OPINIÃO – Palmas e o risco fiscal de um endividamento inconsequente

Artigo assinado por Dr. Vinicius Pires, cardiologista e vereador de Palmas

O relatório de avaliação do cumprimento da meta fiscal do 1º quadrimestre de 2025 é claro: Palmas aumentou suas despesas, mas viu seu superávit primário despencar 75% em relação ao ano passado. Isso significa que estamos gastando mais e economizando menos — uma equação perigosa.

A frustração de receita foi significativa: R$ 85 milhões abaixo da meta, com destaque para a queda de 13% no FPM e retração de outras transferências como ICMS e SUS. Enquanto isso, as despesas liquidadas cresceram quase 7% em termos reais, com destaque para urbanismo, saúde e educação.

Anúncio no meio do texto

Neste cenário, a pergunta que não quer calar é: se mantermos esse ritmo, teremos superávit primário ao final do ano? A resposta técnica é não. A própria estrutura fiscal do município aponta para um desequilíbrio iminente. E ainda assim, a Prefeitura propõe a contratação de um empréstimo de R$ 300 milhões, que adicionará, já em 2026, R$ 60 milhões anuais ao serviço da dívida — ou seja, R$ 12 milhões por mês em amortização e juros.

Hoje, Palmas já gasta R$ 78 milhões por ano com dívidas passadas. Com esse novo empréstimo, vamos ultrapassar R$ 138 milhões/ano em obrigações financeiras, em um cenário de queda na arrecadação e enfraquecimento da capacidade fiscal. Inclusive, Palmas já teve sua capacidade de pagamento (CAPAG) rebaixada de A para B, sinal de alerta emitido pelo Tesouro Nacional.

Minha pergunta ao prefeito é direta: Como essa gestão pretende sustentar esse endividamento sem colocar em risco a manutenção de benefícios como o auxílio-saúde e o vale-alimentação, e sem comprometer ainda mais o pagamento da data-base dos servidores — que já está em atraso —, a reposição de equipes de saúde nas UPAs e nas unidades básicas, e outras obrigações essenciais que hoje já enfrentam dificuldades operacionais?

A conta não fecha. E quem vai pagar essa conta será o servidor, será o contribuinte, será a população palmense.

Não votei nesse empréstimo — e reafirmo aqui minha posição. Porque votar favoravelmente a essa operação seria fechar os olhos para um alerta fiscal claro. Seria empurrar uma dívida pesada para um futuro já ameaçado.

Fica aqui meu alerta e meu compromisso com a responsabilidade fiscal e com a proteção dos direitos dos servidores e da população.

Leia também

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceitar Leia mais