Policial preso com Eduardo Siqueira Campos é irmão de desembargador federal em Brasília
Marco Augusto Velasco Nascimento Albernaz (47), Oficial Investigador da Polícia Civil do Tocantins, foi um dos alvos presos pela Polícia Federal nesta sexta-feira, 27 de junho, junto com o prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos, e o advogado Antônio Ianowich Filho, durante uma nova fase da Operação Sisamnes.
Albernaz pertence a uma família com atuação na Segurança Pública e no Poder Judiciário. Ele é irmão do desembargador federal Marcelo Velasco Nascimento Albernaz, integrante do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).
Marcelo atuou como juiz titular da 1ª Vara Federal da Seção Judiciária do Tocantins entre 1999 e 2012. Posteriormente, foi transferido para a 13ª Vara Federal do Distrito Federal, em Brasília, sendo promovido a Desembargador Federal em abril de 2023.

A família Albernaz também tem outros nomes influentes na área da Segurança Pública. A cunhada de Marco — e esposa do desembargador — é a delegada civil Millena Coelho Jorge Albernaz, que se aposentou em 2023 da Secretaria de Segurança Pública do Tocantins.
O pai dos irmãos, Marcos Albernaz, nascido em 1951, também integrou as forças policiais, tendo exercido o cargo de delegado no estado de Goiás. Atualmente, está aposentado.
Com relação a Operação Sisamnes, nenhum dos familiares de Marco Albernaz foram citados ou alvos de mandados expedidos pela Justiça.
Marco Albernaz e o ex-governador Mauro Carlesse
Essa não é a primeira vez que Marco Albernaz é citado em investigações policiais. Ele já foi investigado por associação criminosa junto com o ex-governador do Tocantins, Mauro Carlesse, e outros sete integrantes da Polícia Civil tocantinense.
Segundo o Ministério Público do Tocantins (MPTO), entre abril e junho de 2020, o ex-governador teria ordenado que vários policiais conduzissem uma investigação clandestina — sem respaldo em qualquer procedimento oficial — com o objetivo de identificar o autor da produção e divulgação de um vídeo que atribuía à então primeira-dama do Estado um relacionamento extraconjugal. A apuração irregular teria resultado em diversos atos de abuso de autoridade.
Em 2023, a Justiça aceitou a denúcia dos envolvidos por crimes como organização criminosa, abuso de autoridade, tráfico de drogas, associação para o tráfico e denunciação caluniosa. Além do ex-governador Mauro Carlesse, também foram citados o delegado Ênio Walcacer Oliveira Filho; os policiais civis Antônio Martins Pereira Júnior, Carlos Augusto Pereira Alves e Santhiago Araújo Queiroz; o escrivão Victor André Sabará Ramos; e os agentes José Mendes da Silva Júnior, Marco Augusto Velasco Nascimento Albernaz e Ricardo José de Sá Nogueira.
Operação Sisamnes
A Operação Sisamnes apura a existência de uma organização criminosa suspeita de vazar informações sigilosas de inquéritos em tramitação no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O alvo principal, o prefeito de Palmas, foi afastado do cargo por decisão do Ministro do Supremo Tribunal de Justiça, Cristiano Zanin.
Na decisão do ministro, o oficial investigador é suspeito de monitorar policiais federais e repassar informações para antecipar operações. Já o advogado Antônio Ianowich é apontado como responsável por vazar dados sigilosos de três investigações ao prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos, conforme divulgado pelo jornalista Luiz Armando Costa.
Um dos principais elementos da investigação é uma conversa entre Eduardo Siqueira Campos e o advogado Thiago Marcos Barbosa de Carvalho, sobrinho do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos). No diálogo ocorrido no ano passado, o prefeito menciona que teria recebido informações privilegiadas do ministro João Otávio de Noronha, do STJ, sobre uma operação da PF.
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Marco Albernaz era agente da Polícia Civil e passou para Oficial Investigador
No ano passado, o Congresso Nacional aprovou a nova Lei Orgânica das Polícias Civis, válida para todo o Brasil. Entre as principais mudanças está a unificação das carreiras de agente de polícia e escrivão, que passaram a ser denominadas oficialmente como “oficial investigador”. Marco era agente da Polícia Civil, e com a mudança passou a ser Oficial Investigador.