Um ano antes das eleições, parlamentares do Tocantins votam para encarecer a conta de luz

Faltando um ano e quatro meses para as Eleições Gerais de 2026, oito dos onze integrantes da bancada federal do Tocantins votaram a favor da derrubada de vetos presidenciais que podem gerar impacto de até R$ 197 bilhões nas tarifas de energia elétrica até 2050. A decisão foi tomada em sessão conjunta do Congresso Nacional nesta semana e reacendeu a polêmica em torno de subsídios e obrigações no setor energético.

Os vetos barrados pelo Congresso no dia 17 de junho faziam parte do marco regulatório da energia offshore. Com a derrubada, foram reinseridas na legislação medidas como a contratação obrigatória de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), usinas de hidrogênio verde no Nordeste e energia eólica no Sul, além da prorrogação automática de contratos do Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica).

Como votaram os representantes do Tocantins

Votaram a favor da derrubada dos vetos:

  • Senador Eduardo Gomes (PL)
  • Deputado Antonio Andrade (Republicanos)
  • Deputado Carlos Gaguim (União Brasil)
  • Deputado Eli Borges (PL)
  • Deputado Filipe Martins (PL)
  • Deputado Lázaro Botelho (PP)
  • Deputado Ricardo Ayres (Republicanos)
  • Deputado Vicentinho Júnior (PP)

Não participaram da votação:

  • Senadora Professora Dorinha (União Brasil)
  • Senador Irajá (PSD)
  • Deputado Alexandre Guimarães (MDB)

Impacto financeiro e técnico

De acordo com projeções da consultoria PSR e da Frente Nacional dos Consumidores de Energia (FNCE), o custo das novas obrigações pode significar um aumento de até 3,5% nas tarifas para os consumidores. A maior parte desse impacto vem da contratação compulsória de PCHs, com um custo estimado de R$ 140 bilhões. Os projetos de hidrogênio líquido somam R$ 28 bilhões, a energia eólica no Sul, R$ 5 bilhões, e o Proinfa, R$ 24 bilhões.

Especialistas do setor alertam para riscos de desequilíbrio no sistema elétrico e criticam a falta de estudos técnicos que justifiquem a ampliação desses subsídios. Segundo a FNCE, os efeitos podem ser “um aumento de custo sem contrapartida técnica significativa”.

Reajuste no Fundo Partidário

Na mesma sessão, a bancada tocantinense também apoiou a derrubada do veto que impedia o reajuste do Fundo Partidário pela inflação. Com a mudança, os partidos políticos receberão um acréscimo de R$ 164,8 milhões, totalizando mais de R$ 1,3 bilhão em 2025. O Tribunal de Contas da União (TCU) e setores do governo já haviam alertado para os impactos fiscais da decisão.

Reação de entidades e possíveis ações judiciais

A Frente Nacional dos Consumidores de Energia (FNCE) classificou o resultado da votação como um “retrocesso” e anunciou que poderá acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para contestar os chamados “jabutis legislativos”, que são dispositivos incluídos na lei sem relação direta com o texto principal.

“O Congresso torna-se responsável pelo aumento na conta de luz dos brasileiros e por instalar o caos definitivo no setor elétrico”, afirmou Luiz Eduardo Barata, presidente da FNCE.

Outros vetos ainda serão analisados

Ainda restam vetos pendentes de análise no Congresso, incluindo benefícios para usinas a carvão e novos subsídios à energia solar. Caso também sejam derrubados, o impacto total pode chegar a R$ 545 bilhões até 2050, com aumento potencial de até 9% nas tarifas de energia elétrica.