Carlos Amastha (PSB), ex-prefeito de Palmas-TO, foi apontado por ter recebido até R$ 1,1 milhão em depósitos em sua conta bancária, conforme a decisão judicial da Operação Moiras. Deflagrada pela Polícia Federal na última sexta-feira, 24 de maio, a operação investiga um esquema de corrupção, fraudes e propinas no Instituto de Previdência Social do Município de Palmas, o Previpalmas.
De acordo com a Polícia Federal, a Operação Moiras cumpriu 27 mandados de busca e apreensão em seis estados, revelando a atuação de gestores da Prefeitura de Palmas, em conluio com empresários e agentes públicos, para viabilizar investimentos de alto risco com o dinheiro da aposentadoria dos servidores em fundos sem liquidez, também conhecidos como “fundos pobres”.
Os prejuízos com essas aplicações, ocorridas entre 2017 e 2018, foram estimados pela Polícia Federal em R$ 74,4 milhões. Entre os investigados, Carlos Amastha é apontado como o coordenador deste esquema e principal beneficiário dos recursos.
Um relatório da Polícia Federal, contido na decisão judicial a qual o Jornal Primeira Página teve acesso, detalhou que Amastha teria recebido até R$ 1,1 milhão em depósitos feitos por Alessandro Barbosa, seu ex-chefe de gabinete e posteriormente Secretário Executivo de Finanças, conforme detalhado a seguir:
– R$ 435.500,00 em 08/01/2018
– R$ 299.450,00 em 15/01/2018
– R$ 249.700,00 em 04/04/2018
– R$ 50.000,00 em 04/06/2018
– R$ 66.500,00 em 12/06/2018
De acordo com a decisão do juiz Pedro Alves Dimas, que autorizou a Operação Moiras, Amastha é acusado não só de orquestrar os investimentos junto com sua equipe de gestores na época, mas também de manipular a estrutura do Previpalmas para facilitar o esquema.
As informações acerca dos repasses financeiros e envolvimento dos antigos gestores de Palmas ocorreram via delação premiada na Justiça. Um dos investigados afirmou que foi pago o percentual de 15% (R$ 7,5 milhões) em propina referente aos R$ 50 milhões investidos pelo Previpalmas, sendo que pelo menos R$ 1,1 milhão teriam sido repassado a Amastha.
Bens bloqueados pela Justiça
Carlos Amastha, que é pré-candidato nas eleições deste ano em Palmas, e outros 11 investigados nesta operação estão com seus bens bloqueados pela Justiça, conforme pedido feito pela autoridade policial que conduziu as investigações. São eles: Alessandro Barbosa, Bruno Marcos Moreira de Araújo, Christian Zini Amorim, Denis Mandelbau, Diogo Fernandes Costa Valdevino, Fábio Costa Martins, Fábio Luiz Oliveira Lessa, Julio Cesar Valdevino, Luis Roberto Pardo, Maxcilane Machado Fleury e Silvio Marques Dias Neto.
Núcleo Político
Além de Carlos Amastha, os principais investigados pela polícia são Maxcilane Machado Fleury, gestor do Instituto Previpalmas; Christian Zini Amorim, advogado e ex-secretário de finanças da Prefeitura de Palmas; e Fábio Costa Martins, ex-diretor de investimentos do Previpalmas.
Amastha, Fleury e Zini fazem parte do grupo político investigado. Outros envolvidos compõem o grupo de operadores e lavadores, o grupo dos fundos de investimento e aqueles que atuavam diretamente no Previpalmas, como Fábio Costa Martins e Fleury.
A decisão da 4ª Vara Federal Criminal, que autorizou os mandados de busca e apreensão, detalha o esquema e revela que a investigação começou após uma denúncia de uma ex-diretora do Previpalmas, que reportou aplicações sem autorização do conselho.
Interferência no Previpalmas
A investigação da Polícia Federal aponta o aparelhamento do Previpalmas nos anos em que ocorreram os investimentos de alto risco. Em janeiro de 2017, Carlos Amastha nomeou Christian Zini como Secretário Municipal de Finanças, colocando-o no controle das decisões financeiras do Instituto.
Durante as investigações, Zini foi apontado um dos principais articulares internos para viabilizar os investimentos na ordem R$ 50 milhões e em seguida, garantir que as irregularidades não viessem à tona.
Paralelamente, a Prefeitura de Palmas exonerou Wally Macedo Vidovix, ex-presidente do Previpalmas, que resistia aos interesses do ex-prefeito. Vidovix foi substituída por Maxcilane Fleury, indicada por Adir Cardoso Gentil, então chefe da Casa Civil da Prefeitura de Palmas.
Pré-candidato optou por não se manifestar
O Jornal Primeira Página solicitou uma nota para a assessoria de comunicação de Carlos Amastha, porém, até a publicação desta reportagem não houve retorno. Espaço para manifestação segue aberto.