“Duna: Parte Dois” – Um espetáculo de areia, sussurros e vazio emocional

SINOPSE é a coluna do Jornal Primeira Página assinada por Carolinne Macedo. Tudo sobre os principais lançamentos cinematográficos do mês e um mergulho na sétima arte! Que Denis Villeneuve não brinca em serviço, disso já sabíamos. Mas o retorno do diretor ao universo de Duna é uma experiência visual ainda mais apoteótica, um espetáculo cinematográfico que abraça a grandiosidade sem hesitar. “Duna: Parte Dois” é uma imersão em um mundo vasto e opressor, onde cada grão de areia parece meticulosamente posicionado para reforçar o épico. Mas, como na primeira parte, a beleza das imagens se

“Nickel Boys”:  o horror invisível de uma América ferida

RaMell Ross retorna às telas com um projeto ambicioso, mergulhando fundo nas raízes de sua filmografia com “Nickel Boys”. O filme que marca a estreia do diretor em longa-metragens é uma adaptação cinematográfica do livro de mesmo título vencedor do prêmio Pulitizer. Ross que já demonstrou maestria ao abordar a experiência negra americana em seus documentários, entrega aqui um filme de impacto inegável. A adaptação do premiado romance de Colson Whitehead se traduz em um drama de denúncia social que, além de contar uma história poderosa, reflete sobre o próprio ato de narrar traumas históricos.

“Emilia Pérez”: quando a ousadia se transforma em desastre

O ano de 2024 não tem sido generoso com os musicais. O gênero, que já reinou absoluto como um dos pilares da sétima arte, hoje luta para se manter respirando em meio a produções que o tratam como um mero adorno. Números grandiosos de canto e dança vêm sendo reduzidos a meros artifícios narrativos, e a ousadia de abraçar a forma musical parece cada vez mais rara. Mas eis que surge “Emilia Pérez”, o novo filme de Jacques Audiard, com a proposta de trazer um sopro de novidade ao gênero. Mas será que inova mesmo? Pessoalmente, vejo o filme como uma experiência, no mínimo, desconcertante e a

O conto de fadas moderno que é “Anora” e a habilidade de Sean Baker em revelar o que está sob a superfície

Vencedor da Palma de Ouro em Cannes 2024, e indicado ao Oscar de Melhor filme desse ano, “Anora”, o mais recente trabalho de Sean Baker, é um conto de fadas moderno, uma Cinderela contemporânea, com toques ácidos e um humor certeiro. A história acompanha Ani (Mikey Madison, num desempenho impecável), uma stripper e prostituta em Brighton Beach, Nova York, que se vê em um improvável romance com Ivan (Mark Eidelshteyn), herdeiro de um oligarca russo. Essa narrativa poderia facilmente cair no clichê, mas Baker, como já nos acostumou, subverte expectativas com maestria, construindo as situações e

O Auto da Compadecida 2: Um reencontro divertido, mas desnecessário

O retorno de Chicó e João Grilo às telonas, 24 anos após o clássico "O Auto da Compadecida", era um evento cinematográfico aguardado com entusiasmo e desconfiança. Afinal, como reviver uma história tão icônica sem cair na armadilha da repetição? Pois bem, "O Auto da Compadecida 2" chegou aos cinemas dia 25 de dezembro, do ano passado, para responder essa pergunta, ainda que sua resposta não seja das mais convincentes. Um fato que ninguém pode contestar é que esta foi uma sequência totalmente desnecessária, afinal, que história mais teriam pra contar? Os personagens vividos por Selton Mello e

“Conclave” – poder, fé e conspiração nos bastidores do Vaticano

SINOPSE é a coluna do Jornal Primeira Página assinada por Carolinne Macedo. Tudo sobre os principais lançamentos cinematográficos do mês e um mergulho na sétima arte! A sucessão papal pode não parecer um tema palpitante para um thriller cinematográfico, mas Edward Berger prova o contrário com "Conclave". O diretor, que já havia demonstrado sua habilidade com a tensa reconstrução histórica de "Nada de Novo no Front" (vencedor de quatro Oscars), agora mergulha nas intrigas do Vaticano, transformando um ritual secular em um xadrez de ambição e poder. Baseado no livro homônimo de Robert

A beleza como prisão: “Um Homem Diferente” e os paradoxos da insatisfação humana

Nem a tão sonhada “perfeição” é capaz de resolver nossas angústias, afinal a insatisfação é uma das características mais inquietantes do ser humano. "Um Homem Diferente" nos coloca em um espelho incômodo, refletindo a eterna insatisfação humana e nos apresentando um homem que possui uma deformidade na face que o torna vítima de todo tipo de rejeição e olhares de repulsa por onde passa. Seus olhos percorrem os ambientes como se vivesse em um constante estado de alerta, procurando algo em alguém, observando aqueles que atenta e indiscretamente o observam. Seu reflexo no espelho não nega suas

“Megalópolis” representa exatamente tudo o que Hollywood não preza, e isso é bom

É difícil escrever sobre “Megalópolis” sem antes refletir sobre o que ele representa para o cinema atual. Em tempos onde a arte é, muitas vezes, sufocada pela lógica do lucro e pela necessidade de agradar grandes massas, Francis Ford Coppola entrega uma obra que vai contra a corrente. Seu filme é, ao mesmo tempo, uma utopia e um ato de resistência: um grito por originalidade em meio ao marasmo do entretenimento padronizado. Estamos acostumados ao cinema que busca a aceitação imediata, que oferece fórmulas seguras e confortáveis. Mas “Megalópolis” não se encaixa nesses moldes. É uma obra que

“Ainda Estou Aqui: Walter Salles e o cinema como memória e resistência

“Ainda estou aqui” é uma obra que nos coloca cara a cara com o legado doloroso da ditadura brasileira enquanto explora com sensibilidade as fragilidades e resiliências de uma família em tempos sombrios. Walter Salles, cineasta consagrado por filmes como “Diários de Motocicleta” e “Central do Brasil”—que lhe renderam reconhecimento internacional e lhe estabeleceram como uma voz de peso no cinema—faz de seu retorno ao cinema um ato quase de resistência artística, defendendo a memória como “instrumento contra o esquecimento”. Com seu olhar poético e um viés político pungente, Salles assina um

SINOPSE – A Substância se consolida como o melhor filme do ano ao questionar a beleza e desafiar os padrões

Após sete anos de hiato, a diretora francesa Coralie Fargeat retorna com o impactante “A Substância”. Conhecida pelo seu olhar provocativo e original, Fargeat, que ganhou destaque com “Vingança” (2017), reafirma seu talento ao transformar “A Substância” em uma obra perturbadora e visualmente marcante, consolidando-o como um dos melhores filmes do ano. Neste novo trabalho, Fargeat continua a explorar temas de violência e opressão, mas, desta vez, lança luz sobre o mundo da beleza e da obsessão com a aparência. É uma ousada alegoria sobre a alienação feminina e os efeitos devastadores da busca

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceitar Leia mais