Amor que não escolhe: “Ele é o meu filho de coração”, diz mãe adotiva

Há mais de uma década, Creuza Aquino assumiu sozinha o papel de cuidar do Breno Mateus, diagnosticado desde os 3 anos com paralisia cerebral e abandonado pela mãe biológica ainda na infância. Creuza é a primeira personagem da série de entrevistas “Adoção: Um amor que não escolhe”, realizada pela Prefeitura de Araguaína em homenagem ao Dia das Mães.
 
Breno tem 23 anos, é usuário do Centro-Dia e, devido à deficiência, precisa do auxílio de cadeira de rodas para se locomover e dos cuidados especiais ao tomar banho, vestir e alimentar-se. Mesmo aos 73 anos, com problemas e dores na coluna, Creuza lida com essa rotina. “É difícil, mas não me arrependo. Desde que ele chegou, o meu coração mudou, é uma lição de vida muito grande, eu aprendi a me doar mais e aceitar as pessoas como são”, contou.
 
A forma que Breno tem de demonstrar as emoções é por meio da euforia, ele é conhecido no Centro-Dia pela alegria que transmite. Sem conseguir falar, esboça um sorriso largo no rosto, principalmente quando recebe os carinhos que a mãe dele faz na cabeça, enquanto, com a voz serena, ela diz: “A mamãe está aqui meu filho”.
 
Descobertas de uma longa história
Breno, desde os primeiros dias de vida, convivia com Creuza e seu companheiro na época, contra a vontade da mãe biológica, que namorava com o filho mais velho de Creuza. “Ela não queria que cuidássemos dele e eu não entendia, porque, afinal, éramos avós. Tentou duas vezes doar o Breno para outras famílias, eu fui atrás e disse que ele ficaria com a gente, que é do mesmo sangue”, contou.
 
Três anos depois, a mãe biológica de Breno teve uma filha e estava no puerpério quando ficaram abrigadas na casa de Creuza, momento em que ela descobriu a traição do companheiro da época. “Ele me disse: ‘Aquela menina que nasceu, a chance de ser minha filha é 90%’. Daí começaram as brigas e nos divorciamos”.
 
A decisão de cuidar
Sem saber se Breno era seu neto ou fruto de uma relação extraconjugal do seu ex-marido com a antiga nora, Creuza escolheu, há 13 anos, o amor ao invés do orgulho e enfrentou o preconceito e a rejeição da família. “No começo, eles não queriam aceitar, falavam que era filho do meu ex-marido. Eu nunca fiz o teste de DNA, para mim não importa, pois ele é o meu filho de coração”, confessou.
 
Suporte para mães e filhos
Desde 2020, em dias alternados, a equipe do Centro-Dia busca Breno em casa e leva-o para a unidade. O local atende as pessoas com deficiência física, visual, intelectual e múltiplas, e oferece atividades de lazer, refeições, além do acompanhamento com uma equipe multidisciplinar. “Ele mudou completamente, está mais feliz com a convivência aqui. O Centro-Dia também me ajuda muito, quando ele está aqui eu faço minhas coisas, trabalho e posso visitar a minha filha”, contou.
 
O amor supera as dificuldades
Breno recebe o BPC (Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência) e é com essa renda de um salário-mínimo que eles conseguem pagar o aluguel. Para comprar mantimentos, Creuza trabalha em casa como costureira e artesã.
 
O amor pelo seu filho de coração e a fé são o que a mantiveram otimista nessa jornada solo. Ela deixa a seguinte mensagem para quem estiver pensando em adotar: “Siga em frente, Deus capacita mesmo quando pensamos que não iremos dar conta. Todo esforço que fazemos por um filho que não teve mãe e decide adotar, como eu fiz, vale a pena”, finalizou.

Leia também

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceitar Leia mais