Maio Laranja: médico super-herói luta contra abuso sexual infantil em Palmas

Um médico, genuinamente tocantinense, precisou se transformar em super-herói para salvar crianças de abuso e violência sexual. A identidade do Papai Pequi não é secreta, por trás do personagem está o dr. Paulo Roberto Gonçalvez lima, médico pediatra, que nasceu em Araguaína e hoje trabalha no atendimento médico a crianças em situação de violência no        Serviço de Atenção  Especializada a crianças em  Situação de Violência (SAVI) no Hospital Geral de Palmas .  

Apesar de ser um problema que tem se mostrado cada vez mais frequente é neste mês que o trabalho desenvolvido pelo dr. Paulo ganha ainda mais atenção. Nós estamos no maio laranja, um mês de conscientização e combate ao abuso e a exploração sexual infantil. De janeiro até o início do mês de maio foram registrados no Tocantins 203 casos de estupro de vulnerável. Desse total, 35 casos foram em Palmas.

É no atendimento dessas vítimas que o pediatra atua. Os personagens criados por ele foram uma maneira de estar mais perto das crianças em um momento tão doloroso. “A criação dos personagens veio como uma intuição. Para fazer algo que pudesse direcionar as crianças para o bem, para elas se sentirem amadas e protegidas”, conta o médico.

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Papai Pequi.

Paulo se emociona ao contar que um dos seus principais personagens, o Papai Pequi, foi escolhido com uma ajuda muito especial.

“Os personagens tem o objetivo de aproximação das crianças, para abordar temáticas como cuidado e proteção. O Papai Pequi é um pai para todas as crianças.  Foi meu filho mais velho que auxiliou na escolha, ele disse que é muito especial para quem não ter pai, ter um Papai Pequi”.

Para lidar com os casos mais perversos e poder ajudaras vítimas o Papai Pequi também precisa ser forte. Em um dos casos que mais marcou o médico, a criança disse que não queria contar sua história para não fazer o médico chorar.

“Essa criança sofria violência física, psicológica e sexual. A violência era praticada pelo próprio padrasto. Os abusos incluíam pedaços de pau e até choque elétrico. No fim da tortura o criminoso ainda obrigava a criança a abraçá-lo e dizer que o amava”, relembra.

Infelizmente esse não é um caso isolado, já que cerca de 80% dos casos envolvendo abuso sexual contra crianças e adolescentes são dentro do ambiente familiar. Dr. Paulo ou Papai Pequi está engajado na luta de fazer com que as famílias orientem as crianças sobre o próprio corpo. A ação é para evitar que mais abusos aconteçam durante anos sem que a criança perceba que está acontecendo algo de errado.

“Eu diria para os pais observarem com atenção para os filhos, os ouvissem.  Ensinar os limites do corpo, entendendo até onde essas crianças podem ser tocadas.  É preciso passar o respeito e ganhar a confiança dos filhos”, aconselha.

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