Professor de Araguaína e sobrinho são presos por sequestro e tortura
No último domingo, 25 de maio, as polícias Militar e Civil prenderam em flagrante o professor da rede municipal de ensino de Araguaína, Elcimar Pessoa da Silva, 47 anos, e seu sobrinho, Joellyson da Silva Lima, 30 anos. Eles estão detidos na Unidade de Tratamento Penal Barra da Grota, suspeitos de envolvimento nos crimes de sequestro e tortura contra um homem identificado pelas iniciais W.S, de 35 anos.
Segundo o boletim de ocorrência e o pedido de prisão preventiva apresentado pelo Ministério Público do Tocantins, os acusados acionaram a Polícia Militar informando que haviam detido W.S., sob a alegação de que ele teria furtado uma motocicleta pertencente à mãe de Joellyson. A abordagem teria ocorrido na manhã do dia 25, na região conhecida como Feirinha em Araguaína.
Os policiais militares localizaram os envolvidos na Rua 02 de Julho, no Setor Cimba, e a vítima estava trancada no porta-malas de um veículo Onix branco, pertencente à esposa de Elcimar. W.S. apresentava lesões na cabeça, pescoço e costas, compatíveis com agressões físicas.
Elcimar e Joellyson foram conduzidos à delegacia e autuados em flagrante por sequestro e tortura. No dia seguinte, 26 de maio, o Ministério Público solicitou a conversão da prisão em flagrante para prisão preventiva, que foi aceita pela Justiça.
A equipe do Jornal Primeira Página procurou a defesa de Elcimar, representada pela advogada Geisa Aldeia, que negou os crimes atribuídos ao seu cliente. Segundo ela, as agressões teriam sido motivadas por um possível furto da motocicleta de Joellyson, sendo infundadas as acusações de tortura e sequestro. Confira mais detalhes do posicionamento da defesa ao final da reportagem.
Elcimar Pessoa é conhecido em Araguaína pelo trabalho com aulas de capoeira voltadas a crianças e adolescentes. Joellyson da Silva Lima é descrito pela defesa como sobrinho de criação de Elcimar.
Sequestro e tortura
W.S. relatou à polícia ter sido sequestrado e levado à força para o porta-malas do carro conduzido por Elcimar. Afirmou ainda ter sido agredido e amordaçado com um pano, numa tentativa de silenciar seus gritos, durante o que classificou como sessões de tortura.
Já Elcimar e Joellyson disseram à polícia que apenas tentavam recuperar a motocicleta, supostamente furtada por W.S. No entanto, o veículo foi localizado pouco depois, estacionado na própria Feirinha.
Relato de agressão anterior
Durante a investigação, novos depoimentos trouxeram à tona um possível agravante. Uma testemunha afirmou ter feito um programa sexual com Joellyson na madrugada do dia 25. Segundo o relato, ele se recusou a pagar pelo serviço e a agrediu fisicamente, sendo contido por populares. Após fugir, Joellyson teria deixado a motocicleta no local e acionado o tio para ajudá-lo a recuperá-la.
Justiça autoriza prisão preventiva
O Ministério Público se manifestou pela conversão da prisão em flagrante para preventiva, argumentando que os acusados representam risco à ordem pública e destacando a reincidência criminal registrada em seus antecedentes.
Na decisão, o juiz Francisco Vieira Filho ressaltou a gravidade das condutas e o histórico dos envolvidos:
“A periculosidade concreta dos agentes, extraída do modus operandi e do histórico criminal destes, revela a este juízo que medidas cautelares diversas da prisão, descritas no artigo 319 do Código de Processo Penal, são insuficientes para tutelar a ordem pública. Até porque os flagrados já possuem condenação criminal anterior, demonstrando desrespeito pela ordem jurídica.”
Defesa nega sequestro e tortura
Em entrevista ao Jornal Primeira Página, a advogada Geisa Aldeia reafirmou que Elcimar Pessoa não cometeu os crimes apontados pela Polícia Civil.
“Elcimar foi até a Feirinha para ajudar Joellyson a localizar a motocicleta furtada. Lá, identificaram imagens de câmeras de segurança que mostrariam W.S. envolvido no sumiço do veículo. Joellyson entrou em luta corporal com ele, e uma aglomeração se formou. Eles colocaram [W.S.] no porta-malas para sair do local e aguardaram a chegada da polícia para realizar a prisão em flagrante”, afirmou.
Laudo não confirmou tortura
A defesa também contestou a acusação de tortura com base nos laudos periciais realizados nos três envolvidos. No caso da vítima, foram constatadas lesões corporais sem risco de vida e ausência de sinais evidentes de tortura. Joellyson também apresentava lesões, enquanto Elcimar não apresentava marcas no corpo.
Professor está afastado por motivos de saúde
Embora esteja afastado das funções desde 7 de maio, por recomendação médica, Elcimar continua integrando o quadro de servidores da rede municipal de educação de Araguaína.
Conhecido como “Mestre Pessoa”, ele recebeu no último dia 22 de maio uma Moção de Aplausos da Câmara Municipal de Palmas, proposta pelo vereador Vilarindo do Eucalipto, em reconhecimento ao trabalho social e cultural desenvolvido por meio da capoeira.