Cirurgia de hipófise avança no Tocantins com técnica minimamente invasiva; neurocirurgião explica impactos e desafios

O Tocantins já realiza, de forma segura, cirurgias de alta complexidade para retirada de tumores da hipófise, conhecidos como macroadenomas, condição que pode afetar visão, hormônios e qualidade de vida. A informação é do neurocirurgião Dr. Fábio Serra, especialista em base de crânio, que detalhou ao Jornal Primeira Página como a técnica transesfenoidal endoscópica mudou o tratamento desses casos no estado.

Segundo o médico, o macroadenoma é um tumor benigno que surge na hipófise e ganha essa classificação ao ultrapassar 1 cm de tamanho. Apesar de não ser cancerígeno, produz efeitos significativos sobre o organismo. “A hipófise controla praticamente todas as funções hormonais do corpo. Quando esse tumor cresce, comprime estruturas importantes, como o quiasma óptico, e altera o equilíbrio hormonal”, explicou.

A condição pode provocar perda de visão, cefaleias persistentes, alteração menstrual, infertilidade, galactorreia, cansaço extremo, alterações metabólicas e até mudanças físicas, como crescimento de mãos e pés.

Técnica minimamente invasiva muda cenário no estado

Dr. Fábio Serra afirma que a cirurgia transesfenoidal endoscópica, hoje considerada padrão-ouro, revolucionou o tratamento dos tumores hipofisários. Diferente das técnicas antigas, ela é feita pelas narinas e não exige abertura do crânio.

“O procedimento utiliza microcâmeras de alta definição, permite melhor visualização das estruturas e reduz dor pós-operatória, riscos e tempo de internação. É minimamente invasivo e muito mais seguro para o paciente”, afirmou.

No Tocantins, essa técnica começou a ser realizada há poucos anos. Segundo o neurocirurgião, o avanço foi possível após capacitação específica das equipes e investimentos em torres endoscópicas, UTI adequada e instrumentais especializados. “Durante muito tempo, os pacientes precisavam viajar para grandes centros. Hoje, conseguimos oferecer o tratamento aqui, com segurança e qualidade”, avaliou.

Apesar do avanço, ele pondera que ainda há desafios. “Existem desigualdades entre as cidades e a manutenção dos equipamentos de alta complexidade é um ponto crítico. Mas o estado progrediu bastante.”

Dr. Fábio Serra realizando o procedimento ao lado dos Drs. Guilherme Solé Sampaio e Eduardo Lemos – Foto: Arquivo pessoal.

Diagnóstico precoce evita complicações graves

De acordo com Dr. Fábio Serra, o diagnóstico precoce reduz impactos irreversíveis, como perda visual permanente e alterações hormonais difíceis de reverter. Ele alerta que sintomas persistentes devem motivar busca por atendimento especializado.

Entre os sinais mais comuns estão visão embaçada, perda da visão lateral, dores de cabeça contínuas, alterações menstruais, impotência sexual, cansaço extremo, ganho ou perda de peso sem causa aparente e pressão alta ou diabetes de difícil controle.

O acompanhamento conjunto entre endocrinologistas, neurocirurgiões e otorrinolaringologistas é considerado essencial. “Esse trabalho multidisciplinar garante avaliação completa, monitora os níveis hormonais e reduz complicações”, explicou.

Tecnologia salva vidas

Para o especialista, o investimento em equipamentos modernos é determinante para ampliar o acesso da população a cirurgias de alta complexidade. “Sem torres endoscópicas, microscópios de qualidade e instrumentais adequados, procedimentos de hipófise não seriam possíveis com segurança. A tecnologia salva vidas e reduz desigualdades”, afirmou.

Dr. Fábio Serra encerrou com um alerta à população: “Não ignore sintomas persistentes. Hoje, a maioria dos tumores de hipófise tem excelente prognóstico quando tratados adequadamente. Cuidar da saúde neurológica e hormonal é investir em qualidade de vida e longevidade.”