MPTO lança projeto de emissão de carteiras de identidade para crianças de 0 a 12 anos

As impressões digitais são formadas no sexto mês de gestação e acompanham a pessoa até a morte, sem apresentar mudanças significativas. Por isso, a digital confere uma identificação única e segura da criança, mesmo que pequena. Tirar a carteira de identidade o mais cedo possível é uma forma de garantir, ainda na infância, os direitos de cidadão e também é uma ferramenta poderosa em casos de desaparecimento.

Em um Estado que está acima da média nacional de desaparecimentos, com 36,2  desaparecidos a cada 100 mil habitantes, garantir a identificação biométrica de crianças, desde a primeira infância, pode significar agilidade e segurança nas buscas de uma pessoa desaparecida ou até mesmo dificultar o tráfico ou a adoção ilegal de crianças.

De olho nessa realidade, o Ministério Público do Tocantins (MPTO) desenvolveu o projeto “Mini Cidadão”, que será lançado nesta terça-feira, 22, visando facilitar a emissão do documento de identificação para crianças de 0 a 12 anos de idade, matriculadas em creches e escolas de Ensino Fundamental da Capital, como forma preventiva de segurança.

Anúncio no meio do texto

O lançamento acontece na Escola Mestre Pacífico Siqueira Campos, localizado na quadra 409 Norte, em Palmas às 19h. Na quarta-feira, 23, e quinta-feira, 24, equipes do MPTO do Instituto de Identificação, da Receita Federal e da Secretaria Municipal de Educação (Semed) estarão na escola  emitindo carteira de identidade com o CPF para as crianças matriculadas.

Coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Cidadania, dos Direitos Humanos e da Mulher (Caoccid), a promotora de Justiça isabelle Figueiredo destaca que diferente da certidão de nascimento, o RG tem a foto da criança, a impressão digital e o nome dos genitores ou responsáveis, dados que podem dificultar a ação de criminosos e facilitar a busca, localização e identificação em caso de desaparecimento.

“O desaparecimento de crianças tem peculiaridades, como o fato de elas mudarem rapidamente de fisionomia e, se forem muito novas, não possuírem  a capacidade de informar quem são seus pais ou onde moram, por isso, a biometria facilita muito essa identificação na hora de localizar uma criança”, disse.

A iniciativa faz parte do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (Plid – Tocantins), desenvolvido pelo MPTO, que, este ano, já realizou outras ações inovadoras, como o lançamento da Cartilha e Fluxo de Desaparecimentos no Tocantins.

Desaparecimentos no Tocantins

Segundo dados da 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado no último mês de julho, em 2022 o Brasil registrou 74.061 pessoas desaparecidas, uma média nacional  de 32 desaparecimentos a cada 10 mil habitantes. A média tocantinense é de 36,2, o que coloca o Estado na oitava  posição no ranking do número de casos, no Brasil.

Ao mesmo tempo, o número absoluto dos registros de localização também cresceu. Um aumento de 18,2%, quando comparado a 2021. Para a promotora de Justiça Isabelle Figueiredo, este também é um dado importante e que deve ser divulgado para não gerar pânico na população e também destaca que quanto mais cedo uma pessoa é dada como desaparecida, quanto mais dados existem, mais rápido ela é localizada.

Daí a importância de projetos como o Mini Cidadão e a Cartilha e Fluxo de Desaparecimentos no Tocantins. “São iniciativas que constituem etapas importantes do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (PLID) no Tocantins, que é desenvolvido pelo MPTO e um conjunto de instituições e órgãos públicos”, destaca.

O Fluxo traz orientações importantes no sentido de se estabelecer um sistema integrado entre os órgãos que tratam do assunto, padronizando os procedimentos a serem tomados em casos de desaparecimento e de corpos ou pessoas encontradas com ou sem identificação.

“Conseguimos criar um fluxo, a várias mãos, ouvindo cada instituição e órgão, com o intuito de trazer caminhos e informações em uma situação tão difícil e angustiante, que é o desaparecimento de uma pessoa”, ressalta Isabelle.

Crianças e adolescentes

Atualmente, o Tocantins tem dois casos emblemáticos de crianças desaparecidas até agora não solucionados. Laura Vitória, desaparecidas aos 09 anos e Saphira Ferreira, desaparecida aos 10 anos de idade. Ambos em investigação policial e acompanhados pelo Ministério Público.

Dados do Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos (Sinalid) referentes a 2022 apontam que mais de 30%  das pessoas desaparecidas no Brasil são crianças e adolescentes de 0 a 17 anos. Segundo o projeto Mini Cidadão, embora não haja dados estruturados na Secretaria de Segurança Pública do Tocantins que permitam saber quantos registros de desaparecimento são apenas de crianças e adolescentes, sabe-se que pelos motivos já citados anteriormente, o risco de não localização, na faixa de idade infantojuvenil, é potencialmente maior, demonstrando a necessidade de facilitar a emissão do documento de identificação como forma preventiva de segurança e também de combate ao sub-registro no Estado.

Leia também

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceitar Leia mais