O Brasil vai retomar as atividades de lançamentos de balões atmosféricos científicos e fará isso a partir de Palmas. O anúncio foi feito nesta terça-feira (25) pelo presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antonio Chamon, durante o lançamento experimental de um balão na pista de atletismo da Universidade Federal do Tocantins (UFT). A ação integra o Balloon and Science Workshop, que reúne até quinta-feira (27) pesquisadores brasileiros e franceses na capital.
A escolha por Palmas marca um novo capítulo para o programa brasileiro de balões estratosféricos, desativado há anos. O município será sede do Centro de Operações com Balões da Região Amazônica (COBRA), unidade instalada em Luzimangues e financiada com investimento inicial inferior a R$ 2 milhões, segundo a AEB. A região é considerada estratégica pela localização na faixa equatorial, ideal para missões atmosféricas e meteorológicas.
Por que Palmas?
O presidente da AEB explicou que fatores geográficos e logísticos posicionam a capital tocantinense como ponto privilegiado para a retomada do programa.
“Palmas traz uma série de vantagens do ponto de vista geográfico, na região amazônica, perto de certa característica magnética do planeta. Então é um bom lugar para fazer lançamento de balões que dão a volta ao mundo em torno do Equador”, disse Chamon.
Ele também ressaltou a parceria com a UFT, afirmando que a presença de uma equipe científica local facilita a operação, a formação de profissionais e o suporte às pesquisas.
O vice-reitor da UFT, Marcelo Leineker, afirmou que a área do centro já foi adquirida e que as obras devem começar até o fim do ano. Segundo ele, o COBRA será apenas o quarto centro do tipo no mundo instalado em faixa de zero a dez graus de latitude.
Cooperação internacional Brasil–França
A nova estrutura contará com tecnologia e operação científica do Centre National d’Études Spatiales (CNES), da França, parceiro histórico do Brasil na área de balões estratosféricos.
A pesquisadora Natalie Huret, do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), ressaltou a relevância global das medições previstas:
“É muito importante poder lançar balões e instrumentos no Brasil, porque é uma região equatorial relevante para todo o planeta em termos de clima.”
O pesquisador francês Stéphane Louvel, do CNES, coordenou o lançamento experimental do balão na UFT e afirmou que a meta é realizar a primeira campanha completa em fevereiro de 2027, após a conclusão da infraestrutura.
A formação de estudantes e o impacto acadêmico
O evento reúne pesquisadores da USP, Ufopa, UFU, Inpe e outras instituições, além de estudantes de Engenharia Elétrica da UFT.
A professora Albanisa Felipe dos Santos, da UFT, explicou que a instalação do centro permitirá ampliar a formação prática e fomentar novas pesquisas.
“O centro de lançamento é muito importante porque ele alia prática e pesquisa. Os alunos vão poder desenvolver tecnologia e ampliar contatos com pesquisadores do Brasil e de outros países.”
Programação do workshop
O Balloon and Science Workshop segue até quinta-feira (27), com palestras, mesas-redondas, visitas técnicas e debates sobre meteorologia, formação de nuvens, gases de efeito estufa, astronomia, radiação, eletricidade atmosférica e outros temas ligados ao clima e ao espaço.
As atividades ocorrem no auditório dos Conselhos da UFT, na Reitoria.