Operação Carbono Oculto interdita posto de combustíveis no Tocantins em ação contra esquema de lavagem de dinheiro ligado ao PCC

Um posto de combustíveis localizado em São Miguel do Tocantins foi interditado nesta quarta-feira (5) durante a Operação Carbono Oculto 86, deflagrada pela Polícia Civil do Piauí com apoio de forças de segurança de outros estados. A ação investiga um esquema de lavagem de dinheiro estimado em R$ 5 bilhões, supostamente vinculado à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Ao todo, 49 postos de combustíveis foram interditados nos estados do Piauí, Maranhão e Tocantins, após determinação judicial. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Piauí, o grupo empresarial investigado utilizava empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs para lavar recursos, fraudar o mercado de combustíveis e ocultar patrimônio.

R$ 348 milhões em bens bloqueados

A investigação aponta que as movimentações financeiras das empresas envolvidas foram consideradas atípicas e que o mesmo grupo já era alvo da primeira fase da Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto, considerada uma das maiores ações da história do país contra o crime organizado.

No Piauí, onde se concentra a maior parte das ações, 20 dos 49 postos interditados estão localizados em Teresina, e os demais em municípios como Picos, Parnaíba, Altos, Lagoa do Piauí e Canto do Buriti. No Maranhão, os alvos foram postos nas cidades de Caxias, Alto Alegre e São Raimundo das Mangabeiras.

Entre os bens apreendidos nesta etapa da operação estão três aeronaves, incluindo um avião modelo Cessna Aircraft 210M, de propriedade do empresário Haran Santhiago Girão Sampaio, além de um Porsche avaliado em mais de R$ 550 mil.

A Justiça determinou o sequestro de aproximadamente R$ 348 milhões em bens pertencentes a dez pessoas físicas e 60 empresas. As investigações identificaram ainda que os suspeitos utilizavam “laranjas” e fundos de investimento para ocultar o real controle das empresas envolvidas, bem como emitir notas fiscais frias e adulterar combustíveis, causando prejuízos milionários aos cofres públicos.

Origem do esquema e principais investigados

Segundo os investigadores, o esquema se consolidou após a venda da rede HD, que possuía dezenas de postos nos três estados e teria sido adquirida pela Pima Energia e Participações, criada apenas seis dias antes da transação. A suspeita é que a operação comercial tenha servido para transferir o controle dos ativos à facção criminosa.

Os empresários Haran Santhiago Girão Sampaio, Danillo Coelho de Sousa, Moisés Eduardo Soares Pereira, Salatiel Soido de Araújo, Denis Alexandre Jotesso Villani e João Revoredo Mendes Cabral Filho são investigados por lavagem de dinheiro, organização criminosa e fraude fiscal.

Eles foram submetidos a medidas cautelares, como proibição de deixar a cidade de Teresina ou se comunicar entre si, conforme determinação judicial.

Próximos passos da investigação

Uma coletiva de imprensa foi marcada para as 11h desta quarta-feira, na sede do Ministério Público do Piauí, em Teresina, para apresentação dos resultados parciais da operação e detalhes sobre os próximos desdobramentos da investigação.