de acidentes com óbitos. De acordo com os dados da Secretaria de Estado da Saúde, 77% das vítimas eram do sexo masculino, totalizando 260 homens que perderam a vida.

No que diz respeito à faixa etária, os números chamam a atenção. Até agosto de 2023, pessoas entre 20 e 39 anos representaram a maioria dos casos, com 122 ocorrências de óbitos, indicando que os jovens e adultos estão inseridos na maioria dos casos de acidentes graves.

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Para discutir este tema, a Assembleia Legislativa do Tocantins realizou hoje uma audiência pública com presença de deputados estaduais, gestores do Executivo Estadual e membros da sociedade civil.

O pedido de audiência partiu do deputado Gutierres Torquato (PDT), que destacou a problemática no trânsito de hoje.

“A imprudência é muito grande, infelizmente, nós vamos discutir também as sinalizações, os meios de orientação, nós temos que cada vez mais conscientizar esses condutores de veículos, mas a imprudência é sempre o grande mal. O risco que se expõe a si, você transfere ao outro. Ocasiona acidentes gravíssimos, como o que nós temos visto aí ultimamente no nosso estado. Hoje, infelizmente com esse mundo da tecnologia as pessoas estão muito desligadas no volante, acessam o celular e tiram o reflexo, o álcool todo mundo sabe que não combina com direção, e infelizmente ainda há uma grande parcela da sociedade que não se conscientiza em relação a isso”, destacou.

Acidentes com motos representam 45% do total de óbitos

Outro dado alarmante é o número de acidentes envolvendo motocicletas, que somaram 155 casos até agosto de 2023, representando 45% do total de mortes no trânsito. A condução segura de motos e a conscientização dos motociclistas sobre as normas de trânsito são medidas cruciais para reverter essa tendência preocupante.

Comparando esses números com os de 2022, nota-se que a situação não apresentou melhoras significativas. No ano passado, Tocantins registrou 543 casos de acidentes com óbitos, dos quais 50% envolveram motocicletas. Essa disparidade entre os gêneros reforça a necessidade de campanhas de conscientização direcionadas para os homens, visando à redução dessas trágicas estatísticas.

Mortes no trânsito abalam famílias

Muito além de danos materiais, os acidentes no trânsito no Brasil se assemelham ao quantitativo de vítimas em países que vivem situações de guerra. De acordo com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), entre 2010 e 2019 ocorreram mais de 390 mil mortes em acidentes de transporte terrestre no país.

Entre esses casos, os atropelamentos se destacam pela vulnerabilidade que os pedestres enfrentam em meio a um trânsito cada vez mais violento. No Tocantins, foram registrados 33 casos e um desses ocorreu no dia 12 de julho em Palmas e vitimou o senhor Raimundo Alves de Lima, de 61 anos.

Raimundo Alves de Lima. Foto: Arquivo pessoal

O acidente ocorreu na Avenida Palmas Brasil, às 14h31 da tarde. Em entrevista ao jornal Primeira Página, Daniel de Souza (31), filho da vítima, comentou sobre o ocorrido.

“Meu pai estava atravessando a faixa de pedestre, estava correto, sinalizou a parada e aguardou os veículos pararem para ele ultrapassar a avenida. Neste momento, outro veículo não parou e o atingiu”, destacou.

Raimundo passou ainda nove dias internado no hospital, lutando pela vida, mas não resistiu ao impacto. Sua morte foi confirmada no dia 21 de julho, data em que celebraria 41 anos de casado com a esposa. Toda a família já havia organizado uma grande festa para celebrar a data.

“Assim que houve o atropelamento do meu pai, ainda tivemos que enfrentar outra situação que foram comentários maldosos nas redes sociais a respeito do acidente, indicando que meu pai não havia prestado atenção ao atravessar a avenida, algo que foi totalmente invalidado pela perícia e por pessoas que viram o caso acontecer. Então, além de termos mais cuidado no trânsito, devemos também ter mais atenção e responsabilidade com o que falamos sem saber direito como ocorreu”, destacou o filho.

O inquérito que investiga a morte de Raimundo Lima segue aberto na Polícia Civil tocantinense, em fase final de conclusão. A família, que ainda vive o luto da perda, pede “nada mais além da justiça pelo meu pai”, finalizou Daniel.

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