Novembro Azul: especialista reforça a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata

Em mês de Novembro Azul as ações de conscientização sobre o câncer de próstata e a saúde do homem se intensificam em todo país. No Tocantins os números chamam atenção para a importância do diagnóstico precoce e do tratamento contra essa doença, que ainda é o tipo de câncer mais comum entre homens no mundo.

Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins (SES-TO), o estado registrou 149 mortes pela doença em 2024 e 108 óbitos somente entre janeiro e outubro de 2025, além de 161 novos casos confirmados no ano passado.

Para entender sobre esse tema e sobre os desafios da prevenção, o Jornal Primeira Página conversou com o urologista Dr. Hamilton Franco, que explicou por que a detecção precoce segue sendo a principal estratégia para reduzir a mortalidade e ampliar as chances de cura.

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Prevenção depende do diagnóstico precoce

O urologista explicou que, diferentemente de outros tipos de câncer, não existe forma de impedir o surgimento do tumor na próstata, o que torna o diagnóstico precoce o principal aliado para evitar complicações e mortes evitáveis.

“Um diagnóstico cedo permite gerar mais formas de tratamento para o paciente. Então a prevenção do câncer de próstata é o que a gente chama de prevenção secundária.” afirmou Hamilton.

O especialista reforçou que o acompanhamento deve começar aos 50 anos, e aos 45 anos em casos de risco aumentado, como histórico familiar, obesidade ou em pacientes negros devido a uma combinação de fatores biológicos.

Ele explicou em seguida quais exames fazem parte do rastreamento inicial.

“O rastreio é realizado através do exame de sangue, que é o PSA, e do toque retal, que é um exame muito rápido, não costuma demorar mais do que 2 segundos, e é indolor”.

Campanhas ajudam, mas resistência ainda existe

Ao comentar o impacto das campanhas de Novembro Azul na mudança de comportamento, o médico avaliou que a adesão cresce, mas ainda lentamente.

“Eu acho que é um trabalho de formiguinha. […] As campanhas são importantes porque são esses momentos que muitas vezes lembram o paciente homem de procurar atendimento.”

O urologista também apontou que a principal barreira além do preconceito é o medo do diagnóstico.

“Acredito que a maioria das pessoas tem receio de descobrir algo e ter que enfrentar isso” afirmou Hamilton.

Diretrizes e divergências sobre rastreamento

A Nota Técnica nº 9/2023 do Ministério da Saúde, que não recomenda rastreamento populacional, também foi tema da conversa. O médico explicou que existe divergência entre o protocolo do INCA e as orientações de sociedades médicas nacionais e internacionais.

“Essa nota do Ministério da Saúde corrobora com o protocolo do Inca, mas é cheia de controvérsias em relação ao que a SBU recomenda.”

Para o especialista, sem o rastreamento individualizado, muitos pacientes descobrem a doença em estágios mais avançados. “Se a gente não consegue ter o diagnóstico, a gente não consegue estratificar esse risco e não consegue também propor modalidades diferentes de tratamento para o paciente.” pontuou Hamilton.

Avanços da medicina ajudam a reduzir sequelas

O urologista também comentou como a evolução das cirurgias e terapias impacta o bem-estar do paciente. E pontuou que, nos últimos anos, Palmas passou a contar com cirurgia robótica, melhorando a precisão dos procedimentos e reduzindo sequelas funcionais.

“A gente consegue entregar não só a cura, mas também o retorno da qualidade de vida do paciente” disse Hamilton.

Ele explicou ainda que novos tratamentos hormonais e radioterápicos melhoraram as perspectivas mesmo para casos mais avançados, mas reforçou que quanto antes diagnosticado e tratado, menores são as chances de sequelas.

SES-TO reforça ações de apoio à saúde do homem

Em nota ao Jornal Primeira Página, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informou que apoia a Lei Estadual nº4.536/2024, que garante folga anual remunerada para homens realizarem exames preventivos. O órgão afirmou que orientações foram enviadas às unidades e gestores por meio da CIR e do Cosems.

A SES-TO declarou ainda que realiza anualmente ações do Novembro Azul, como palestras e rodas de conversa, e reforçou que segue a Nota Técnica nº 9/2023 do Ministério da Saúde, destacando que a investigação célere, tratamento e vigilância são instituídos em casos suspeitos.