Empresas fantasmas, dinheiro real; o rastro das verbas eleitorais sob suspeita no Tocantins

A Polícia Federal cumpriu oito mandados de busca e apreensão nesta quarta-feira (15) em Palmas, como parte das operações Atos 5:1-11 (I, II, III e IV). As ações investigam possíveis desvios de recursos públicos de campanhas eleitorais de 2022, por meio do uso de empresas de fachada e notas fiscais falsas.

De acordo com a PF, os investigados poderão responder por falsidade ideológica eleitoral e apropriação indébita de recursos públicos destinados ao financiamento de campanha, crimes que podem resultar em penas de até nove anos de prisão.

Alvos da operação

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Entre os alvos está o vereador de Palmas Rubens Uchôa (UB), que foi preso por posse ilegal de arma de fogo durante o cumprimento de mandado. Ele foi liberado após pagamento de fiança. Em nota, a defesa informou que o parlamentar “ainda não teve acesso aos autos do processo” e que está “à disposição da Justiça e das autoridades competentes para colaborar em todas as etapas da investigação”.

Outra investigada é Ângela Maria Cruz Borba, que foi candidata a deputada federal em 2022 pelo Avante. A PF apura indícios de transações financeiras suspeitas envolvendo cerca de R$ 360 mil de recursos públicos. Segundo o inquérito, a candidata arrecadou R$ 363,3 mil e obteve 162 votos, o que representa um custo médio de R$ 2.242,59 por voto, valor muito acima da média estadual, de R$ 163,78.

Também foram cumpridos mandados contra o subprefeito de Palmas Antônio Vieira da Silva Júnior, conhecido como Júnior Brasão, que concorreu ao cargo de deputado estadual pelo PSB. Em nota, sua defesa afirmou que ele “manifesta total disposição em colaborar com as autoridades” e destacou que “as contas da campanha de 2022 foram aprovadas sem ressalvas pelo Tribunal Regional Eleitoral”.

O empresário Ramon Flaubert Macedo de Oliveira também é investigado. Ele é apontado como responsável por empresas que teriam emitido notas fiscais falsas em nome de terceiros. A defesa informou que “não obteve acesso integral aos autos” e que se manifestará após ter acesso completo ao inquérito.

Contexto e investigação

As operações foram autorizadas pela 29ª Vara Eleitoral do Tocantins e buscam identificar o destino dos recursos eleitorais e possíveis conexões entre os investigados. Segundo a PF, o objetivo é “mapear todas as pessoas envolvidas nas supostas ações criminosas e apurar se houve uso de verba pública para caixa dois ou compra de votos”.

O nome das operações faz referência a um episódio bíblico em que Ananias e Safira ocultam parte de uma oferta e mentem sobre sua origem, simbolizando, segundo a PF, a tentativa de ocultar a destinação de valores eleitorais.

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