SINOPSE – “O dia que te conheci”: A comédia romântica brasileira que te encanta com humor e realismo

SINOPSE é a coluna do Jornal Primeira Página assinada por Carolinne Macedo. Tudo sobre os principais lançamentos cinematográficos do mês e um mergulho na sétima arte!

Na última sexta-feira (9), o Cine Cultura Palmas foi palco de uma agradável noite, proporcionada pelo projeto Telas em Cena, que trouxe o cineasta André Novais para a exibição de seu mais recente trabalho, “O Dia Que Te Conheci”. O evento, que também contou com a presença de Daniel Queiroz, sócio fundador da Embaúba Filmes, foi uma grande oportunidade para falar de cinema brasileiro. Em um bate-papo, pudemos mergulhar nas nuances do cinema nacional e na nova obra de André Novais, que já é aclamado por produções como “Temporada” e “Ela Volta na Quinta”. Novais, que coleciona prêmios nos principais festivais de cinema do país, consolidou-se como um dos maiores nomes do cinema brasileiro contemporâneo. Seu domínio sobre o tempo e o espaço, elementos que ele explora com precisão em suas obras, é o que o distingue e o coloca em um patamar de excelência.

“O Dia Que Te Conheci” é uma dessas preciosidades do cinema nacional que não dá pra simplesmente deixar passar. O filme nos leva a uma jornada emocionante e divertida sobre os encontros e desencontros da vida. Uma comédia romântica que consegue, com maestria, explorar os dramas da vida de forma delicada e envolvente. A trama, que gira em torno de personagens de classe média-baixa, nos transporta para uma realidade familiar onde o amor surge de maneira inesperada, como num incidente. É uma troca humana preciosa que te faz rir da primeira à última cena, sem jamais recorrer aos estereótipos frequentes. O cineasta evita ridicularizar ou humilhar seus personagens, apostando em um humor que nasce de um cotidiano risível, em que o discurso incide na raiz das emoções, nos lembrando de que o amor começa de forma simples e inesperada.

O diretor tem um talento raro para explorar a beleza das pessoas comuns, e esse longa é a prova disso, dado que produz uma conexão imediata entre o público e os personagens. É quase inevitável não reconhecer alguém do seu cotidiano nas figuras que desfilam na tela, seja no modo como enfrentam as batalhas diárias ou nos diálogos que retratam fielmente as agruras dos trabalhadores brasileiros. Novais demonstra uma habilidade impressionante em manter a autenticidade dessas conversas, equilibrando com precisão o que deve ser ouvido e o que deve ser observado, proporcionando um equilíbrio perfeito entre palavras e silêncios. Ele capta as dificuldades de acordar cedo, enfrentar o transporte público e lidar com um chefe exigente, tudo isso enquanto lida com questões cruciais como a saúde mental, abordagem essa que é inserida na trama de maneira delicada e natural.

O trabalho criativo aqui é sutil, utilizando luzes naturais, figurinos cotidianos e os sons banais da cidade para criar uma atmosfera genuína e familiar. A montagem, por sua vez, dá tempo para que as cenas respirem, tornando os momentos de desconforto engraçados e autênticos, sem jamais se arrastar. A trilha sonora, que combina rap com trechos de músicas eruditas, complementa essa sensação de excepcionalidade, embora sem manipular as emoções do espectador. E é nesse ambiente minuciosamente construído que Novais oferece um olhar sensível sobre cada personagem, mostrando como suas ações impactam o mundo ao seu redor, mesmo em passagens breves, todavia memoráveis. O que se reverbera na atuação de Renato Novais e Grace Passô, que têm uma enorme sintonia, um entendimento muito claro do roteiro e intenções para as atuações onde ambos se conectam de maneira irresistível.

A obra de André Novais transforma drama em romance, atingindo diretamente nossos corações. O cineasta conhece a realidade sobre a qual está falando e se apresenta como um exímio cronista do cotidiano – ele faz parecer que as nossas questões são as mais importantes do mundo. “O Dia Que Te Conheci” é um convite para refletirmos sobre a sociedade, sobre a classe trabalhadora e sobre aquilo que o destino nos apronta. Uma obra sem malabarismos, onde os elementos discursivos convergem, mas que sobretudo se apresenta cheia de sutilezas importantes em que cenas triviais ganham grande relevância narrativa. É certamente um desses filmes que tem o poder de restaurar, mesmo que momentaneamente, a fé na humanidade, na vida e nos encontros.

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