Escândalo no Previpalmas: ex-secretário comprou casa nos EUA e teria intimidado testemunhas para acobertar esquemas

O ex-secretário de Finanças da Prefeitura de Palmas, Christian Zini Amorim, foi apontado pela Operação Moiras da Polícia Federal como peça “crucial” nos investimentos em fundos sem liquidez, os chamados “fundos podres”, realizados entre 2017 e 2018 no âmbito do Instituto de Previdência Social do Município de Palmas, o Previpalmas.

De acordo com um relatório da Polícia Federal, Christian Zini (que teve os bens bloqueados pela Justiça) teria adquirido imóveis de alto valor possivelmente por vantagens indevidas por sua participação nas irregularidades, incluindo a compra de uma casa nos Estados Unidos, além de cotas em empreendimentos em Palmas (TO) e São José do Rio Preto (SP).

Os bens apontados na decisão da Justiça são:

Anúncio no meio do texto

– 01 casa no condomínio de luxo Aldeia do Sol (Palmas-TO).

– 01 casa nos Estados Unidos (EUA).

– Imóvel rural com duas casas (Palmas-TO).

– Ativos na construção de um prédio (Palmas-TO).

– Ativos em loteamentos (Palmas-TO).

– Ativos em loteamentos (São José do Rio Preto-SP).

– Participação no restaurante Coronel’s Grill (Palmas-TO).

Nota do Repórter: O Jornal Primeira Página publicou em março deste ano que a Secretaria da Fazenda do Estado do Tocantins (Sefaz) alugou um imóvel em Palmas-TO pertencente à esposa de Christian Zini Amorim, pelo valor mensal de R$ 130 mil. A Sefaz, todavia, ainda não concluiu a mudança, mesmo após mais de um ano de contrato assinado. Leia aqui.

A Operação Moiras da PF, deflagrada no último dia 24 de maio, apurou suspeitas de direcionamento e conluio entre empresários, servidores públicos e agentes políticos para que o Previpalmas investisse R$ 50 milhões em fundos podres, causando um prejuízo de R$ 74 milhões ao fundo de aposentadoria dos servidores municipais.

Zini intimidou membro do conselho do Previpalmas

De acordo com a decisão judicial que autorizou a operação, à qual o Jornal Primeira Página teve acesso, “após surgirem suspeitas […] nas aplicações financeiras investigadas, os agentes envolvidos, especialmente Christian Zini Amorim, teriam começado a intimidar testemunhas e outros envolvidos, solicitando que encobrissem os fatos em questão.”

Entre os servidores intimidados, a PF apontou Eron Bringel, que na época era membro do Conselho de Previdência do Previpalmas. Zini teria “exigido” que ele assinasse um documento para “proteger o grupo criminoso”. Bringel recusou-se a assinar qualquer documento, designou uma comissão interna para investigar as irregularidades nos investimentos temerários e comunicou as irregularidades aos órgãos de controle.

Aliado de longa data do ex-prefeito de Palmas

Christian Zini é advogado em Palmas-TO e sócio de um escritório na capital. Na época dos investimentos em fundos podres do Previpalmas (2017-2018), ele chefiava a Secretaria Municipal de Finanças, responsável pela gestão do Instituto Previpalmas.

Zini é pessoa de confiança do ex-prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PSB), e participou do seu núcleo de gestores desde seu primeiro mandato em Palmas (2012-2016), onde também foi Secretário de Acessibilidade, Mobilidade e Transporte.

O advogado foi mencionado na decisão judicial da Operação Moiras em ao menos 40 trechos distintos. A peça foi assinada pelo juiz Pedro Alvez Dimas.

Amastha e Zini: Grupo Político envolvido na Operação Moiras

Os principais investigados na operação foram Carlos Amastha, ex-prefeito de Palmas, Maxcilane Machado Fleury, gestor do Instituto Previpalmas, Christian Zini Amorim, advogado e ex-secretário de Finanças da Prefeitura, e Fábio Costa Martins, ex-diretor de investimentos do Previpalmas.

Amastha, Fleury e Zini faziam parte do grupo político investigado na operação. Outros envolvidos compõem o Grupo de Operadores e Lavadores, o Grupo dos Fundos de Investimento e aqueles que atuavam diretamente no Previpalmas, como Fábio Costa Martins.

O relatório da Polícia Federal também detalhou que Amastha teria recebido até R$ 1,1 milhão em depósitos feitos por Alessandro Barbosa, seu ex-chefe de gabinete e posteriormente Secretário Executivo de Finanças, conforme detalhado a seguir:

– R$ 435.500,00 em 08/01/2018

– R$ 299.450,00 em 15/01/2018

– R$ 249.700,00 em 04/04/2018

– R$ 50.000,00 em 04/06/2018

– R$ 66.500,00 em 12/06/2018

Leia mais: Amastha teria recebido até R$ 1,1 milhão em depósitos feitos por seu ex-chefe de gabinete

Leia mais: Guilherme Amastha, filho do ex-prefeito, foi apontado como coordenador em negociações com fundos podres

Bens bloqueados pela Justiça

Carlos Amastha, que é pré-candidato nas eleições deste ano em Palmas, e outros 11 investigados nesta operação tiveram seus bens bloqueados pela Justiça. São eles: Alessandro Barbosa, Bruno Marcos Moreira de Araújo, Christian Zini Amorim, Denis Mandelbau, Diogo Fernandes Costa Valdevino, Fábio Costa Martins, Fábio Luiz Oliveira Lessa, Julio Cesar Valdevino, Luis Roberto Pardo, Maxcilane Machado Fleury e Silvio Marques Dias Neto.

Outros agentes públicos citados como no esquema

O relatório da Polícia Federal aponta ainda que outros gestores da época teriam possivelmente se beneficiado das atividades ilícitas. São eles:

– Adir Gentil (ex-secretário de Governo e ex-subprefeito da região Sul de Palmas)

– Claudio Schuller (ex-secretário de Planejamento)

– Públio Borges (ex-procurador geral do Município)

– Gleydson Ranyere (responsável pela segurança de Carlos Amastha)

– Alessandro Brito Barbosa (ex-chefe de gabinete de Carlos Amastha)

Nota

O Jornal Primeira Página solicitou uma nota de Christian Zini para comentar sobre o caso, mas não houve retorno. O espaço para manifestação segue aberto.

Leia também

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceitar Leia mais