Governo intensifica recuperação de estradas afetadas pelo colapso da Ponte JK; População sente impactos e DNIT é novamente cobrado

Após o colapso da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, na BR-226, entre Aguiarnópolis/TO e Estreito/MA, em dezembro de 2024, o Governo do Tocantins informou que tem adotado medidas para diminuir os impactos na rotina dos moradores da região do Bico do Papagaio. Entre as ações emergenciais estão a travessia gratuita de passageiros por meio de barcos e a reestruturação de rotas para o desvio de veículos.

O intenso fluxo de veículos, todavia, tem impactado o cotidiano de cidades tocantinenses que não estavam preparadas para essa demanda crescente, como a própria Aguiarnópolis, além de Axixá, São Miguel do Tocantins, Sítio Novo, dentre outras. 

Pedido de colaboração do DNIT

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Como parte das medidas para manter o fluxo de veículos, especialmente os caminhões de carga responsáveis pelo abastecimento de diversos estados do país, o Governo do Tocantins, por meio da Agência de Transportes, Obras e Infraestrutura (Ageto), implementou a sinalização de rotas alternativas em rodovias estaduais da região do Bico do Papagaio, facilitando o acesso ao Maranhão.

O Governo do Tocantins também encaminhou um Termo de Cessão de Uso para o Governo Federal, pedindo que o c, garantindo que sejam restituídos, no mínimo, nas mesmas condições originais. Apesar das reiteradas tentativas de diálogo com o Governo Federal, a responsabilidade pela manutenção dessas rotas e fiscalização de peso, essenciais para preservar as condições das rodovias estaduais, têm ficado apenas a cargo do estado do Tocantins, com expectativa de que, em breve, se tenha algum suporte mais expressivo por parte do DNIT.

A da Agência de Transportes, Obras e Infraestrutura (Ageto) informou que quatro equipes fazem a manutenção e conservação das estradas diuturnamente e outras quatro providenciam a segurança viária da região do Bico do Papagaio, com a utilização de balanças e sinalizações. Contudo, aponta que é necessário a presença de órgãos federais para trabalhar nas condições das vias da região.

Operação tapa buracos

Sem uma ligação direta entre Tocantins e Maranhão, em Aguiarnópolis, foi necessário criar rotas alternativas, desviando caminhões e outros veículos para cidades tocantinenses vizinhas. Rodovias como a TO-126, que liga Tocantinópolis a Aguiarnópolis, a TO-134, entre Darcinópolis e Axixá do Tocantins, e a TO-201, que conecta Axixá ao distrito de Bela Vista, em São Miguel do Tocantins, são alguns dos trechos que estão servido como rota alternativa.

Com a sinalização das novas rotas, o tráfego aumentou em outros trechos da região do Bico do Papagaio. Para garantir a segurança e melhorar as condições de circulação, a Ageto intensificou a operação tapa-buracos, promovendo a recuperação das vias mais impactadas. Todos os trechos sinalizados como rota estão passando por um recapeamento emergencial. A medida visa melhorar a estrutura das estradas que agora recebem um fluxo maior de veículos pesados. No entanto, o esforço unilateral do Estado não está sendo suficiente para equilibrar a crise na região.

O intenso fluxo de veículos tem impactado o cotidiano de cidades que não estavam preparadas para essa demanda crescente. Em Sítio Novo do Tocantins, a cerca de 120 km de Aguiarnópolis, a rotina mudou significativamente com o aumento do tráfego. O município, que possui cerca de 9 mil habitantes, segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem recebido diariamente milhares de veículos, principalmente caminhões e outros transportes de carga pesada.

Impactos na população

A prefeita do município, Dora Farias, comentou sobre as constantes reclamações dos moradores da cidade, principalmente quando se trata do trânsito na cidade. “O fluxo de veículos aumentou muito, especialmente na avenida principal, onde moram muitas famílias e há diversos comércios. Os moradores reclamam bastante do barulho durante a noite, e não é para menos. Segundo relatos, mais de 5 mil veículos passam por Sítio Novo todos os dias. A verdade é que nossa cidade, assim como nenhuma outra da região do Bico do Papagaio, estava preparada para um tráfego tão intenso, principalmente de veículos pesados. Mas essa é a realidade que estamos enfrentando”, comenta a prefeita de Sítio Novo.

A gestora municipal destaca o empenho do Tocantins, ressaltando as iniciativas que aconteceram, até mesmo antes do acidente em Aguiarnópolis.  “O governador está fazendo sua parte. Infelizmente, não fomos convidados para nenhuma reunião com o Governo Federal ou o DNIT, que está ausente nas tratativas com nosso município”, comenta Dora.

A senhora Fátima dos Santos trabalha há 20 anos no seu próprio empreendimento, uma lanchonete que fica na avenida principal da cidade. Ela conta que os moradores estão reclamando bastante, principalmente por conta do trânsito.“A estrutura da cidade não está preparada para isso. Com esse aumento no tráfego, a situação só piorou, as autoridades federais precisam achar uma solução. No trecho entre Sítio Novo e Axixá, o trânsito estava praticamente parado, com uma fila enorme de carros, além disso está muito perigoso para quem dirige carro pequeno e também pedestres”, desabafa a comerciante e moradora de Sítio Novo.

A cidade de Axixá do Tocantins, localizada a cerca de 15 km de Sítio Novo, também enfrenta os impactos do aumento do tráfego de veículos pesados na região. Com mais de 10 mil habitantes, segundo dados do IBGE, o município tem na agricultura familiar e no comércio suas principais atividades econômicas, setores que agora lidam com os desafios causados pela intensa movimentação nas vias locais.

Antônio Ferreira Lima é um exemplo de comerciante que está tentando driblar a situação. Há 25 anos a frente de um açougue na avenida Elza Leal, sendo esta a principal via da cidade de Axixá, ele conta que as vendas caíram 40% depois que a rotina da cidade foi mudada pelo tráfego de veículos. “Muitas vezes, as carretas ficam paradas por muito tempo, impedindo que os clientes consigam estacionar e acessar os comércios. O DNIT já passou por aqui para avaliar a situação, mas nada fez efetivamente, até o momento só estamos vendo o Estado com ações concretas”, comenta o açougueiro.

Em São Miguel do Tocantins, a gestão municipal se mobilizou desde o início, articulando com o Governo do Tocantins e a Ageto para lidar com a situação. A cidade, localizada a cerca de 17 km de Imperatriz, já registrava um alto fluxo de veículos na TO-201, uma das principais rotas de acesso à segunda maior cidade do Maranhão. Com a queda da ponte em Aguiarnópolis, o tráfego de veículos pesados aumentou ainda mais, comprometendo a segurança e a infraestrutura viária da região.

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