Longa tocantinense “O Barulho da Noite” concorre a melhor filme no Festival de Cinema em Gramado
“O Barulho da Noite”, produção genuinamente tocantinense, dirigida pela cineasta e roteirista Eva Pereira, é um dos seis concorrentes no 51º Festival de Cinema de Gramado, que estreou na noite dessa terça-feira, 15. O longa-metragem, que recebeu apoio Prefeitura de Palmas, por meio da Fundação Cultural de Palmas (FCP), teve uma boa recepção do público, marcando um momento histórico para a produção cinematográfica regional, que pela primeira vez tem uma obra cinematográfica concorrendo no principal festival de cinema do País.
O filme foi selecionado dentre 300 inscritos e é o único concorrente desta edição dirigido por uma mulher, sendo a primeira vez que uma produção do Tocantins entra na programação oficial do festival, passando por uma curadoria assinada pelo ator e diretor, Caio Blat; o jornalista, escritor, crítico de cinema e professor, Marcos Santuário; e a atriz e cantora argentina, Soledad Villamil. O resultado do filme vencedor será divulgado no sábado, 19.
Gravado na zona rural de Palmas, além da diretora que é natural de Miracema do Tocantins, conta com técnicos e atores locais, como Luiz Melchiades, Léo Pinheiro, Mercês Campelo, Cícero Belém, Antista do Acordéon, Wetemberg Nunes e Chiquinho Chocolate. Sem contar as atrizes mirins, Alícia Santana, 8 anos, de Mateiros, e Ana Alíce Dias, de apenas 4 anos (quando da filmagem em 2018), que é de Miracema. Já a produção é da MZN filmes, empresa de Palmas, em coprodução com a Bananeira Filme.
“Apoiar produções locais faz parte da missão da Fundação Cultural de Palmas, e ver um filme idealizado e dirigido por uma mulher tocantinense ser um dos principais concorrentes em um dos maiores festivais de cinema do País nos enche de orgulho”, afirma a presidente da FCP, Cleizenir Divina. Segundo ela, o longa mostra “que temos grandes talentos e que podemos alcançar o nível de produções de locais com maior tradição na produção de cinema”.
Já o presidente da Agência de Turismo de Palmas (Agtur), Giovanni Assis, que representou a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, na estreia do filme em Gramado, ressaltou a qualidade da produção, a qual esteve junto desde o início. “Acompanhei todo o processo de filmagem, o lado que não é glamouroso e agora ver o resultado no principal festival de cinema do Brasil e da América Latina, é presenciar o Tocantins ser muito bem representado na sétima arte. É um orgulho estar aqui representando a Prefeitura de Palmas nesse momento histórico para a nossa produção artística.”
Ainda emocionada com a estreia, Eva Pereira afirma que a receptividade do público e da crítica especializada de cinema, até agora, superou as expectativas. “Estamos no festival com muita humildade, disputando o prêmio com grandes produções do cinema nacional. Por isso, só de termos chegado até aqui, colocado o Tocantins sobre o tapete vermelho e na tela do Festival de Cinema de Gramado, já representa uma grande vitória”, disse a diretora, destacando a importância do apoio da Prefeitura para a divulgação do filme.
De acordo com Eva, o apoio da Prefeitura foi fundamental no processo de finalização que antecede a entrada do filme nas salas de cinema. “Também é importante o apoio ter sido de uma prefeita mulher para um filme feito, em sua grande parte, por mulheres, tendo essa temática, que é um problema grave que afeta milhares de meninas e mulheres no Brasil”, concluiu a diretora ao falar da temática do longa, o abuso infantil.
“O Barulho da Noite”
Estrelado por Marcos Palmeira, Emanuelle Araújo, Alice Santana, Ana Alice Dias, Mercês Campelo e Wetemberg Nunes, o filme conta o drama de Maria Luíza, uma menina de 7 anos, a primeira a perceber que sua família está por um fio quando descobre que a mãe está apaixonada pelo sobrinho.
O filme coloca os holofotes nas crianças, para falar sobre abuso infantil, um tema difícil e espinhoso. “Apesar de recentemente começar a ser discutido de forma mais calorosa nas redes sociais e na mídia, no dia a dia, esse tema continua velado, pairando como uma sombra de um mal recorrente em universos distintos, extrapolando privilégios econômicos, sociais e culturais”, diz a diretora.
Em “O Barulho da Noite”, o olhar de Maria Luíza é o esconderijo de tudo que ela cala, da dor silenciada, da denúncia, do pedido mudo de socorro contra os abusos que sofre, dos seus anseios e medos. Após o avanço do tempo, Maria Luíza perderá brutalmente sua inocência, e o olhar de Ritinha, a irmã mais nova e sua cúmplice na história.