HGP realiza procedimento pioneiro que elimina cirurgia aberta para tratar cardiopatia congênita

O Hospital Geral de Palmas (HGP) realizou, na sexta-feira (28), o primeiro fechamento percutâneo da Comunicação Interventricular (CIV) perimembranosa, procedimento inédito na rede pública do Tocantins. A técnica, considerada minimamente invasiva, substitui a necessidade de cirurgia cardíaca aberta e representa um avanço importante para a cardiologia pediátrica do Sistema Único de Saúde (SUS) no estado.

A CIV é um defeito congênito que permite a passagem anormal de sangue entre os ventrículos do coração. Por muitos anos, a correção desse tipo de cardiopatia implicava abertura do tórax e internação prolongada em UTI. O procedimento realizado no HGP foi feito por cateter, inserido pela virilha, e encerrou a comunicação cardíaca em uma paciente de 1 ano e 10 meses.

O médico responsável pela cardiologia intervencionista pediátrica no Tocantins, Paulo Correia Calamita, explicou o impacto da técnica.

“A comunicação interventricular é um defeito congênito e corresponde a cerca de 20% de todas as cardiopatias congênitas. Por décadas, corrigir esse defeito era sinônimo de cirurgia cardíaca aberta. Hoje escrevemos um capítulo novo e histórico no nosso estado ao realizar o primeiro fechamento percutâneo no Tocantins”, disse Calamita.

O especialista detalhou por que a CIV perimembranosa representa um desafio técnico e como o procedimento foi conduzido.

“A CIV perimembranosa, pela sua localização próxima às estruturas vitais da valva, sempre foi um desafio. Com um mínimo acesso na virilha, guiamos um cateter até o coração e posicionamos o dispositivo de nitinol para selar o defeito. A paciente saiu da sala em ar ambiente, sem UTI, sem drogas vasoativas, sem hemoderivados e com previsão de alta em menos de 24 horas”, afirmou o médico.

O secretário de Estado da Saúde, Vânio Rodrigues, destacou que o procedimento representa um avanço para o SUS tocantinense.

“O procedimento é um marco histórico para o SUS do Tocantins e resultado dos esforços do Governo do Estado aliados à dedicação da equipe da Secretaria de Saúde, que trabalha diuturnamente para levar qualidade de vida à população”, disse Vânio.

A mãe da paciente, Alana Valverde, relatou a trajetória da filha até a cirurgia e os benefícios da abordagem menos invasiva.

“A cardiopatia da minha filha foi descoberta com 41 dias de vida. A princípio seria necessária a cirurgia de peito aberto, mas graças à equipe médica, que identificou a viabilidade do cateterismo, conseguimos fazer a correção. O procedimento foi um sucesso, ela teve alta no dia seguinte e já está brincando normalmente”, contou Alana.

O HGP passa a integrar um grupo restrito de centros públicos do país que realizam o fechamento percutâneo da CIV perimembranosa, técnica que reduz riscos, internações e o tempo de recuperação, especialmente em crianças pequenas.