OPINIÃO – Uma queda, meu braço com cortes profundos e meu atendimento na UPA Norte

Por Sandra Miranda – Jornalista e Advogada

Na tarde do dia 04 de maio de 2025, um domingo antes do Dia das Mães aqui em Palmas, onde voltei a residir de forma permanente, passei por uma emergência, provocada por um incidente doméstico no meu apartamento.

Na sala, ao pegar um vaso de flores de vidro grosso e pesado, tropecei na mesinha de centro e fui ao chão, com o vaso partindo-se em cima do meu braço direito. Foram vários cortes profundos, sangue jorrou para todo lado, e recebi mais de 30 pontos (internos e externos) nas suturas.

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Naquele instante terrível, provavelmente devido à adrenalina, e com a intercessão de Deus, consegui me levantar e fui até a mesa de jantar, aonde estava o celular, para chamar meus filhos Renata e Rafael. Ao mesmo tempo, abri a porta do meu apartamento e gritei pelo nome da minha querida vizinha Regiane, que imediatamente veio com sua família, e enquanto tentavam estancar os sangramentos, chamaram a ambulância dos Bombeiros. E eu pedi para ser levada para a UPA Norte.

Hoje, ainda em recuperação, mas passado um pouco do susto, venho, em meu nome e dos meus filhos, além de demais familiares, registrar o excelente atendimento que recebi na Unidade de Pronto Atendimento Norte, bem como expressar toda a minha gratidão à médica de plantão na emergência, a Dra. Keitmila Cecília Nascimento. Além da equipe de enfermagem, técnicos, auxiliares e todos da UPA, incluindo os integrantes da ambulância dos Bombeiros, que prestaram os primeiros atendimentos.

Agradeço ainda ao prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos, pedindo-lhe fervorosamente, que busque de forma incansável, melhorar cada vez mais, o atendimento de TODAS as unidades e postos de saúde da nossa bela capital Palmas! E que, urgente, o povo possa finalmente vir a ter mesmo o tão prometido e sonhado hospital municipal.

E ao governador Wanderlei Barbosa, reservo mesmo é um APELO, para que TODOS os hospitais do estado passem a oferecer tratamento responsável e digno! Sem corredores lotados, sem falta de leitos, sem ausência de equipamentos, materiais e medicamentos, e médicos. Situações que, infelizmente, tornaram-se quase rotineiras no Tocantins.

Na tarde daquele domingo na UPA Norte, em um momento de extrema fragilidade que eu estava enfrentando, senti-me acolhida, especialmente com o preparo, a capacidade técnica e a atenção que me foram dispensados. Um grande alívio foi tomando conta de mim, ao longo das suturas naqueles cortes profundos e assustadores (não alcançaram nervos e tendões, como também não houve nenhuma fratura, graças a Deus), neste que foi o maior trauma físico que já enfrentei nos meus 60 anos de idade, completados em dezembro passado. Prestimoso atendimento também venho recebendo na Unidade de Saúde da Família, da quadra Arse 13, onde até hoje tenho ido diariamente para fazer os curativos.

Como aconteceu a queda?

Por volta de 12h30 do domingo do dia 04 de maio, no apartamento onde resido sozinha, resolvi mudar de lugar na sala um vaso com flores – vaso este um pouco grande, com um vidro grosso e pesado. Fiquei de costas para pegá-lo no rack da TV com as duas mãos, e ao virar, esbarrei a canela na mesinha de centro da sala, que de tão baixa (25 cm altura), não lembrei, e hoje vejo que representa um obstáculo perigoso, do qual estou me livrando. Perdi o equilíbrio e fui direto ao chão, com o vaso de vidro grosso partindo-se em cima do meu braço direito.

Não tenho e nunca tive plano de saúde, e meus familiares, que naquela altura já haviam chegado ao apartamento, mesmo assim, queriam que eu fosse levada para hospitais particulares de Palmas. Eu recusei. Pedi aos Bombeiros para me levar para a UPA Norte. Minha filha, o anjo da minha vida, foi comigo na ambulância. E eu acertei na minha decisão. Tive um atendimento correto e digno naquela Unidade de Saúde.

E, para deixar claro, não falei em momento algum da minha profissão de jornalista, pois desde o início da minha carreira, sempre abominei a tal da carteirada. Só comentei quase ao final do atendimento, apenas para falar que fazia questão de registrar minha gratidão publicamente, como comunicadora que sou. Tinha pensado em algumas notas no meu Twitter (X), mas que acabaram virando este longo texto.

A mesinha de centro da sala tem apenas 25 cm de altura, onde tropecei e cai – Foto Arquivo Pessoal

No ano de 2016 foi diferente

Na UPA Norte, no ano de 2016, também num dia de domingo, um familiar meu foi levado de ambulância até aquela Unidade de Saúde. Igualmente havia sofrido uma queda, mas de um local bem alto, diferente da minha. Na ocasião, infelizmente, ele não recebeu o atendimento que deveria. Depois de exames de raios X mal feitos, o médico responsável (apesar de experiente, com cabelos brancos) mandou-o para casa dizendo que eram apenas concussões, e receitando-lhe anti-inflamatórios e analgésicos.

Contudo, nos dias seguintes, o meu familiar, sem melhorar e com os movimentos ainda muito limitados, buscou outros profissionais, que detectaram nele nada menos que, pasmem, senhores, cinco fraturas! Nos dois calcâneos, no pulso esquerdo e em duas vértebras da região lombar. E claro, a demora que houve no atendimento, rendeu-lhe algumas sequelas pelo resto da vida, lamentavelmente.

Mas o Sistema Único de Saúde, o SUS, quando funciona, é ótimo! E é um direito do povo brasileiro. A saúde é um dever do Estado, previsto na Constituição Federal. E por isso, deve receber toda a atenção das autoridades nas suas três esferas, especialmente dos governos e prefeituras. Eu estive lá nessa emergência e vivi na pele a diferença entre ser bem atendido ou mal atendido. Essa diferença custa vidas, o que, claro, não era o meu caso, mas tristemente, ocorre no Tocantins e pelo Brasil afora.

Viver em um país continental como o nosso, com uma população de 212 milhões de habitantes, e contar com um sistema de saúde totalmente público, é uma grande conquista, ainda que em contrapartida, tenhamos uma das maiores cargas tributárias do mundo. Quando olhamos para outros países desenvolvidos onde não existe saúde pública, mesmo sendo grandes potências econômicas, observo que é de dar orgulho o Brasil ter o SUS.

Para terminar, aproveito para reafirmar minha gratidão a todos os servidores públicos do Tocantins que atuam na área da Saúde, em todos os níveis. Mesmo diante das adversidades que eles enfrentam, mesmo diante da falta de valorização profissional, mesmo diante de estruturas muitas vezes inadequadas, mesmo diante da falta de equipamentos, materiais e medicamentos (frutos de negligência e ausência de gerenciamento e planejamento, e muitas vezes, corrupção), os servidores são uma rede de apoio e acolhimento ao cidadão, fazendo tudo o que podem fazer.

Saúde pública é um compromisso de cidadania, de honra, de caráter e de virtude dos gestores! E mesmo em tempos difíceis, como os de hoje, temos pessoas no front cuidando, haja o que houver. Louvado seja Deus por isso!

Muito obrigada.

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