Quem recebe salário mínimo em Palmas precisa trabalhar 14 dias para comprar a cesta básica de alimentos

A rotina do Flávio Machado não é fácil, durante o dia ele trabalha como atendente de farmácia. A noite tem aulas em uma faculdade onde cursa administração de empresas. Ele recebe por mês um salário mínimo e como vive sozinho precisa dar conta das despesas mensais.

“Felizmente eu não pago aluguel. Mas não dá pra dizer que é fácil viver com pouco mais de R$ 1.300. É sacrifício atrás de sacrifício e nem sempre o dinheiro consegue durar até o fim do mês”, afirma.

Fábio também conta que sabe onde a maior parte do dinheiro é gasto: no supermercado. “Comprando comida, itens de higiene pessoal, material de limpeza e uma grande fatia do meu salário que vai embora a cada ida ao supermercado. Quando sobra, sobra muito pouco para lazer e outras atividades”, pontua.

O que talvez o Fábio não saiba e que ele precisa trabalhar 14 dias para comprar a chamada Cesta Básica de Alimentos. Uma pesquisa do Instituto Federal do Tocantins apontou que no mês de maio, a cesta básica para uma pessoa em Palmas custava R$ 656,12. Nesse valor segundo a pesquisa corresponde aos gastos alimentares básicos suficientes para um trabalhador adulto durante o período de um mês.

Assim como o Fábio, quem recebe o valor do salário mínimo de R$ 1.320 vai precisar trabalhar 118 horas e 54 minutos para conseguir comprar a cesta básica de alimentos. Considerando uma jornada de trabalho de 8 horas diárias, serão necessários quase 15 dias para conseguir dinheiro suficiente para a alimentação básica.

A pesquisa do IFTO também mostrou que houve uma redução no preço da cesta básica na comparação entre maio e abril. O trabalhador precisou desembolsar R$ 701,07 em abril, com uma diferença de R$ 44,95 em maio.

Cenário de Deflação

A pesquisa do IFTO apontou um cenário de deflação nível geral de preços dos alimentos que compõem a Cesta Básica em Palmas. Neste cenário a taxa de variação registrada foi de -6,41%, taxa bastante significante por tratar-se de período mensal. Mais que uma redução relevante, esta foi a maior taxa de variação no preço da Cesta Básica já registrada desde o início desta pesquisa em Palmas. Vale destacar que no mês anterior um pico nos preços do tomate havia pressionado para uma inflação recorde (5,04%). Contudo, e felizmente, os resultados do mês de maio reverteram com sobra o péssimo número do mês anterior.

Além da expressiva taxa deflacionária registrada em maio de 2023, outro fato bastante relevante verificado foi o baixo índice de difusão da inflação, que ficou em 16,7%. Dentre todos os produtos pesquisados apenas dois produtos, o açúcar (6,8%) e o pão francês (1,2%), apresentaram elevação nos preços. Ou seja, a grande maioria dos produtos que compõem o conjunto dos alimentos básicos passou por redução de seus preços naquele mês.

Neste cenário, o tomate, que em abril havia registrado a maior alta percentual dentre os produtos da Cesta (34,6%), no mês de maio demonstrou revés, com redução de 29,6% – confirmando ter se tratado de evento pontual o ocorrido no mês de abril.

Outros produtos que tiveram expressivas baixas em seus preços foram: óleo de soja, que apresentou redução de 7,2%; o feijão, com redução de 5,5%; o leite e o café, com taxas de -4,0% e -3,7%, respectivamente