Escândalo no Previpalmas: Guilherme Amastha, filho do ex-prefeito, foi apontado como coordenador em negociações com fundos podres
Guilherme Amastha, empresário e filho do ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB), foi apontado pela Operação Moiras da Polícia Federal da última sexta-feira, 24, como um dos coordenadores nas negociações com operadores dos fundos sem liquidez, os chamados “fundos podres”, que receberam investimentos de R$ 50 milhões do Instituto de Previdência Social do Município de Palmas, o Previpalmas.
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Conforme o depoimento de Elton Felix Gobi Lira, um dos investigados nesta operação, Guilherme Amastha esteve pessoalmente no Rio de Janeiro (RJ) e tratou do percentual de propina que seria pago para que os investimentos de alto risco fossem realizados pelo Previpalmas.
Elton Felix, que era ligado ao fundo de investimento ICLA TRUST, declarou na polícia que foi responsável por captar os recursos e que ficou decidido o percentual de 15% (R$ 7.500.000,00) de propina. “Sendo que […] Guilherme Franco Amastha, filho do então prefeito Carlos Amastha, seria o responsável por coordenar as negociações.”
Elton apresentou ainda mais detalhes: “[…] que no caso do Previpalmas o pagamento foi feito em espécie, na sede da ICLA TRUST, na praia de Botafogo, no Rio de Janeiro (RJ), em frente a churrascaria Fogo de Chão; que estavam presentes Guilherme Amastha, Maxcilane [Fleury] e Paulo José De Lima [Cais Mauá].”
Todas estas informações estão contidas na decisão judicial que autorizou a deflagração da Operação Moiras, a qual o Jornal Primeira Página obteve acesso.
Na sexta-feira passada, 24, a Operação Moiras resultou na execução de 27 mandados de busca e apreensão em seis estados do país. A ação revelou um esquema entre gestores da Prefeitura de Palmas, empresários e agentes públicos, que viabilizaram investimentos de alto risco com o dinheiro da aposentadoria do servidor público municipal.
Carlos Amastha foi apontado como chefe do esquema no Previpalmas
De acordo com a decisão do juiz Pedro Alves Dimas, que autorizou a Operação Moiras, Amastha é acusado não só de orquestrar os investimentos junto com sua equipe de gestores na época, mas também de manipular a estrutura do Previpalmas para facilitar o esquema.
Carlos Amastha, que é pré-candidato nas eleições deste ano em Palmas, e outros 11 investigados nesta operação estão com seus bens bloqueados pela Justiça, conforme pedido feito pela autoridade policial que conduziu as investigações.
São eles: Alessandro Barbosa, Bruno Marcos Moreira de Araújo, Christian Zini Amorim, Denis Mandelbau, Diogo Fernandes Costa Valdevino, Fábio Costa Martins, Fábio Luiz Oliveira Lessa, Julio Cesar Valdevino, Luis Roberto Pardo, Maxcilane Machado Fleury e Silvio Marques Dias Neto.
Núcleo Político
Além de Carlos Amastha, os principais investigados pela polícia são Maxcilane Machado Fleury, gestor do Instituto Previpalmas; Christian Zini Amorim, advogado e ex-secretário de finanças da Prefeitura de Palmas; e Fábio Costa Martins, ex-diretor de investimentos do Previpalmas.
Amastha, Fleury e Zini fazem parte do grupo político investigado. Outros envolvidos compõem o grupo de operadores e lavadores, o grupo dos fundos de investimento e aqueles que atuavam diretamente no Previpalmas, como Fábio Costa Martins e Maxcilane Fleury.
A decisão da 4ª Vara Federal Criminal, que autorizou os mandados de busca e apreensão, detalha o esquema e revela que a investigação começou após uma denúncia de uma ex-diretora do Previpalmas, que reportou aplicações sem autorização do conselho.
Empresário optou por não se manifestar
O Jornal Primeira Página solicitou uma nota de Guilherme Amastha, porém, até a publicação desta reportagem não houve retorno. Espaço para manifestação segue aberto.
Mesmo citado na decisão judicial que autorizou a operação, Guilherme Amastha não foi alvo dos mandatos de busca e apreensão e bloqueio de bens.