PF solicita mais 60 dias para investigar venda de decisões no STJ que envolve autoridades do Tocantins

A Polícia Federal (PF) solicitou ao ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), a prorrogação por mais 60 dias das investigações da Operação Sisamnes, que apura um suposto esquema de venda de decisões no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O inquérito, inicialmente tratado como um caso pontual, passou a ser considerado um sistema estruturado, com ramificações que atingem advogados, empresários, operadores financeiros e até agentes do Judiciário em diferentes estados, incluindo o Tocantins.

Segundo a PF, a análise de movimentações financeiras revelou novos indícios que apontam para uma rede mais sofisticada do que a suspeitada no início, com a participação de desembargadores do Mato Grosso e ex-servidores de quatro gabinetes do STJ.

Impacto no Tocantins

No Estado, o prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos, chegou a ser preso e afastado do cargo em maio deste ano. Ele é investigado sob suspeita de ter recebido informações sigilosas do STJ com a ajuda do advogado Antônio Ianowich Filho e do policial civil Marco Augusto Velasco Nascimento Albernaz. Os três foram detidos naquele mês e já estão em liberdade, mas seguem como alvos da investigação.

Outro nome ligado ao Tocantins é o do advogado Thiago Marcos Barbosa, preso em março de 2025. De acordo com mensagens interceptadas pela PF, ele teria repassado informações judiciais para proteger aliados.

Alvos em nível nacional

No âmbito nacional, o lobista Anderson de Oliveira Gonçalves é apontado como um dos principais intermediários da venda de decisões. Ele permanece preso em Brasília, enquanto sua esposa, a advogada Mirian Ribeiro Rodrigues, cumpre prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.

O STF deve julgar na próxima segunda-feira (12) um recurso da defesa de Anderson, que pede a transferência dele para prisão domiciliar. Até agora, três ministros da 1ª Turma — Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes e Flávio Dino — já votaram contra o pedido.

Operação Sisamnes

Deflagrada em novembro de 2024, a Operação Sisamnes cumpriu 24 mandados em diferentes estados e investiga crimes de corrupção, organização criminosa e violação de sigilo funcional. A operação recebeu esse nome em referência ao juiz persa Sisamnes, condenado por corrupção e executado a mando do rei Dario I, como símbolo do combate a práticas ilícitas no Judiciário.