Conectando a operação da PF em Palmas com as enchentes no Rio Grande do Sul

A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta sexta-feira, 24, uma operação de combate à corrupção e lavagem de dinheiro no Instituto de Previdência Social de Palmas (Previpalmas). A ação, que cumpre 27 mandados de busca e apreensão, apura um esquema que teria causado um prejuízo de R$ 74 milhões com o dinheiro da aposentadoria do servidor público municipal.

Os mandados foram cumpridos em Palmas, Araguaína, Paraíso do Tocantins, Monte do Carmo, São Paulo/SP, Piracicaba/SP, Rio de Janeiro/RJ, Petrópolis/RJ, João Pessoa/PB, Oiapoque/AP e Santo Antônio de Goiás/GO. De acordo com a PF, empresários, servidores e agentes políticos estão sob investigação por suas supostas participações no esquema.

Ainda conforme a Polícia Federal, o Previpalmas teria aplicado R$ 500 milhões em fundos sem liquidez, popularmente conhecidos como “fundos podres”.

O Cais Mauá em Porto Alegre-RS

Em 2017, um investimento irregular do Previpalmas veio à tona. Foram aplicados mais de R$ 50 milhões em um fundo de alto risco destinado à revitalização do Cais Mauá, um patrimônio histórico e cartão postal de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Atualmente, o Cais Mauá está submerso devido às enchentes que assolam o estado gaúcho.

A revitalização do Cais Mauá, um projeto almejado há anos pelo governo do Rio Grande do Sul, envolveu a privatização da gestão do cais e sua entrega a fundos de investimento. Desde a sua criação, o consórcio arrecadou R$ 120 milhões, dos quais R$ 50 milhões vieram da previdência dos servidores de Palmas.

Quando o escândalo deste investimento foi revelado, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi instaurada na Câmara Municipal de Palmas em 2018. O então prefeito Carlos Amastha e seus gestores foram convocados a depor, mas a investigação não resultou em nada.

Em 2019, a CPI finalizou seu relatório apontando os responsáveis: Maxcilane Fleury, ex-presidente do Previpalmas; Cristian Zini, ex-secretário de finanças de Palmas; Fábio Costa, ex-diretor financeiro do Previpalmas; e Carlos Amastha, ex-prefeito da capital.

Durante os trabalhos da CPI, em 2018, a Operação Gatekeepers da PF do Rio Grande do Sul desmantelou o esquema, mas o dano financeiro já estava consolidado. Quem investiu, perdeu tudo.

Prefeitura de Palmas

A Prefeitura de Palmas emitiu uma nota na manhã desta sexta-feira, 24, informando que as aplicações alvos da operações foram realizadas em 2017. A gestão comunicou ainda que um relatório contendo essas irregularidades já havia sido elaborado anteriormente e encaminhado a Polícia Federal e outros órgãos de controle.

Amastha

O ex-prefeito de Palmas, Carlos Amastha, foi um dos alvos da operação de hoje. Em seus endereços, foram apreendidos até R$ 100 mil em espécie, conforme noticiado pela jornalista Ana Paula Rehbein

Mais uma conexão

Os investimentos do Previpalmas no Cais Mauá foram realizados através do Icla Trust, o mesmo fundo de investimento que anteriormente causou um prejuízo de R$ 300 milhões ao Instituto de Gestão Previdenciária do Estado do Tocantins (Igeprev-TO).