Operação da PF: confira detalhes das conversas entre Eduardo Siqueira e Thiago Barbosa, sobrinho de Wanderlei Barbosa

Uma nova fase da Operação Sisamnes, da Polícia Federal, realizada nesta sexta-feira, 30, teve como principal alvo o prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos), e cumpriu mandados de busca e apreensão em sua residência. Autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin, a operação também solicitou a prisão e o afastamento do prefeito, porém os pedidos foram negados pelo STF.

Eduardo Siqueira é investigado por ter vazado informações ao advogado Thiago Barbosa, sobrinho do governador do Estado do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), em ao menos duas operações da Polícia Federal: FAMES-19 e Máximus, realizadas nos dias 21 e 23 de agosto de 2024, respectivamente.

Thiago Barbosa foi alvo de mandados judiciais nas duas operações de 2024 e, atualmente, segue preso na Unidade Penal de Palmas desde março deste ano, quando foi alvo da PF em novos desdobramentos da Operação Sisamnes, por supostamente fazer parte de uma rede clandestina de repasse de informações sigilosas sobre investigações supervisionadas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

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A investigação que envolve políticos do Tocantins faz parte de um inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), sob a relatoria do ministro Cristiano Zanin. O vazamento desses dados comprometia o avanço de operações policiais.

Eduardo Siqueira Campos: “Nosso amigo lá em Brasília”

Trechos das conversas interceptadas entre Eduardo Siqueira Campos e Thiago Barbosa foram divulgados pela GloboNews na manhã desta sexta-feira, 30. De acordo com a Polícia Federal, pelo menos até 26 de junho de 2024, ou seja, dois meses antes da deflagração das operações FAMES-19 e Máximus, Eduardo já sabia do teor das investigações.

Eduardo Siqueira Campos informa a Thiago Barbosa que tem informações sobre quando seriam realizadas operações no Tocantins. “Então, assim, o nosso amigo lá em Brasília, ele tem acesso ao Felipe, que é o cara, né? É, não ia sair antes do recesso [recesso do Judiciário em julho], não. Só quando chegasse em agosto, como é de se prever que possa vir.”

De fato, ambas as operações FAMES-19 e Máximus da Polícia Federal ocorreram no mês de agosto no estado do Tocantins.

Operação Máximus e a venda de sentenças no Tocantins

Entre os diálogos divulgados nesta sexta-feira, 30, Eduardo Siqueira Campos aparece antecipando detalhes da investigação Máximus contra juízes e desembargadores do Tocantins.

“Não, não, aqui é o seguinte, aqui vão dançar dois juízes e pelo menos três advogados […] Eu acho que a notícia contra fulano e fulano, não vou falar, já chegou nas mãos da Corte Especial [Superior Tribunal de Justiça].”

Durante a Operação Máximus, deflagrada ao menos dois meses depois das conversas entre o prefeito Eduardo Siqueira Campos e Thiago Barbosa, foram alvos os desembargadores do Tribunal de Justiça do Tocantins: Helvécio Maia Neto, João Rigo Guimarães, Ângela Maria Ribeiro Prudente, Etelvina Maria Sampaio Felipe e Ângela Haonat, além dos juízes José Maria Lima e Marcelo Eliseu Rostirolla, e vários advogados.

Leia Mais – Operação Máximus: confira os nomes dos alvos da Polícia Federal no Tocantins

O prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos, chegou a ser citado nessa operação por supostamente ter sido favorecido em uma decisão do juiz José Maria Lima, que o absolveu de um processo envolvendo prejuízos no Instituto de Gestão Previdenciária do Estado do Tocantins (Igeprev).

Eduardo alerta Thiago: “seu caso lá em Brasília, ele está um pouco pior do que a gente pensava”

Em outro trecho divulgado pela GloboNews, Eduardo Siqueira Campos comenta a situação de Thiago Barbosa em investigações conduzidas em Brasília-DF. Como Thiago é alvo de três operações da Polícia Federal, não foi possível confirmar a qual delas Eduardo se referia especificamente.

“Mas eu quero te dizer o seguinte, o seu caso lá em Brasília, ele está um pouco pior do que a gente pensava. Porque o que acontece é o seguinte, a Procuradoria falou no seu processo e você não está mais apenas como uma parte, você figura como um polo da investigação. Você está sendo investigado dentro daquele esquema. E isso já saiu oficialmente.”

Eduardo menciona governador e contratos na Secretaria de Saúde do Tocantins

Em outro trecho das conversas interceptadas pela PF e divulgadas nesta sexta-feira, 30, na Operação Sisamnes, Eduardo menciona a pessoa de Thiago Sulino, que foi preso em agosto de 2024 como um dos principais operadores do esquema de venda de sentenças envolvendo juízes e desembargadores.

“Olha, eles continuaram atuando, né? A Polícia Federal abriu uma investigação. No que a PF abriu uma investigação, eles acabaram descobrindo que o Sulino era um personagem que atuava na Secretaria de Saúde e também já foi alvo dessa operação. Era responsável pela área da saúde de umas UTIs, que o governador acabou deixando ele negociar, entendeu?”

Thiago Sulino é citado por Eduardo como um agente envolvido em contratos com a Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO), já alvos de operações da Polícia Federal, renvolvendo superfaturamento em contratos de insumos e serviços em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) desde o governo de Mauro Carlesse.

Prefeito nega envolvimento na operação

O prefeito Eduardo Siqueira Campos concedeu uma coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira, 30. Em seu pronunciamento, ele negou envolvimento com supostos vazamentos de informações.

“Não levaram absolutamente nada da minha casa. Não tinham nada para levar mesmo, da minha esposa, dos meus filhos. Levaram os celulares, que é a obrigação deles. Mas única e exclusivamente isso. Eu acho que quem tem vida pública, não é a primeira vez que eu passo por isso, né? […]. Então, 40 anos de vida pública, eu resto absolutamente inocente de qualquer acusação.”

Sobre sua relação com Thiago Barbosa, sobrinho do governador Wanderlei Barbosa, Eduardo afirmou que “As informações não envolvem o governador […] O jovem Thiago Barbosa, ele cursava direito. E ele buscou um emprego na Assembleia. Eu o abriguei no meu gabinete. Ele foi um excelente assessor durante o tempo que trabalhou comigo. Porque ele não podia trabalhar com o tio […]. Então, ele trabalhou comigo até o dia que terminou o curso, tirou a OAB e foi trabalhar no Ministério Público.”

“A Polícia Federal abriu uma investigação. No que a PF abriu uma investigação, eles acabaram descobrindo que o Sulino era um personagem que atuava na Secretaria de Saúde e também já foi alvo dessa operação. era responsável pela área da saúde de umas UTIs, que o governador acabou deixando ele negociar, entendeu?”

Nota de Eduardo Siqueira Campos na íntegra:

Primeiramente, o  prefeito Eduardo Siqueira Campos esclarece que a busca e apreensão de que foi alvo, nesta sexta-feira, 30, não tem qualquer relação com atos da sua gestão à frente da Prefeitura de Palmas, tampouco com seus mandatos anteriores.

A Operação Sisamnes investiga o vazamento de informações sigilosas de demais Operações Judiciais, que envolvem terceiros. Eduardo Siqueira Campos esclarece que não é alvo das investigações que tiveram informações vazadas e que não mantém fontes privilegiadas em tribunais ou em qualquer outra instância do Poder Judiciário.

Os diálogos divulgados pela imprensa são parte de conversas informais com Thiago Marcos Barbosa, que o procurou buscando orientações e a indicação de um advogado para constituir defesa no processo em que responde.

O prefeito Eduardo Siqueira Campos afirma que ter indicado um advogado para Thiago, por si só, não configura qualquer tipo de vazamento de informação privilegiada e nem representa conduta contrária à legislação vigente.  Além disso,  esclarece ter conversado sobre informações (que supostamente haviam sido vazadas), e que este fato não pode imputar à Eduardo a autoria ou  responsabilidade pelo vazamento das mesmas. Depois de vazadas, certas informações ganham o mundo e viram alvo de comentários de todo o meio político.

O Prefeito de Palmas coloca-se à disposição para quaisquer demais esclarecimentos e aguarda que os verdadeiros responsáveis por vazamento de informações sigilosas e tentativas de obstrução de justiça, caso tenham ocorrido, sejam responsavelmente investigados, descobertos e revelados.

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