Chef de Palmas integra seleção brasileira e conquista título inédito no Mundial de Churrasco no Chile

O chef Ramon, morador de Palmas desde 2002, integrou a seleção brasileira de churrasco que conquistou, em 2025, o título inédito do Mundial de Churrasco, realizado no Chile. Em entrevista ao Jornal Primeira Página, ele detalhou a trajetória profissional, a preparação da equipe e a importância da vitória, que levou o Brasil ao primeiro lugar entre 62 seleções de mais de 40 países.

Convocado pela terceira vez para a seleção brasileira, o chef representou o Tocantins em um grupo formado por profissionais de diferentes regiões do país, o que, segundo ele, foi decisivo para o resultado histórico.

“Você ser chamado para representar o Brasil, que tem uma gastronomia tão forte, é um privilégio. Representar o Tocantins foi uma consequência natural, já que moro aqui e tenho muitas pessoas que me incentivam”, disse Ramon.

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Seleção brasileira no Mundial de Churrasco – Foto: Arquivo Pessoal

Mudança para o Tocantins à retomada da gastronomia

Natural de São Paulo, Ramon chegou a Palmas no início dos anos 2000, depois de já ter experiência como empresário do setor gastronômico. Após abrir restaurante na capital, ele se afastou temporariamente da cozinha e seguiu carreira no serviço público estadual, período em que cursou Direito e ocupou cargos como diretor do Detran e vice-presidente do Instituto de Terras do Tocantins (Itertins).

Mesmo fora da área, o vínculo com a gastronomia permaneceu.

“A gastronomia sempre puxou. O coração sempre voltava para ela. É uma paixão, é algo que me move e que acalenta o meu coração”, afirmou.

  • Clique aqui para conferir um trecho da entrevista exclusiva com o chef Ramon.

A retomada ganhou força a partir de 2018, com trabalhos em charcutaria, produção artesanal de embutidos e participação em competições. Em 2020, ele decidiu investir novamente de forma integral na área. Ainda em 2020, Ramon comprou um flutuante no lago de Palmas e passou a oferecer experiências gastronômicas completas durante os passeios. O projeto cresceu durante a pandemia, quando o lago se tornou alternativa de lazer para famílias.

“A pessoa não precisa levar nada. Chega de manhã, já tem entradas prontas, e sai no fim da tarde já jantada. A gastronomia já faz parte da experiência”, explicou.

Segundo ele, o modelo permitiu manter as atividades mesmo durante o período de restrições e ampliou a visibilidade do seu trabalho.

Convocação para a seleção e campanhas anteriores

O reconhecimento nacional veio após a atuação em eventos e churrascos no Brasil e no exterior. Em 2023, Ramon foi convocado para integrar a seleção brasileira no Mundial da Costa Rica, onde o grupo conquistou o terceiro lugar na categoria carne suína. O resultado se repetiu em 2024, na Alemanha.

A edição de 2025, no Chile, marcou a conquista do título geral, com a maior delegação brasileira já enviada à competição.

“Tinha gente do Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e do Distrito Federal. Quando você junta pessoas boas, com culturas gastronômicas diferentes, a tendência é crescer”, afirmou.

Estratégia, adaptação e regras da competição

Além da técnica, a preparação envolveu logística e adaptação ao paladar local. Segundo Ramon, a equipe chegou dias antes ao Chile para entender hábitos gastronômicos e preferências dos jurados, a maioria da região.

Ao explicar a estratégia, Ramon contou que o grupo precisou estudar os gostos locais.

“A gente precisava entender se eles gostavam de menos sal, menos tempero, carne mais mal passada. Tudo isso foi sendo ajustado”, disse.

As regras do campeonato determinam que todos os ingredientes principais sejam fornecidos pela organização, garantindo igualdade entre as equipes. Apenas os temperos podem ser levados pelos competidores. As provas incluíram cortes bovinos, suínos, frango, salmão, um prato exótico com coelho e uma categoria vegetariana com chocolate obrigatório.

Sabores brasileiros e ingredientes do Cerrado

Para Ramon, o uso de ingredientes brasileiros foi decisivo na avaliação dos jurados. Ele destaca frutas, farofa e produtos do Cerrado como elementos centrais das receitas apresentadas.

“Nós usamos frutas do Cerrado, buriti, tamarindo, farofa. O brasileiro gosta de comida bem temperada, com alho, cebola, coentro. Foi isso que agradou”, disse.

Ele também citou o uso de temperos desenvolvidos em parceria com uma empresa de Palmas, que devem ser lançados no mercado nos próximos meses.

Visibilidade e próximos passos

Apesar do título inédito, Ramon avalia que o principal desafio agora é ampliar o conhecimento do público sobre a existência da seleção brasileira de churrasco e das competições internacionais.

“Muita gente não sabe que existe uma seleção brasileira de churrasco ou um campeonato mundial. A gente não pode cobrar de quem não conhece”, afirmou.

Após a conquista, o chef recebeu homenagens locais, como moção de aplauso da Câmara Municipal de Palmas. Entre os próximos passos, ele cita a continuidade das consultorias, cursos e a busca por nova convocação para a seleção. O próximo campeonato ainda não foi confirmado oficialmente, mas há expectativa de que ocorra na Holanda.

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