Justiça autoriza leilão de bens da influenciadora Karol Digital

A Justiça da Comarca de Araguaína autorizou a venda, por meio de leilão judicial, dos bens apreendidos da influenciadora Maria Karollyny Campos Ferreira, conhecida como Karol Digital. A decisão foi publicada na sexta-feira (12) e atende a uma representação baseada em investigação conduzida pela 1ª Delegacia Especializada em Investigações Criminais (DEIC – Palmas). A influenciadora é investigada por envolvimento com jogos ilegais e suspeita de movimentar cerca de R$ 217 milhões.

Entre os bens que poderão ser leiloados estão veículos de luxo, equipamentos eletrônicos e maquinário agrícola, todos apreendidos durante a Operação Fraus, deflagrada em agosto pela Polícia Civil. Segundo a corporação, a alienação antecipada tem como objetivo “evitar a deterioração e a desvalorização do patrimônio apreendido”.

De acordo com a investigação, os bens estão sob custódia do Estado e exigem manutenção constante. Relatórios técnicos do Núcleo de Recuperação de Ativos (NURAT) apontaram que a impossibilidade de conservação adequada poderia gerar prejuízo ao interesse público e comprometer o resultado do processo penal.

Entre os veículos apreendidos estão uma McLaren Artura, avaliada em aproximadamente R$ 3 milhões, e um Porsche estimado em R$ 979 mil, além de outros automóveis de alto valor. Com a autorização judicial, os bens passarão por avaliação e serão levados a leilão, com os recursos depositados em conta judicial até a conclusão da ação penal.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que a alienação antecipada está prevista na Lei de Lavagem de Dinheiro e tem natureza cautelar. Em caso de condenação definitiva, os valores arrecadados com o leilão serão revertidos ao Estado; se houver absolvição, o montante poderá ser restituído à investigada.

Prisão e investigação

Karol Digital foi presa em 22 de agosto, em Araguaína, durante a Operação Fraus, ao lado do namorado Dhemerson Rezende Costa, em um condomínio de alto padrão da cidade. Os dois são investigados por suspeita de exploração ilegal de jogos de azar, associação criminosa, lavagem de dinheiro e crimes contra a economia popular.

A influenciadora permaneceu presa por três meses na Unidade Penal Feminina de Ananás e, no fim de novembro, obteve prisão domiciliar por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O namorado foi encaminhado à Casa de Prisão Provisória de Araguaína.

Segundo a Polícia Civil, Karol simulava ganhos em apostas para enganar seguidores e promover plataformas ilegais. As investigações apontam que ela cobrava até R$ 30 mil para divulgar sites de jogos, apesar de afirmar publicamente que não mantinha contratos com essas empresas.

Relatórios policiais indicam movimentação financeira de R$ 217,6 milhões entre 2019 e 2024, por meio de 30 contas bancárias em 13 instituições financeiras. Somente em depósitos pessoais, a investigada teria recebido mais de R$ 37 milhões provenientes de plataformas ilegais.

Durante a operação, também foram apreendidos sete imóveis, incluindo a chamada “Mansão da Digital”, utilizada para gravações de um reality, além de uma fazenda avaliada em cerca de R$ 8 milhões, com criação de bovinos e cavalos.