UFT realiza SimulaRI 2025; simulação da COP30 integra alunos de diferentes cursos e estimula aprendizado prático sobre diplomacia e meio ambiente
Entre os dias 21 e 23 de outubro, a Universidade Federal do Tocantins (UFT) realiza a SimulaRI 2025, uma simulação acadêmica da 30ª Conferência das Partes (COP30), evento internacional sobre mudanças climáticas organizado pela ONU. A atividade acontece no auditório da Reitoria, em Palmas, e integra estudantes de diversos cursos de graduação, como Relações Internacionais, Jornalismo, Direito, Biologia e Letras. A palestra de abertura ocorre de forma virtual no dia 21.
A iniciativa faz parte do Programa Institucional de Inovação Pedagógica (PIIP) e é promovida em conjunto com o curso de Relações Internacionais da UFT. O projeto tem como objetivo desenvolver habilidades de negociação, diplomacia e resolução de conflitos por meio da vivência prática da dinâmica de uma conferência internacional.
Segundo o coordenador do projeto, o professor Jan Marcel Lacerda, a SimulaRI adota uma metodologia ativa de ensino, em que os alunos assumem papéis diplomáticos para discutir temas globais. “O projeto busca fazer uma metodologia ativa de ensino, onde os alunos vão conduzir uma discussão sobre uma organização internacional. Esse ano vai ser a COP30. Eles vão exercer a função de delegações de Estado que vão estar debatendo a posição daquele Estado perante a questão climática e a discussão central da COP30”, explica.
Interdisciplinaridade e expansão do projeto
Criada em 2018, a SimulaRI surgiu dentro de uma disciplina do curso de Relações Internacionais e, com o tempo, se expandiu para incluir ações de ensino, extensão e pesquisa. “A ideia do SimulaRI é justamente ele ser interdisciplinar. Então a gente tem muitas simulações que são encabeçadas por cursos de relações internacionais, mas a gente também tem do direito, por exemplo, da história. Sempre foi a ideia conseguir que esses alunos também participassem. Essas parcerias agora, mais fortemente com o jornalismo, ajudaram a divulgar e expandir muito o projeto”, afirma o professor.
A edição de 2025 é a sexta simulação realizada e a quinta vinculada ao PIIP, contando com o envolvimento de monitores, bolsistas e extensionistas. Apesar do crescimento, Lacerda explica que o projeto enfrenta limitações de recursos. “A gente teve uma redução de bolsas pela metade desde o ano passado. Esse ano a gente vai ter a maior simulação, maior quantidade de pessoas participando, maior projeção do evento, e a gente tem a metade da quantidade de pessoas organizando”, relata.
De acordo com o professor, a diminuição do número de bolsas ocorreu por cortes orçamentários internos. “Isso foi parte da própria universidade por questão de cortes orçamentários desde o ano passado. A gente tinha seis bolsistas, reduziu para três. Tinha um tutor, não tem mais tutor, porque foram cortadas as quantidades de bolsa”, afirma.
Alunos no papel de diplomatas
A estudante Luna Monteles, do sexto período de Relações Internacionais e bolsista do PIIP, participa pela segunda vez da SimulaRI. Ela explica que o projeto reproduz o funcionamento de organismos internacionais e oferece uma experiência prática de simulação diplomática. “O SimulaRI é a sigla para Simulações em Relações Internacionais. É um projeto cujo objetivo é de simular uma organização internacional. Essa é a sexta edição da SimulaRI e em todos os anos a gente busca simular uma organização diferente”, conta.
Em 2025, a simulação reúne quase 60 estudantes, representando 29 países. Cada dupla de delegados deve defender os interesses do país que representa nas discussões sobre o futuro climático global. “Acredito que pela relevância do tema e pelas parcerias que também nós constituímos nessa simulação, como com o curso de Jornalismo e a empresa júnior Sagaz, tivemos um salto bem interessante”, afirma Luna.
A estudante explica que o projeto tem atraído a atenção de outras áreas além das Relações Internacionais. “Ano passado foi uma das simulações que foi mais diversa em relação a estudantes. Nós tivemos estudantes da biologia, da letras, fora demais cursos que tradicionalmente já participam, como o direito. As temáticas da SimulaRI, em todos os anos, são temáticas que não só interessam aos alunos de relações internacionais. Como, por exemplo, este ano, pela primeira vez, nós estamos simulando uma conferência das partes, que é uma COP. O mundo está de olhos para o Brasil e nós, enquanto brasileiros que estamos aqui, principalmente situados na Amazônia Legal, estamos também no epicentro da coisa”, destaca.
Organização e aprendizado
A estrutura da SimulaRI é dividida em três comissões: acadêmica, estrutural e de comunicação. Cada uma tem responsabilidades específicas — desde a elaboração dos guias de estudo até a logística e a divulgação do evento. “A gente também tem o pessoal da imprensa, que é a comissão de comunicação que lida com toda a questão da imprensa, da comunicação da SimulaRI com o Instagram, com a Sucom da UFT e com o jornalismo, mais claramente agora com o curso de jornalismo”, explica Lacerda.
Luna acrescenta que o projeto oferece experiências que vão além do debate teórico. “Os estudantes adquirem habilidades diplomáticas, de oratória, de documentos e também de cooperação com outros estados, simulando um ambiente formal, simulando um organismo real”, descreve.
Para o coordenador, a proposta permite que os alunos desenvolvam tanto competências técnicas quanto habilidades interpessoais. “Os frutos do SimulaRI são diversos, desde aplicar a teoria na prática até desenvolver habilidades como oratória, falar em público, resolver problemáticas em equipe, redigir textos oficiais e negociar”, diz Lacerda.
Perspectivas e desafios
Além de fortalecer a integração entre cursos, a equipe da SimulaRI trabalha para ampliar parcerias com instituições externas. “A gente vai ter agora, mais para frente, no próximo mês, uma parte dessa simulação apenas com os discursos no IFTO de Porto Nacional. Já fizemos uma iniciativa dessa em uma escola de ensino médio. A ideia é expandir esse modelo para escolas públicas e particulares, porque divulga tanto a SimulaRI quanto a universidade”, explica Lacerda.
Para Luna, o maior desafio é reduzir o distanciamento entre o curso de Relações Internacionais e os demais estudantes. “Muita gente não sabe o que a gente estuda, o que a gente faz, onde que a gente se concentra, quais que são nossas pesquisas. Então, acabam observando um evento que é de relações internacionais como algo um pouco mais distante. Acho que esse é um ponto de virada”, avalia.
Mesmo com as dificuldades, a estudante afirma que a expectativa para esta edição é positiva. “Eu particularmente estou bem animada porque eu tenho percebido que a simulação tem evoluído durante cada ano. Em 2023, eu participei como delegada e agora estou na organização. Acredito que a SimulaRI de 2025 foi bem mais divulgada, mais pessoas ficaram sabendo e nós tivemos mais interesse em participação”, afirma.
Para o professor Jan Marcel Lacerda, a continuidade do projeto depende do apoio institucional. “Essa é uma dificuldade que a gente já vem reclamando para as instituições superiores da UFT, que é uma necessidade de investimento maior nesse projeto, porque ele vem entregando muita coisa”, conclui.
Mesmo diante dos desafios financeiros, a SimulaRI segue como uma das principais experiências de aprendizagem prática da UFT, estimulando a formação crítica, o trabalho colaborativo e o protagonismo estudantil em temas globais, como a diplomacia e as mudanças climáticas.