OPINIÃO: o abismo está à espera

Por Sandra Miranda, jornalista e advogada.

Como é notório, sou uma jornalista que se identifica mais com o campo da direita, sendo conservadora em relação a valores e princípios morais, mas isso nunca significou que não mantive meus olhos bem abertos em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus defeitos.

Votei nele e votaria de novo, se as circunstancias fossem as mesmas, mas costumo dizer que, infelizmente, para o Brasil, em 2018, Bolsonaro foi o homem errado na hora certa, a hora em que o país finalmente tomou consciência da perversidade da esquerda.

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Bolsonaro propiciou apenas um hiato de tempo, antes que a esquerda voltasse ao poder em 2022, sedenta, despudorada, raivosa, vingativa, encarnando todo o mal de que é capaz. Claro, não foi Bolsonaro que elegeu o Lula, já que nem este mesmo se elegeu, e sim o sistema, mas o ex-presidente ajudou, e muito.

Bolsonaro colaborou, por não ter a envergadura de líder, e eu vinha evitando criticar o PT o tanto que eu gostaria – e poderia, frente a tudo que estamos vendo nesse primeiro ano do governo Lula, por não querer ser reduzida a mera bolsonarista, logo eu, que, não sofrendo de dissonância cognitiva, como tantos sofrem na esquerda – e na direita, consegui enxergar muito bem os erros e defeitos do ex-presidente.

O curioso é que jornalista (e as pessoas em geral) que critica o Lula logo é rotulada de jornalista bolsonarista, mas o inverso não acontece. A hipocrisia em que o Brasil está mergulhado não permite chamar os jornalistas lulistas de jornalistas lulistas, eles, que são a maioria, e que de forma covarde, esqueceram-se da nobreza e da função social da profissão, e continuam ajudando a empurrar o país para o completo abismo.

Como eu sempre valorizei a oposição – um fato também notório – esperançosa e ingenuamente, votei no Lula quatro eleições seguidas (em 1989, em 1994, em 1988 e em 2002), claro, muito se deveu ao meu desconhecimento, pois as informações não circulavam com tanta facilidade, como hoje. E dos meus votos no PT, apropriadamente, ninguém costuma se lembrar.

Muito bem informada atualmente, viciada em notícias que sou, com a tela do meu celular rolando infinitamente, o que tem me causado dores nos braços e na coluna cervical, não posso ser ingênua, e nem nutrir nenhuma esperança neste governo que aí está.

Como ter alguma expectativa, se a esquerda fala tanto em direitos, mas foi incapaz de mostrar consternação pela morte de um cidadão inocente na prisão, pai de família, enquanto corruptos, assassinos, estupradores e traficantes estão livres para praticar seus crimes. E agora, enquanto nada é feito para deter o avanço da violência que explode no país, Lula está sendo capaz de indicar para ministro do STF, o seu ministro da Segurança Pública.

Tendo permitido adentrar ao ministério a Dama do Tráfico, Flávio Dino, caso seja referendado pelo Senado Federal, será com certeza o pior de todos os ministros da Corte – se é que isso é possível, vide Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Luiz Roberto Barroso, e os demais. Como se percebe, então, o abismo está à espreita, e apenas espera.

Enquanto isso, nem com a lanterna de Diógenes, e procurando incessantemente, consigo ver no que Lula melhorou o Brasil. E desta forma, não me importa mais, em absoluto, que convenientemente, esqueçam da carreira que construí, e que me rotulem de qualquer coisa, desde que eu, meus filhos e Deus, saibamos que covarde eu nunca fui e nunca serei mesmo, principalmente, nesta hora mais escura do nosso Brasil.

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