Polícia Federal mira conflito de fazendeiros contra comunidade quilombola no Tocantins

A Polícia Federal cumpriu, nesta terça-feira (27), 10 mandados de busca e apreensão em cidades do Tocantins e Goiás no âmbito da Operação Intimidare, que investiga conflitos fundiários envolvendo a comunidade Quilombola Rio Preto, localizada a cerca de 50 km de Lagoa do Tocantins, e fazendeiros da região.

Conforme noticiado pela repórter da TV Anhanguera, Ana Paula Rehbein, entre os alvos da investigação estão um cabo da Polícia Militar e um agente da Polícia Civil, ambos aposentados. A decisão da justiça Federal diz que eles promoviam ameaças contra moradores do quilombo do Rio Preto.

A ação tem como objetivo coletar provas e conter ameaças armadas, intimidações e ocupações ilegais de terras ocupadas tradicionalmente por povos quilombolas. Durante a operação, foram apreendidas uma arma de fogo e munições. Os mandados foram cumpridos em Palmas (4), Araguaína (2), Lagoa do Tocantins (2), Dois Irmãos (1) e Goiânia (1).

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“O histórico da região é marcado por disputas intensas, onde o uso da força e a apropriação indevida de propriedades têm colocado em risco os direitos e a segurança de povos tradicionais”, afirmou a Polícia Federal em nota.

Arma de fogo e munições são apreendidas durante operação da PF que investiga conflitos agrários na comunidade Quilombola Rio Preto – Foto: Divulgação/Polícia Federal do Tocantins

Incêndios e denúncias anteriores

O conflito entre os moradores da Comunidade Quilombola Rio Preto e proprietários rurais se intensificou nos últimos meses. No dia 19 de abril, uma casa foi incendiada após a comunidade remover parte de uma cerca que impedia o acesso ao rio da região. Segundo relatos, o território tem sofrido com ameaças, destruição de lavouras e incêndios criminosos.

“Eles não tiveram que pagar nenhuma casa que destruíram, nenhuma cerca, nenhuma roça. Temos uma liminar que nos dá a posse provisória do território e eles não estão cumprindo”, disse a moradora Rita Lopes dos Santos, em entrevista ao G1 Tocantins.

A comunidade foi certificada como quilombola em 2023 pela Fundação Cultural Palmares. Desde então, segundo os moradores, os episódios de violência se tornaram mais frequentes.

Mobilização de órgãos e investigações

No início de fevereiro, uma força-tarefa com dez órgãos estaduais e federais, entre eles a Defensoria Pública, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Secretaria de Segurança Pública (SSP-TO), Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot), Polícias Civil e Militar, visitou o território para discutir ações de segurança. Após a reunião, parte da cerca foi removida.

A Secretaria da Segurança Pública do Tocantins informou que caso se confirme a natureza fundiária do conflito, as provas reunidas serão enviadas à Polícia Federal, responsável pela investigação, por se tratar de área sob competência da União.

A Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot) repudiou os ataques e afirmou que está acompanhando o caso de perto. Em nota, a pasta declarou que está “tomando todas as providências necessárias junto aos órgãos de segurança pública para garantir a integridade da comunidade quilombola do Rio Preto”.

A operação segue sob sigilo, e a PF não detalhou os nomes dos investigados nem os alvos dos mandados.

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