Em Palmas, Polícia Civil indicia dois faccionados sob acusação de matar motoboy de 18 anos
Dois faccionados foram indiciados pela Polícia Civil do Tocantins, por meio da 1ª Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoas (1ª DHPP – Palmas), por participarem do crime de homicídio que vitimou o motoboy Ayrton Evangelista de Araújo, ocorrido no dia 9 de maio deste ano, em Palmas. O inquérito policial será remetido à apreciação do Ministério Público do Tocantins e do Poder Judiciário, para adoção das medidas necessárias.
Ambos indivíduos, de 21 anos, já encontram-se presos desde o dia 12 maio, na Unidade Prisional de Palmas, após serem flagrados pela Guarda Metropolitana de Palmas com um veículo roubado e armas de fogo. Na ocasião, eles e mais três indivíduos foram conduzidos à 1ª Central de Atendimento da Polícia Civil, onde o delegado plantonista autuou e prendeu o grupo pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo, receptação e organização criminosa.
O delegado Eduardo Menezes, responsável pelo inquérito policial, destaca que a investigação iniciou logo após o crime, com a análise das câmeras de segurança do estabelecimento comercial onde a vítima trabalhava, bem como dos imóveis circunvizinhos. “Por meio das imagens, conseguimos identificar os veículos usados na emboscada feita para a vítima, que são os mesmos apreendidos com os criminosos, durante a abordagem da Guarda Metropolitana. Dos cinco presos, identificamos que dois deles são os mesmos que estão a bordo do automóvel usado no crime, o que confirma a participação deles”, explica a autoridade policial.
Para o delegado, o indiciamento contribui para que ambos permaneçam presos, evitando assim, que novos crimes de homicídios venham a ocorrer em Palmas, uma vez que a função da dupla é executar os desafetos da facção criminosa a qual fazem parte.
Crime e investigação
As investigações apontam que Ayrton sofreu uma emboscada, na noite do dia 8 de maio, por volta das 23h20, enquanto trabalhava em uma pizzaria, no plano diretor sul de Palmas. Os criminosos chegam ao local, a bordo de uma motocicleta e um automóvel (com indicativo de furto), os primeiros verificam a presença da vítima no local e se dirigem para a alameda aos fundos do estabelecimento comercial. Já os ocupantes do carro, indiciados na data de hoje, chegam a descer do veículo e comprar uma pizza, no intuito de constatar o momento exato da saída de Ayrton do trabalho.
Assim que deixou o estabelecimento, por volta da meia noite, na companhia de um colega de trabalho, cada um em sua motocicleta, Ayrton se dirigiu a casa do amigo para pegar um capacete. No trajeto, o amigo percebeu que estavam sendo seguidos e alertou Ayrton, que foi morto por disparos de arma de fogo, depois da meia noite, já no dia 9 de maio. Os disparos foram efetuados pelo carona da motocicleta que participou da emboscada.
Imagens das câmeras de segurança, próximas da casa do amigo de Ayrton, mostram o momento em que os criminosos efetuaram três disparos no intuito de parar a vítima, enquanto ainda pilotava sua motocicleta. Mais três disparos são efetuados, atingindo Ayrton que se desequilibra e cai da motocicleta. Já ao chão e sem condições de defesa a vítima é atingida por mais três disparos, vindo a óbito no local.
Nos áudios das gravações, é possível ouvir a vítima suplicando pela vida, com gritos de ‘Para, eu tô trabalhando’, ‘Socorro, eu tô trabalhando, mano’.
Aparato organizacional
O delegado Eduardo Menezes destaca que o nível de organização dos criminosos chamou atenção dos investigadores. “O aparato criminoso montado, composto por quatro marginais, dois veículos posicionados em locais distintos e até a compra de uma pizza no estabelecimento para constatar a presença do alvo, evidencia o estágio de preparo dos criminosos para prática de delitos. Eles usaram desse subterfúgio, inclusive, para se manter sentados à mesa e ter tempo para constatar a presença do alvo sem levantar suspeitas. A dupla de criminosos chega a interagir com o garçom do estabelecimento pedindo a senha do wi-fi”, destaca.
O laudo cadavérico apontou que a vítima foi atingida por oito disparos de arma de fogo. Três dias após o crime, os dois criminosos foram presos com mais três comparsas durante abordagem feita pela Guarda Metropolitana de Palmas. Na ocasião, foram apreendidas cinco armas de fogo, sendo uma .40, uma 9mm e três de calibre 380, bem como telefones celulares, capacetes, munições, relógios e jóias. Também foi apreendido o carro utilizado na emboscada contra Ayrton, e ainda, uma motocicleta com as mesmas características da que era pilotada pelos executores.
O delegado Eduardo Menezes ressalta ainda que o trabalho investigativo continua, no sentido de identificar os outros dois indivíduos que atuaram diretamente na execução da vítima.