Mês da Mulher: Como Ana Cláudia superou a depressão com o ativismo da causa animal

Para celebrar o Mês da Mulher, o Jornal Primeira Página compartilha histórias inspiradoras de mulheres que são protagonistas da causa animal. Ana Cláudia Santos de Castro, natural de Pelotas (RS) e radicada no Tocantins desde 1997, é uma delas. Professora aposentada, ela sempre teve uma conexão profunda com os animais, encontrando neles um refúgio e um compromisso. Ana Cláudia transformou sua casa em um lar acolhedor para cães e gatos, oferecendo a eles o carinho e a proteção que tanto precisavam.

Seu amor pelos animais nasceu cedo, ainda na infância, quando passava horas observando insetos e ajudando a cuidar dos bichos em uma fazenda da família. O primeiro grande vínculo foi com Morgana, uma pastor-alemã que quase morreu e, após preces desesperadas, sobreviveu para lhe fazer companhia por mais de 12 anos.

A partir dali seu envolvimento com os animais se tornou ainda mais profundo.

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Quando os animais salvam uma vida

Em 2003, já vivendo em Palmas, Ana Cláudia enfrentou uma crise de depressão. Encontrou a saída ao lado de Mel, uma pequena poodle que se tornou sua amiga inseparável. “Mel veio para me salvar de mim mesma”, contou Ana. “Se ela ficasse doente, eu cuidava. Ela foi muito mais do que um cachorro de companhia, foi uma amiga.”

Mel trouxe razão para seus dias e, desde então, Ana nunca mais conseguiu imaginar sua vida sem a presença constante de cães e gatos. “Fazem nove anos que não visito minha família porque não tenho coragem de deixá-los com outras pessoas”, revela.

Quando a causa é levada a sério

Com o tempo, sua relação com os animais foi além do afeto. Tornou-se ativista, muitas vezes agindo de forma mais radical para defender os direitos dos bichos. Em Taquaruçu, distrito de Palmas onde vive atualmente, Ana Cláudia se viu cercada por uma realidade brutal: o abandono de cães e gatos era assustador. “A porta da minha casa virou um restaurante de cachorro”, diz, referindo-se à rotina de colocar comida e água para os animais de rua.

Ana Cláudia é professora aposentada e mora em Taquaruçu – Foto Arquivo Pessoal

As denúncias de maus-tratos foram surgindo, e Ana não hesitou em agir. “Sequestrava” animais que tinham donos, mas eram vítimas de atos severos de maus tratos. “Tem que se tomar uma atitude”, defende. Em 2021, junto com a Polícia Civil, resgatou uma pitbull mantida em condições deploráveis. A cadela e seu filhote morreram, mas a luta de Ana não parou. Dois anos depois, encontrou outro cachorro na mesma situação, acorrentado em um chiqueiro. O responsável fugiu para não ser preso. “Fui ameaçada por ele, mas não me arrependo”, afirma.

Hoje, Ana Cláudia cuida de 22 cães e 8 gatos dentro de casa, além de alimentar outros animais que vivem nas ruas. Seu ativismo agora é voltado à conscientização: orienta donos sobre castração, cuida de bichos abandonados e denuncia maus-tratos.

A luta de uma protetora

“Estamos esgotadas, fisicamente, financeiramente e psicologicamente”, desabafa, referindo-se ao trabalho voluntário que muitas protetoras realizam sem apoio do poder público. “Na pandemia, meu salário foi congelado e eu me perguntava se conseguiria alimentar meus animais.” Ela vive 24 horas por eles, não viaja, não descansa. “Se eu gastar o dinheiro de uma viagem, pode faltar para o tratamento de saúde de um animal.”

A esperança é que, com um prefeito alinhado à causa e uma representante na Câmara Municipal de Palmas, haja avanço nas políticas de proteção animal. “Precisamos de um abraço, de reconhecimento”, diz.

“Eles me salvam todos os dias”

Apesar dos desafios, Ana Cláudia não pensa em desistir. “Os animais são muito importantes para quem cuida deles. Não é só nós que salvamos os animais, eles nos salvam todos os dias. Eles gostam da gente porque os amamos, sem interesse nenhum. Eles me salvam da depressão, me salvam da descrença com o ser humano. Acordo todos os dias pensando no que posso fazer por eles.”

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