Exposição em Lajeado e Tocantínia, na próxima semana, pretende ampliar conhecimento sobre conservação e preservação deste patrimônio.
Para ampliar o conhecimento sobre os sítios rupestres da Área de Proteção Ambiental (APA) Serra do Lajeado e sensibilizar o público para a urgência da criação de estratégias voltadas à conservação desse patrimônio, a Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), por meio do Núcleo Tocantinense de Arqueologia (Nuta), realiza nos dias 10 e 11 de março, em Lajeado e Tocantínia, a Exposição “Ecos da Serra: a arte rupestre na APA Serra do Lajeado”.
A exposição é um dos desdobramentos do projeto “Mapeamento e levantamento do estado de conservação de sítios arqueológicos rupestres cadastrados na Área Estadual de Proteção Ambiental Serra do Lajeado”, desenvolvido pelo Nuta/Unitins e financiado pela Fapt/Naturatins, por meio do “Edital Fapt/Naturatins – Meio Ambiente”. O projeto teve início em maio de 2023 e segue até o próximo mês de julho.
O projeto já identificou cinco novos sítios rupestres, que serão cadastrados junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), além de um sítio cerâmico localizado em situação de risco, exigindo o resgate do material para evitar sua destruição. Após a conclusão desta pesquisa, será elaborado um novo projeto específico para o resgate do material cerâmico identificado, explica o curador do Nuta, professor doutor Genilson Nolasco.
A exposição apresenta registros fotográficos dos sítios rupestres da APA Serra do Lajeado, destacando painéis rupestres, o contexto ambiental e os desafios para a conservação desse patrimônio cultural. As imagens foram produzidas ao longo do trabalho de campo, revelando o potencial arqueológico da região e os vetores de impacto da arte rupestre.
Em Lajeado, o evento de abertura ocorrerá no dia 10 de março, às 14h30, com as palestras realizadas no Centro de Artesanato Poeta José Gomes Sobrinho e a exposição na Casa de Memória de Lajeado – Libânia Gomes Monteiro.
Em Tocantínia, o evento será no dia 11 de março, às 8h30, no Centro de Referência do Projeto Leitura Viva. As palestras abordarão sobre a pesquisa de campo, a localização dos sítios e suas características, o estado de conservação dos painéis rupestres, propostas para gestão e conservação e sobre a exposição fotográfica “Ecos da Serra”. A exposição será aberta à visitação e permanecerá disponível nas duas cidades até dia 2 de abril de 2025.
Segundo o curador do Nuta, a pesquisa e a exposição representam um avanço na compreensão e conservação dos sítios rupestres da APA Serra do Lajeado, trazendo subsídios para a gestão desse patrimônio arqueológico.
“A ausência de registros detalhados sobre o estado de conservação desses sítios evidenciou a necessidade de um levantamento que permitisse avaliar os danos acumulados ao longo do tempo, compreender os principais vetores responsáveis por sua degradação e propor estratégias para minimizar esses impactos. A pesquisa identificou vetores naturais e antrópicos que contribuem para a degradação dos sítios. Entre os impactos naturais, destacam-se a erosão eólica e fluvial, desplacamento de rochas, descamação, exsudação, proliferação de fungos e o intemperismo. No âmbito das ações humanas, práticas como pichações e o uso inadequado das áreas arqueológicas têm agravado o estado de conservação dos sítios. A queimada, por sua vez, seja ela de origem antrópica ou natural, tem se mostrado um dos vetores mais críticos, intensificando os danos às superfícies rochosas e promovendo alterações químicas e físicas que aceleram a deterioração das pinturas rupestres”, completou Nolasco.
A proposta dos pesquisadores é de que sejam adotadas medidas que não apenas amenizem ou impeçam o processo de degradação, mas que também promovam o conhecimento sobre esse patrimônio e sua importância para a ciência, educação, identidade cultural, o turismo e para a história da região.
“A proteção desses sítios deve ir além da conservação material e ser compreendida como parte de um processo mais amplo de valorização do território e das práticas culturais que dele fazem parte. Além disso, os dados levantados pelo projeto servirão de base para futuras iniciativas que aprimorem a gestão e a salvaguarda desses sítios, consolidando uma abordagem que integre pesquisa científica, educação patrimonial e planejamento territorial”, arrematou o professor.
Nuta
O Nuta atua no desenvolvimento de pesquisas no campo da arqueologia e do patrimônio cultural. Os resultados dessas pesquisas têm contribuído para a ampliação do conhecimento científico sobre a presença humana na região, com sítios arqueológicos datados em aproximadamente 12 mil anos e sobre os patrimônios culturais produzidos pelos mais diversos contextos sociais existentes no Tocantins.