Recém-nascida morre à espera de cirurgia cardíaca no Tocantins

Malformações cardiovasculares estão entre principais causas de óbito infantil no estado

Uma recém-nascida chamada Ingrid morreu no último domingo (11) após aguardar por mais de 24 horas uma cirurgia cardíaca considerada urgente no Hospital e Maternidade Dona Regina Siqueira Campos (HMDR), em Palmas. Ela nasceu no sábado (10), por volta das 14h, com hipoplasia do coração — condição congênita rara — e aguardava transferência para o Hospital Municipal de Araguaína, único da rede pública no Tocantins que realiza esse tipo de procedimento em recém-nascidos.

Ingrid era gêmea. A irmã segue internada após passar por cirurgia na coluna. Segundo a avó, Susiane Silva de Castro Dias, o pedido de transferência foi feito antes mesmo do parto.

“Foi feito pedido a transferência quando minha filha [Evely] ainda estava grávida, mas negaram para a gente. A neném [Ingrid] tinha 10% de chance de vida, tínhamos esperanças, porque por mais que morresse na cirurgia não íamos pensar como seria se ela tivesse feito”, afirmou.

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A família informou que pretende registrar boletim de ocorrência contra o Estado e o hospital, alegando negligência.

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) lamentou o óbito e informou que a gestante e os bebês foram avaliados sistematicamente “de forma a assegurar as melhores condutas assistenciais e cuidados para um parto seguro”.

A pasta afirmou ainda que o HMDR é referência para gestantes de alto risco e assistência neonatal na macrorregião centro-sul do Tocantins e que, por determinação do Conselho Federal de Medicina, não pode fornecer informações de prontuário sem autorização da família.

Cenário no Tocantins

De acordo com dados do DATASUS – SINAN (2021), as malformações congênitas do sistema cardiovascular estão em terceiro lugar entre as causas de óbitos evitáveis em menores de cinco anos no Tocantins.

O levantamento, publicado no artigo Perfil Epidemiológico dos Óbitos na Infância no Estado do Tocantins entre os anos de 2013-2018, aponta que, nesse período, 141 crianças com até cinco anos morreram em decorrência dessas anomalias.

A pesquisa, que analisou registros por residência e por ano do óbito, indica que a ocorrência dessas condições representa um desafio persistente para a rede pública de saúde, reforçando a importância do diagnóstico precoce, do acesso a tratamento especializado e da estrutura hospitalar para atendimento imediato desses casos.

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