Mulheres vítimas de violência levam até um ano para denunciar, revela Programa Ligue 180

A Assembleia Legislativa do Tocantins sediou nesta quinta-feira (21) uma audiência pública voltada ao combate ao feminicídio e à proteção das mulheres. O encontro, proposto pelo deputado estadual Moisemar Marinho (PSB), reuniu parlamentares, autoridades de segurança, advogadas e militantes.

Dados do Ligue 180

Durante o debate, a secretária-executiva do Ministério das Mulheres, Eutália Barbosa, apresentou dados do programa Ligue 180, canal de denúncia do Governo Federal. Entre janeiro e julho deste ano, foram registrados 600 mil atendimentos e quase 90 mil denúncias de violência contra mulheres.

Anúncio no meio do texto

Segundo Barbosa, a maioria das vítimas é heterossexual e negra, enquanto a maior parte dos suspeitos são homens heterossexuais. Em mais da metade dos casos, o agressor é o companheiro ou ex-companheiro da vítima. “Outro dado alarmante é que as mulheres esperam até um ano para procurar ajuda”, destacou.

Entre os casos denunciados, 35 mil foram de violência física, 24 mil de violência psicológica e 3 mil de violência sexual, sendo a maioria cometida dentro de casa. Os canais mais utilizados para denúncia são telefone, e-mail, WhatsApp e atendimento em Libras.

O encontro reuniu parlamentares, autoridades de segurança, advogadas e militantes – Foto: Divulgação

Cenário no Tocantins

No Tocantins, os números também preocupam. Em 2024, foram registrados 4.211 casos de ameaça e 2.372 casos de lesão corporal contra mulheres, segundo o DataSenado. O levantamento nacional mostra que 68% das brasileiras têm uma amiga, familiar ou conhecida que já sofreu violência doméstica. No Tocantins, Acre e Amazonas, esse índice ultrapassa 70%.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aponta que, até junho de 2025, o Estado concedeu 2.779 medidas protetivas. Os casos de feminicídio também cresceram: foram 79 em 2020, 88 em 2021, 109 em 2022, 95 em 2023 e 115 em 2024. Somente até junho deste ano, já foram registrados 56 casos.

Ações do Estado

A secretária de Estado da Mulher do Tocantins, Berenice Barbosa, reforçou a necessidade de fortalecer a rede de atendimento. “O Tocantins tem avançado, mas sabemos que ainda há muito a ser feito. Temos levado caravanas por todo o Estado com atendimentos de saúde, crédito e empreendedorismo, buscando reduzir a dependência das mulheres”, afirmou.

A audiência pública também abordou estratégias para integrar órgãos públicos, sociedade civil e entidades de proteção, com o objetivo de reduzir os índices de feminicídio e ampliar as políticas de enfrentamento à violência contra a mulher no Tocantins.

Leia também

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceitar Leia mais