O Laboratório de Caracterização de Impactos Ambientais (LCIA) da Universidade Federal do Tocantins (UFT) realizou nesta sexta-feira (3), às 17h, na Prainha do Campus Palmas, a soltura de filhotes de tracajá (Podocnemis unifilis). A iniciativa integra o Projeto Quelônios na UFT e busca unir pesquisa científica, preservação ambiental e sensibilização da comunidade sobre a importância da conservação da espécie.
O objetivo do projeto é caracterizar os ambientes reprodutivos do tracajá em áreas com grande presença humana, como a prainha da UFT, onde o fluxo de pessoas e as condições artificiais representam desafios adicionais para a reprodução da espécie.
A estudante Beatriz, integrante do projeto, detalhou a experiência de monitoramento e soltura dos animais:
“Esse é um projeto de iniciação científica que tem como título a caracterização dos ambientes reprodutivos de Podocnemis unifilis aqui na prainha da UFT. Nosso objetivo principal foi estudar a ecologia reprodutiva da espécie nesse ambiente.
Essa espécie tem como nome científico Podocnemis unifilis e o nome popular dela é tracajá. A gente faz um trabalho de monitoramento usando a técnica de busca ativa, indo atrás dos ninhos e tentando identificar a postura da fêmea pelos rastros deixados no momento da desova.
Na soltura, encontramos 16 filhotes, mas identificamos 21 ninhos distribuídos ao longo da área. Alguns estavam em estado de predação total e outros parcial. Esse ninho específico foi achado em uma área de capim próxima ao píer de convivência; nós o monitoramos, colocamos tela de proteção e aguardamos até os filhotes eclodirem. Os ninhos são monitorados na natureza durante todo o período de incubação e, quando os filhotes eclodem, eles são soltos no lago.”
Espécie
O tracajá é um quelônio característico da bacia Tocantins-Araguaia e tem ampla distribuição geográfica na América do Sul. Os filhotes e machos adultos apresentam manchas amarelas na cabeça, marca que tende a desaparecer nas fêmeas com o passar do tempo. Onívoros, os animais se alimentam de folhas, frutos, pequenos peixes e matéria orgânica, desempenhando papel importante na ciclagem de nutrientes e na limpeza de lagos e rios.
O ciclo reprodutivo ocorre de junho a dezembro, quando as fêmeas depositam ovos em ninhos escavados no solo. Durante a incubação, fatores como temperatura, umidade e tipo de substrato influenciam no desenvolvimento e até mesmo na determinação do sexo dos filhotes.
Riscos e ameaças
Apesar de sua importância ecológica, o tracajá enfrenta diversas ameaças naturais e antrópicas. Entre os principais predadores estão lagartos (teiús), aves, peixes carnívoros e o próprio ser humano. Além disso, a expansão urbana, a poluição, queimadas e desmatamento agravam a situação da espécie.
Atualmente, o tracajá é classificado como “quase ameaçado” (NT) pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, 1996) e “vulnerável” (VU) pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2016).
Educação e preservação
O Projeto Quelônios na UFT alia pesquisa acadêmica, conscientização e ações de conservação. Além do monitoramento dos ninhos e da soltura dos filhotes, a iniciativa busca sensibilizar a comunidade acadêmica e a população em geral sobre a importância da preservação dos quelônios, grupo de répteis que inclui tartarugas, jabutis e cágados, e que está entre os mais ameaçados do mundo.