Médico Jhones Araújo orienta sobre uso do Ozempic e Mounjaro para perda de peso
Médico tocantinense, Dr. Jhones Araújo, especialista em Nutrologia, alerta para os riscos do uso indiscriminado das chamadas "canetas emagrecedoras" e reforça a importância de um acompanhamento médico adequado.
Criado para tratar a diabetes tipo 2, remédios como Ozempic e Mounjaro passaram a chamar atenção por um efeito colateral que logo se popularizou: o emagrecimento. O Ozempic, já popular no mercado brasileiro, consegue imitar a ação do hormônio intestinal GLP-1, e tem mudado o setor da perda de peso nos últimos três anos.
O médico tocantinense, Dr. Jhones Araújo, especialista em Nutrologia, alerta para os riscos do uso indiscriminado das chamadas “canetas emagrecedoras” e reforça a importância de um acompanhamento médico adequado.
“Todo medicamento usado em excesso e de forma indiscriminada pode trazer sérios problemas para a saúde. É sempre bom ressaltar que só a medicação não vai tratar a obesidade! A obesidade é uma doença crônica e multifatorial que precisa de uma atenção como um todo”.
Recentemente, a Anvisa autorizou o uso do Mounjaro também no tratamento da obesidade. Produzido pela farmacêutica norte-americana Lilly, o medicamento é aplicado por via subcutânea e tem como princípio ativo a tirzepatida — substância que passou a integrar o grupo dos fármacos injetáveis conhecidos como “canetas para emagrecimento”.
Em 2021, um estudo clínico sobre a semaglutida — nome dado à substância que imita o hormônio GLP-1 — concluiu que os pacientes que tomaram o medicamento perderam, em média, de 15% a 20% do peso corporal ao longo de 68 semanas, enquanto os pacientes que receberam placebo perderam apenas 2%.
Além da perda de peso, dados de um estudo chamado “Select”, publicado em 2023, demonstram que a semaglutida reduz em 20% os riscos de ataques cardíacos e AVCs em pacientes com histórico de doenças cardiovasculares. No entanto, apesar dos resultados animadores, ainda há ressalvas.
A tirzepatida, princípio ativo do Mounjaro, já tinha aprovação no Brasil desde 2023, mas com indicação restrita ao tratamento do diabetes tipo 2. Recentemente, a inclusão da obesidade como nova indicação terapêutica representa um avanço no combate ao excesso de peso. A substância combina dois mecanismos de ação: além de imitar o GLP-1, como faz a semaglutida, ela também ativa o GIP — outro hormônio envolvido na regulação do apetite — o que potencializa a sensação de saciedade e o efeito clínico no controle do peso. Para especialistas, a atualização marca uma nova geração de medicamentos capazes de transformar significativamente a vida de pessoas com excesso de gordura corporal.
Outros sintomas e efeito rebote também são motivos de preocupação. Em até 12 meses após encerrar o tratamento, os pacientes recuperam — em média — dois terços do peso perdido anteriormente. Muitos podem ter desmaios, náuseas, dores abdominais, diarreias, desidratação e efeito sanfona quando utilizado sem um acompanhamento médico. “Muitos podem não ter o resultado esperado sem mudar o estilo de vida”, ressalta o médico Jhones Araújo.
Para quem precisa perder peso, um dos maiores desafios é o reganho após o fim do tratamento. A explicação mais aceita atualmente é que, mesmo com a perda de peso, as áreas do cérebro que controlam o apetite permanecem desreguladas. Isso pode levar o paciente a voltar a comer em excesso assim que o uso da semaglutida é interrompido.
Isso acontece porque os medicamentos à base do hormônio GLP-1 atuam apenas mascarando a desregulação do apetite e, quando o efeito passa, os pacientes voltam a desejar quantidades excessivas de comida. “Essas canetas não podem ser utilizadas por qualquer pessoa e devem ser sempre utilizadas com um acompanhamento médico, pois o uso incorreto pode trazer problemas sérios à saúde”, conclui o médico.
Novas recomendações para uso
A partir desta semana, os medicamentos à base de análogos do GLP-1, como semaglutida (Ozempic, Wegovy), dulaglutida (Trulicity), tirzepatida (Mounjaro), entre outros, passam a ter a venda controlada em farmácias de todo o país. A nova regra, determinada pela Anvisa, exige a apresentação e retenção de receita médica para a compra desses produtos.
Os medicamentos são indicados para o tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade, mas vinham sendo amplamente utilizados de forma indiscriminada, muitas vezes sem acompanhamento médico e fora das indicações previstas em bula. A medida visa conter esse uso inadequado.
De acordo com a instrução normativa publicada pela Anvisa, a receita médica terá validade de 90 dias a partir da data de emissão. A lista dos medicamentos sujeitos à nova regra inclui também liraglutida e lixisenatida, além dos já mencionados.
Texto: Cênicas Comunicação