Queda no percentual de vacinação preocupa autoridades de saúde

A estudante Letícia Rocha tem o cartão de vacinas todo completo. É por isso que ela faz questão de sempre vacinar a filha que tem três anos de idade. “Essa é uma das lembranças mais fortes que eu tenho da minha infância, minha mãe me levando ao postinho para tomar vacina. Tinha aquela vacina de gotinha e tinha também com agulha. Chorava, mas não deixava de tomar”, conta.

Foi o exemplo da mãe que fez a Letícia ser mais consciente e proteger a filha. Assim com ela, a filha e milhões de outras crianças e adultos, o Programa Nacional de Imunização (PNI) tem protegido a população brasileira contra diversas doenças há 50 anos.

Criado em 1973, o PNI foi o responsável por erradicar a poliomielite.

O PNI por muito tempo nos protegeu contra doenças gravíssimas. A paralisia infantil era algo terrível e só conseguimos vencer essa doença com ampla vacinação da população”, afirma o pediatra Paulo Robert.

O problema é que o tempo passou e a adesão da vacinação perdeu força.O Ministério da Saúde acendeu o sinal de alerta. Infelizmente a vacina inativada da pólio, que foi introduzida em 2012, registrou uma queda na cobertura vacinal há pelo menos, sete anos. Segundo dados do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), apenas 47% das crianças com um ano de idade recebeu as três doses da vacina inativada contra a poliomielite. O percentual não atinge os 95% desejados pelo Ministério da Saúde desde 2015.

No Tocantins, segundo a Secretaria Estadual da Saúde, o percentual chegou a cair nos últimos quatros anos, mas apresentou melhora no ano passado. Em 2018 o percentual de imunização contra a pólio era de 91,71%, em 2019 o número caiu para 88,2%, em 2020 84,52, 2021 80,22%.

O caso do sarampo que voltou a ter casos registrados no país é um alerta para toda a sociedade. Precisamos voltar a confiar na ciência, as vacinas salvam vidas”, pontuou o pediatra Paulo Robert.

Vacinas gratuitas em todo o estado

Atualmente 32 vacinas diferentes estão disponíveis no programa, que são oferecidas gratuitamente em toda a rede pública de saúde. Para se vacinar basta procurar o postinho mais próximo, com documento de identificação e o cartão de vacinas.

“Os pais de hoje em dia, que são os responsáveis por levarem as crianças para se vacinar, não presenciaram os anos de 1970, de 1980, onde essas doenças matavam, Deixam crianças paralíticas. Isso pode ter contribuído para esses números que estão em queda. Mas a gente não precisa ir muito longe para ver a eficácia das vacinas. A covid-19 refrescou a nossa memória”, destacou o pediatra.

As vacinas contra a covid-19 foram uma das inclusões mais recentes no Plano Nacional de Imunização.
“Eu devo a minha vida ao SUS, sou diabético e fiquei com muito medo de contrair a covid-19. Não perdi tempo quando a vacinação começou e chegou a minha vez de tomar. A vacina me protegeu de contrair a forma mais grave da doença”, informou o gerente Silvio Portilho.

Desde o início da campanha de vacinação, o Tocantins recebeu 3.664.047 doses, ao todo foram aplicadas 2.838.267 ao longo do trabalho de imunização. Atualmente é possível tomar todas as doses do esquema vacinal, inclusive as doses de reforço.

Atualize o cartão de vacinas do seu filho!

Para combater a desinformação e a desatualização dos cartões de vacina, começa nesta semana uma campanha de Multivacinação encabeçada pelo governo federal. O público-alvo são as crianças e adolescentes de 0 a 15 anos de idade. A campanha será realizada do dia 30 de setembro ao dia 14 de outubro. Já o Dia D está previsto para o dia 7 de outubro.

Recado mais do que especial aos pais: participem dessa campanha é dever de cada pai cuidar da saúde do filho. Por isso procure um postinho e ame seu filho!”, destacou o pediatra.