Sobrinho de Mauro Carlesse, Claudinei Quaresemin é alvo de operação da Polícia Federal deflagrada na Bahia
Deflagrada em Salvador-BA, pela Polícia Federal nesta terça-feira (10), a Operação Overclean apura desvios de emendas parlamentares no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). A investigação teve início a partir de uma notícia-crime da Controladoria-Regional da União no Estado da Bahia (CGU) sobre irregularidades em contratos entre o órgão e a empresa Allpha Pavimentações e Serviços de Construções Ltda.
A Operação Overclean cumpriu ao menos 15 dos 17 mandados de prisão emitidos pela Justiça no âmbito das investigações de desvios de recursos de emendas parlamentares com destino no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), principalmente na Coordenadoria Estadual da Bahia (Cest- BA).
Entre os alvos da operação estão empresários, servidores e ex-dirigentes de órgãos públicos, entre eles, o sobrinho do ex-governador do Tocantins, Mauro Carlesse, Claudinei Aparecido Quaresemin (operador regional no Tocantins), que teria recebido transferências bancárias de Alex Parente em contas de pessoas jurídicas interpostas, totalizando R$ 805.400,00;
Segundo decisão da Justiça Federal, a organização criminosa atuava fraudando e direcionando procedimentos licitatórios em favor das empresas controladas por seus líderes, alvos da ação da PF, utilizando empresas fantasmas, superfaturamento de contratos e pagamento de propinas a servidores públicos.
Durante o período investigado, a organização criminosa teria movimentado em torno de R$ 1,4 bilhão, incluindo R$ 825 milhões em contratos firmados com órgãos públicos apenas neste ano. Foi determinado o sequestro de R$ 162,4 milhões referentes ao valor obtido pela organização criminosa por meio dos crimes investigados, aeronaves, imóveis de alto padrão, barcos e veículos de luxo.
Veja a lista dos outros alvos:
Lucas Lobão: ex-coordenador do DNOCS na Bahia, atuou facilitando a aprovação de contratos fraudulentos enquanto no cargo, e continuou a operar nos bastidores após sua exoneração. Possui relação próxima com Alex Parente e atua como sócio oculto da Allpha Pavimentações;
Alex Rezende Parente: responsável por financiar as atividades ilícitas, definir as diretrizes operacionais, exercer controle sobre os membros e tomar decisões estratégicas. Administra as empresas Allpha Pavimentações, Larclean Ambiental e Qualymulti Serviços;
Fábio Rezende Parente: irmão de Alex Parente, atua como executor financeiro da organização, realizando transferências bancárias e pagamentos de propinas, inclusive utilizando contas de terceiros;
José Marcos de Moura: empresário, conhecido como Rei do Lixo, responsável pelo financiamento, coordenação de atividades ilícitas, expansão da rede criminosa e influência em diversas esferas
Flávio Henrique Pimenta: servidor da Secretaria Municipal de Educação de Salvador, que trocou informações privilegiadas com Alex Parente sobre um processo licitatório, com o intuito de beneficiar a Larclean;
Clebson Cruz de Oliveira: ex-sócio de Fábio Rezende Parente e funcionário da Larclean. Fornece apoio logístico à ORCRIM em Salvador, executando tarefas como entrega de propinas e saques em espécie;
Fábio Netto do Espírito Santo: procurador da empresa Villetech, utilizada para lavagem de dinheiro;
Orlando Santos Ribeiro: servidor de governo de Itapetinga;
Francisco Manoel do Nascimento Neto: vereador e ex-secretário executivo de Campo Formoso, que recebeu vantagens indevidas para direcionar contratos para as empresas dos irmãos Alex e Fábio Parente;
Kaliane Lomanto Bastos: coordenadora de Projetos na Secretaria de Infraestrutura de Jequié e que teria recebido R$ 48.700,00 em propina de Alex e Fábio Parente para liberar pagamentos de contratos da Allpha;
Itallo Moreira de Almeida: servidor da Secretaria de Educação do Tocantins. Recebeu R$ 172.590,00 em transferências por determinação de Alex Parente, através de pessoas interpostas;
Evandro Baldino do Nascimento: empresário da construção, participando de fraudes em licitações em diversos municípios;
Geraldo Guedes de Santana Filho: sócio da A G&M Agência de Turismo e funcionário de Alex Parente, executa funções de contabilidade, secretariado e intermediação com agentes públicos
Diego Queiroz Rodrigues: ex-vereador e vereador eleito de Itapetinga;
Ailton Figueiredo Souza Junior: possui forte influência na Prefeitura de Lauro de Freitas e Intercedeu para garantir pagamentos à PAP Saúde Ambiental, empresa ligada a Alex Parente;
Iuri dos Santos Bezerra: dialogou com Geraldo Guedes sobre a destruição de provas, a mando de Alex Parente;
A decisão do juiz Federal Fábio Moreira Ramiro, da 2ª Vara Federal Criminal de Salvador, aponta que o esquema criminoso não se limitou aos contratos firmados no DNOCS e que o grupo criminoso, através de operadores centrais e regionais, cooptou servidores públicos a fim de obter diversas vantagens, seja no direcionamento, seja na execução dos contratos públicos.
“Os acertos são realizados e mantidos por operadores políticos que agenciam os referidos direcionamentos. As empresas do grupo firmam os contratos, após o direcionamento e realizam expedientes fraudulentos, a fim de superfaturar e gerar sobrepreço. Os compromissos ilícitos (propinas) são pagos, por sua vez, através de empresas fantasmas ou métodos que dificultam a identificação dos remetentes”, diz trecho da decisão.
Ainda estão sendo cumpridos 43 mandados de busca e apreensão nas cidades de Salvador, Lauro de Freitas, Jequié, Itapetinga, Campo Formoso, Mata de São João e Wagner. A PF também teve alvos nos estados de São Paulo, Goiás e Tocantins. (Fonte: bahianoticiais.com.br)